Cidades vivem explosão da doença, com aumento de 644% no número de casos
Os casos de dengue explodiram na Região Metropolitana de Campinas (RMC) neste ano em relação a 2012, e as perspectivas é de que o quadro piore ainda mais com a chegada do Verão. Não houve registros de mortes este ano, mas em algumas cidades a quantidade de infectados pelo vírus da dengue chega a ser dez, 20 e até 30 vezes maior do que no ano passado. Assim como no Estado de São Paulo, toda a região de Campinas está em situação de alerta. Na tentativa de minimizar as consequências, os municípios intensificaram as ações de combate e os serviços de saúde pedem a colaboração da população na eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença.Agentes de Saúde de Jaguariúna buscam criadouros do Aedes aegyptiO município de Indaiatuba é um dos que registrou grande aumento no número de casos, passando de 26 em 2012 para 762 este ano, o correspondente a 2.692%. Engenheiro Coelho saltou de três para 494 (16.366%). Nova Odessa passou de sete para 71 casos (2.342%) e Campinas pulou de 981 casos para 6.793, um aumento de 610%. Dos municípios que apresentaram os dados, Santo Antonio de Posse foi o único que apareceu na direção contrária, com queda nos casos de dengue este ano, passando de 95 no ano passado para 60 de janeiro a novembro deste ano. Em Campinas, as regiões mais afetadas foram as regiões Sul, Noroeste e Norte e, atualmente, continua havendo transmissão na região Noroeste — área de abrangência do Jardim Florence. Em Jaguariúna, segundo apontou o Mapa do Ministério da Saúde, os bairros Nassif, Dom Bosco e Parque Florianópolis foram considerados os mais críticos em relação a focos nas residências.O aumento expressivo do número de casos na Região Metropolitana de Campinas ao longo do ano foi atribuído à não interrupção da transmissão no período de Inverno. “Praticamente não tivemos Inverno. Não tivemos um período definido. O clima foi quente e isso contribuiu para a proliferação do mosquito”, explicou a diretora da vigilância epidemiológica regional de Campinas Márcia Pacola. Predominaram os vírus tipo 1 e tipo 4. Este último passou a circular este ano, o que tornou muita gente suscetível a contrai-lo. “Como já tivemos muitas epidemias na região já houve a contaminação pelos vírus 1, 2 e 3. O 4 é novo e toda a população está suscetível a ele”, disse.A notícia positiva é que não houve registro de mortes este ano, e a ruim é que a tendência é de que os casos de dengue aumentem com a temporada de chuvas, período em que o mosquito transmissor da dengue encontra condições favoráveis para se procriar: calor, umidade e locais com água limpa e parada para colocar seus ovos. E a preocupação com os meses de chuva que se aproximam é grande. “Estamos muitíssimos preocupados com o próximo Verão. No dia 26 de novembro vamos participar de reunião com as cidades da RMC para apresentar o panorama entre os prefeitos e mostrar que a preocupação é grande em relação a dengue”, afirmou Márcia.Muitos dos municípios já desencadearam ou intensificaram as ações de controle da dengue. “A equipe da Saúde de Campinas trabalha constantemente nas atividades ‘casa a casa’ ou de visitas domiciliares; monitoramento de imóveis especiais (escolas, hospitais, cemitérios entre outros) e pontos estratégicos (como borracharias, ferros velhos etc); além disso realiza a busca ativa de suspeitos e positivos de dengue e faz arrastões aos sábados com apoio do DLU”, explicou Brigina Kemp, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde. Neste final de semana Jaguariúna vai promover arrastão contra a dengue nos bairros Nassif, Dom Bosco e Vila Guilherme, das 8h às 16h.As secretarias, os especialistas e gestores de saúde orientam a população a colaborar no controle, já que na região Sudeste a maior parte dos criadouros está nas casas. “Pedimos que a população intensifique as ações, fazendo a limpeza das calhas, eliminando todos os criadouros dos quintais, do jardim”, ressaltou Márcia Pacola. No surgimento de algum dos sintomas da dengue não demore a procurar o serviço médico, pois quanto maior a demora, maior também é o risco de agravamento da doença.Recuperação lenta“Só mesmo quem tem dengue e passa pela situação tem noção do quanto é ruim e do quanto a gente fica mal.” A frase é da gerente de comunicação Luciana Oliveira, que contraiu dengue em abril deste ano, na véspera do aniversário. Foram 15 dias de molho em casa, sem poder trabalhar e tentando curar as dores e o mal estar provocados pela dengue. “Fiquei totalmente entregue à doença, não conseguia me locomover e tinha uma cansaço absurdo e febre altíssima”, relata. Luciana Mora em Itatiba, mas passa o dia todo em Campinas, onde trabalha. O caso foi registrado em Itatiba, onde passou por exames e teve a confirmação. “A equipe de saúde foi a minha casa, mas não tinha foco.” Apesar de se recuperar em 15 dias, foram precisos dois meses para se reabilitar totalmente. “Onde vou agora, olho se tem água parada. É algo que infelizmente não depende só da gente para que haja o controle e só depois que você enfrenta a doença você começa perceber que a história de que também depende do vizinho é real.”Jaguariúna e Sumaré As cidades de Jaguariúna e Sumaré aparecem no Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa), realizado entre 1 outubro e 8 de novembro deste ano em 1.315 cidades brasileiras. O mapa tem como objetivo identificar onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito transmissor da doença. Do total de municípios pesquisados, 157 estão em situação de risco para a doença, outros 525 em alerta e 633 cidades com índice satisfatório. Nos municípios classificados em situação de risco, mais de 4% dos imóveis pesquisados apresentaram larvas do mosquito. É considerado estado de alerta quando os imóveis pesquisados apresentam índice entre 1% a 3,9% e satisfatório quando fica abaixo de 1%.Além de ajudar a identificar os bairros em que há mais focos de reprodução do mosquito, o LIRAa também aponta o perfil destes criadouros. Segundo o Ministério da Saúde, 37,5% dos focos estão em formas de armazenamento de água, 36,4% em espaços em que o lixo não está sendo manejado adequadamente e 27,9% em depósitos domiciliares. Esse panorama varia entre as regiões. Enquanto na região Sudeste, 47,9% dos focos estão dentro das residências, no Nordeste e no Norte o armazenamento de água é a principal fonte de preocupação, com índice de 75,9% e 37,5%, respectivamente. Já o Sul e o Centro-Oeste têm no armazenamento de lixo o principal desafio, com taxas de 81,2% e 49,7%, respectivamente.Para intensificar as ações de vigilância, prevenção e controle da dengue, o Ministério da Saúde decidiu dobrar o volume de recursos adicionais que serão repassados a todos os estados e municípios brasileiros. Portaria autorizando o repasse de R$ 363,4 milhões foi assinada terça-feira pelo ministro Alexandre Padilha. Os recursos são para incrementar os investimentos realizados nas ações de vigilância em saúde, que somam R$ 1,2 bilhão, sem o montante adicional.Sintomas- Febre alta com início súbito- Forte dor de cabeça- Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos mesmos- Perda do paladar e apetite- Manchas avermelhadas pelo corpo- Náuseas e vômitos- Tonturas- Extremo cansaço- Moleza e dor no corpo- Muitas dores nos ossos e articulações