RISCO

Bactéria KPC provoca 3ª morte em Americana

Hospital municipal de Americana isola os pacientes infectados por superbactéria para conter surto no local. No total, 11 pessoas foram infectadas

Camila Ferreira
17/03/2016 às 23:07.
Atualizado em 23/04/2022 às 01:24
Direção do Hospital Waldemar Tebaldi, em Americana, isolou pacientes e investiga novas causas de transmissão para combater superbactéria (Cedoc/RAC)

Direção do Hospital Waldemar Tebaldi, em Americana, isolou pacientes e investiga novas causas de transmissão para combater superbactéria (Cedoc/RAC)

A Prefeitura de Americana confirmou nesta quinta-feira (17) a terceira morte neste ano causada pela bactéria KPC (Klebsiella pneumonia e carbapenemase) no Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi. No total, 11 pessoas foram infectadas desde janeiro. O hospital informou que enfrenta um surto e que os pacientes em quadro grave estão isolados. De acordo com o médico Arnaldo Goveia, responsável pelo setor de infectologia do hospital, essa bactéria já vem dando trabalho desde 2014, e aparece em hospitais e escolas. “Em 2014 o surto aconteceu nesse mesmo período, porém, conseguimos extinguir. O motivo daquele ano foi um paciente que veio realizar uma cirurgia de um hospital de Bragança Paulista. Este ano, ainda não sabemos a causa”, explicou. Em relação aos pacientes que morreram, Goveia informou que tratavam-se de pacientes complicados que já estavam na UTI, com a ajuda de aparelhos, e com a infecção acabaram não resistindo. “Uma vez que a pessoa é contaminada, a bactéria se aloja no trato intestinal. E uma vez que ela cai na corrente sanguínea, pode complicar o quadro de outros órgãos do corpo”, reforçou. Esses pacientes da UTI geralmente estão entubados, com cateteres, o que facilita a entrada da bactéria. Dos pacientes infectados, três estão isolados, sendo dois na UTI e um na enfermaria. Cinco que não demonstraram sintomas foram liberados e já estão em casa. A preocupação são os doentes graves, que estão com imunidade baixa. “Apesar do surto, o hospital é pequeno e vamos conseguir controlar a situação. Estamos realizando o isolamento e acompanhando para que os materiais usados neles não sejam reutilizados, mesmo com esterilização”, reforçou. A superbactéria pode se disseminar no ambiente hospitalar, em geral, por meio da transmissão cruzada entre pacientes. “Por isso separamos os pacientes que estão com a bactéria dos demais. Além de separar os profissionais que cuidam deles. Eles só ficam com esses pacientes e usam roupas apropriadas que são constantemente trocadas”, disse o médico. Ainda de acordo com o infectologista, uma característica importante da KPC é que, além de se multiplicar com rapidez, ela tem a capacidade de transmitir para outras bactérias o gene produtor da enzima que destrói os antibióticos. “O paciente é tratado com antibióticos especiais. Porque os comuns para ela não funcionam, ou seja, não têm efeito.” Ele acredita que há a hipótese da bactéria estar circulando na cidade. “Outro problema é que temos um número limitado de opções de antibióticos para trabalhar, o que acaba fortalecendo as bactérias. E as indústrias não investem em estudos de novos”, comenta. SAIBA MAIS As superbactérias são micro-organismos que produzem uma substância (enzimas carbapenemases) que inativam os antibióticos, desenvolvendo assim sua resistência. Elas são, atualmente, as grandes vilãs no combate às infecções hospitalares.

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