coronavírus

Avanço do Covid-19 decreta pandemia

O anúncio surge quando há mais de 120 países com casos declarados de infecção. Ontem, o Ministério da Saúde divulgou uma atualização do seu boletim

Das agências France Press e Brasil
12/03/2020 às 07:42.
Atualizado em 29/03/2022 às 17:45

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, declarou ontem que a organização elevou o estado da contaminação pelo novo coronavírus como pandemia. O anúncio surge quando há mais de 120 países com casos declarados de infecção. Ontem, o Ministério da Saúde divulgou uma atualização do seu boletim sobre pacientes infectados no Brasil. São 52 casos confirmados — eram 34 na terça-feira —, 907 suspeitos e 935 descartados. A mudança de classificação do Covid-19 não se deve à gravidade da doença, e sim à disseminação geográfica rápida. "A OMS tem tratado da disseminação em uma escala de tempo muito curta, e estamos muito preocupados com os níveis alarmantes de contaminação e, também, de falta de ação (dos governos)", afirmou Adhanom no painel que trata das atualizações diárias sobre a doença. "Por essa razão, consideramos que o Covid-19 pode ser caracterizado como uma pandemia", explicou durante a conferência de imprensa em Genebra. Adhanom disse que mudança ocorre depois que, nas últimas duas semanas, o número de casos fora da China se multiplicou por 13. Para evitar criar pânico, ele acrescentou, "não podemos dizer isto de forma mais clara ou contundente. Todos os países podem mudar o curso desta pandemia". "Estamos nisto juntos e precisamos de fazer com calma aquilo que é necessário", frisou o responsável da OMS. O diretor-geral para situações de emergência, Mike Ryan sublinhou que a utilização da palavra "pandemia" é meramente descritiva da situação e "não altera em nada aquilo que estamos fazendo". O número de pessoas infectadas com Covid-19 no mundo atingiu ontem a marca de 124.101, das quais 4.566 morreram em 113 países e territórios. No dia anterior foram diagnosticadas 6.761 novas infecções e 315 mortes. A China (sem os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia foi declarada no final de dezembro, adicionou 80.778 casos, com 3.158 mortes. Entre terça e ontem, 24 novos casos e 22 mortes foram registrados no país asiático. No resto do mundo, foram registrados 4.323 casos de pessoas infectadas (6.737 novas infecções), dos quais 1.408 morreram (293 novos). Os países mais afetados depois da China são Itália (12.462 casos, dos quais 2.313 novos, 827 mortos), Irã (9.000 casos dos quais 958 novos, 354 mortos), Coreia do Sul (7.755 casos, dos quais 242 novos, 60 mortos), Espanha (2.128 casos, dos quais 506 novos, 47 mortos). Desde terça-feira, Albânia, Suécia, Irlanda, Bélgica, Panamá e Bulgária registraram seus primeiros casos fatais. Brunei, Honduras, Bolívia, Costa do Marfim, Turquia, anunciaram casos pela primeira vez em seu território. A Ásia adicionou 90.535 infecções (3.236 mortes), a Europa 22.307 (930), o Oriente Médio 9.876 (364), Estados Unidos e Canadá 989 (29), a América Latina e Caribe 148 (2), Oceania 129 (3) e a África 117 (2). Indaiatuba investiga duas novas suspeitas de contaminação A Prefeitura de Indaiatuba informou no começo da tarde de ontem que passou a investigar mais dois casos suspeitos do novo coronavírus (Covid-19) em duas moradoras da cidade. Uma delas tem 41 anos e retornou de uma viagem a Dubai recentemente. O outro caso é o de uma mulher, de 31 anos, que trabalha em uma empresa aérea e voltou dos Estados Unidos. As duas pacientes foram atendidas pela rede particular, apresentaram os sintomas da doença e estão em isolamento domiciliar de 14 dias. Esse é o terceiro caso suspeito do novo coronavírus no município. Além deles, a Secretaria de Saúde de Indaiatuba informou que acompanha, desde a última segunda-feira, a situação de uma mulher, de 33 anos, que voltou de uma viagem realizada para Israel e Estados Unidos no dia 5 de março. Ele teve quadro gripal, passou por atendimento em um hospital particular em Salto (SP) e está em isolamento domiciliar. Ao todo, Região Metropolitana de Campinas (RMC) conta agora com 25 casos suspeitos da doença, sendo 11 em Campinas, sete em Vinhedo, três em Americana e em Valinhos, além de um outro caso isolado em Hortolândia.  