Hospital municipal de Americana isola os pacientes infectados por superbactéria para conter surto no local. No total, 11 pessoas foram infectadas
Direção do Hospital Waldemar Tebaldi, em Americana, isolou pacientes e investiga novas causas de transmissão para combater superbactéria (Cedoc/RAC)
A Prefeitura de Americana confirmou nesta quinta-feira (17) a terceira morte neste ano causada pela bactéria KPC (Klebsiella pneumonia e carbapenemase) no Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi. No total, 11 pessoas foram infectadas desde janeiro. O hospital informou que enfrenta um surto e que os pacientes em quadro grave estão isolados. De acordo com o médico Arnaldo Goveia, responsável pelo setor de infectologia do hospital, essa bactéria já vem dando trabalho desde 2014, e aparece em hospitais e escolas. “Em 2014 o surto aconteceu nesse mesmo período, porém, conseguimos extinguir. O motivo daquele ano foi um paciente que veio realizar uma cirurgia de um hospital de Bragança Paulista. Este ano, ainda não sabemos a causa”, explicou. Em relação aos pacientes que morreram, Goveia informou que tratavam-se de pacientes complicados que já estavam na UTI, com a ajuda de aparelhos, e com a infecção acabaram não resistindo. “Uma vez que a pessoa é contaminada, a bactéria se aloja no trato intestinal. E uma vez que ela cai na corrente sanguínea, pode complicar o quadro de outros órgãos do corpo”, reforçou. Esses pacientes da UTI geralmente estão entubados, com cateteres, o que facilita a entrada da bactéria. Dos pacientes infectados, três estão isolados, sendo dois na UTI e um na enfermaria. Cinco que não demonstraram sintomas foram liberados e já estão em casa. A preocupação são os doentes graves, que estão com imunidade baixa. “Apesar do surto, o hospital é pequeno e vamos conseguir controlar a situação. Estamos realizando o isolamento e acompanhando para que os materiais usados neles não sejam reutilizados, mesmo com esterilização”, reforçou. A superbactéria pode se disseminar no ambiente hospitalar, em geral, por meio da transmissão cruzada entre pacientes. “Por isso separamos os pacientes que estão com a bactéria dos demais. Além de separar os profissionais que cuidam deles. Eles só ficam com esses pacientes e usam roupas apropriadas que são constantemente trocadas”, disse o médico. Ainda de acordo com o infectologista, uma característica importante da KPC é que, além de se multiplicar com rapidez, ela tem a capacidade de transmitir para outras bactérias o gene produtor da enzima que destrói os antibióticos. “O paciente é tratado com antibióticos especiais. Porque os comuns para ela não funcionam, ou seja, não têm efeito.” Ele acredita que há a hipótese da bactéria estar circulando na cidade. “Outro problema é que temos um número limitado de opções de antibióticos para trabalhar, o que acaba fortalecendo as bactérias. E as indústrias não investem em estudos de novos”, comenta. SAIBA MAIS As superbactérias são micro-organismos que produzem uma substância (enzimas carbapenemases) que inativam os antibióticos, desenvolvendo assim sua resistência. Elas são, atualmente, as grandes vilãs no combate às infecções hospitalares.