Na tarde de ontem, o Prefeito de Campinas Jonas Donizette (PSB), anunciou a criação de um Comitê de Enfrentamento do Covid-19, que vai funcionar diretamente no gabinete do prefeito. Jonas disse que o comitê vai reunir representantes de diversas secretarias como Saúde, Educação, Esportes e Serviços Públicos, para a adoção de medidas que eventualmente sejam consideradas de emergência. Segundo ele, desde que o problema surgiu na China, a Secretaria Municipal de Saúde tem tomado todas as providências preconizadas pelas autoridades sanitárias e vai continuar com esses procedimentos. “Lembramos que ainda não há nenhum caso confirmado em Campinas, mas tomamos essa medida de criar o comitê como uma forma de precaução”, explicou o prefeito. Jonas disse também que está preparando uma reunião da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) — entidade da qual é presidente — com representantes do Ministério da Saúde, para tratar do assunto. (Henrique Hein/Da Agência Anhanguera) NAS ESCOLAS O ministro da Educação, Abraham Weintraub, divulgou em sua conta no Twitter um vídeo no qual apresenta conselhos para gestores educacionais lidarem com uma eventual situação de alastramento do coronavírus no Brasil. No vídeo, ele recomenda que instituições de ensino trabalhem com planos de contingência. O ministro sugeriu ainda aulas remotas, pela internet, como forma de evitar aglomerações. Diante do avanço do novo coronavírus, representantes do Ministério da Saúde discutem a possibilidade de apresentar proposta para que escolas adiantem o período de férias de dezembro para os meses de Inverno. "Quando eu saio de casa, eu torço para não bater o carro, mas eu ponho o cinto de segurança. Caso haja um acidente, os danos vão ser mínimos. Por parte do Ministério da Educação, nós já estamos nos preparando, sempre orientados pelo Ministério da Saúde para, caso venha acontecer qualquer coisa, os danos sejam os menores possíveis", disse Weintraub. Hospital registra 16 casos num único dia O Hospital Israelita Albert Einstein, an Capital, informou que confirmou, somente ao longo de ontem, 16 novas infecções pelo Covid-19. Entre os novos infectados estão dois funcionários do Itaú-Unibanco, que confirmou ontem os resultados positivos dos exames. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, desde o início da circulação do vírus no País, 38 infecções já foram confirmadas no hospital, mas 22 já haviam sido informadas ao governo.  A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo registrou ontem 30 casos confirmados do novo coronavírus. Destes, 29 residem na Capital e um em Santana do Parnaíba. Os novos casos registrados hoje têm histórico de viagem a países com transmissão local do vírus ou contato com pessoa com Covid-19. Estão estáveis e em isolamento domiciliar. O Estado também registra 263 casos suspeitos e 320 descartados. O governo não descarta suspender as aulas na USP depois da confirmação de um caso de coronavírus na universidade. (Das agências) Balanço aponta para 52 infectados e 907 investigados O número de casos confirmados de coronavírus no Brasil chegou a 52. O novo balanço foi divulgado pelo Ministério da Saúde no fim da tarde de ontem, na segunda atualização publicada no dia. O novo levantamento marca um pulo de 15 casos em relação ao divulgado mais cedo, quando o sistema da pasta havia contabilizado 37 casos. A maioria das novas pessoas infectadas veio de São Paulo, que saiu de 19 no balanço mais cedo para 30. O Rio de Janeiro foi de 10 para 13 casos confirmados. Brasília subiu de uma para duas pessoas nessa situação. Além desses estados, já tiveram casos identificados a Bahia e o Rio Grande do Sul (2), além de Alagoas, Minas Gerais e Espírito Santo (1). Entre as duas atualizações, os casos suspeitos saíram de 876 para 907. Já os casos descartados também aumentaram, de 880 para 935. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), disse ontem que o Congresso Nacional deve liberar R$ 5 bilhões, via emendas feitas ao Orçamento, para o enfrentamento ao novo coronavírus. O valor é parte dos cerca de R$ 15 bilhões que serão indicados pelo relator do Orçamento, deputado Domingos Neto (PSD-CE). "Muito obrigado ao presidente (da Câmara) Rodrigo Maia por ter sensibilizado todos os líderes a liberar essas emendas do relator", disse Mandetta em comissão da Câmara que debate o confronto à doença. Mandetta disse que o Brasil está na fase de "recomendações" sobre a doença, mas que pode partir para "determinações", conforme o número de casos aumentar. O ministro reconheceu que a pasta irá precisar de recursos para enfrentar a doença. Ele citou o investimento de R$ 900 milhões para aumentar de cerca de 1,5 mil para 6,7 mil o número de postos de saúde que atendem em horário estendido. Segundo Mandetta, o governo ainda avalia medidas restritivas mais rígidas sobre a doença, como evitar o contato social para pessoas acima de 60 anos ou com doença crônica, estimular o trabalho home office ou mudar regras sobre falta ao emprego e atestado médico. Presidente O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que ainda deve conversar com o ministro da Saúde sobre a situação do surto de coronavírus. "Vou ligar para o Mandetta. Eu não sou médico, eu não sou infectologista. O que eu ouvi até o momento, outras gripes mataram mais do que essa", disse. Questionado se a disseminação da Covid-19 poderia atrapalhar a convocação para as manifestações do próximo domingo, o presidente não respondeu e negou ter convocado a população para os atos. "Eu não convoquei ninguém, pergunta para quem convocou", declarou. (Agência Brasil)

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