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Automobilística acende uma luz no fim do túnel

Exportações da indústria do segmento na RMC sobem 39,8%

Gilson Rei
14/08/2020 às 07:44.
Atualizado em 28/03/2022 às 18:26
No último mês houve exportação de US$ 15,67 milhões, equivalente a R$ 84 milhões, apenas em Indaiatuba (Divulgação)

No último mês houve exportação de US$ 15,67 milhões, equivalente a R$ 84 milhões, apenas em Indaiatuba (Divulgação)

A indústria de automóveis surge como uma luz no fim do túnel em tempos de pandemia na Região Metropolitana de Campinas (RMC). As exportações de automóveis fabricados na RMC tiveram aumento de 39,8% em julho deste ano, comparado à igual período de 2019. O desempenho do setor, que vinha apresentando quedas desde o início do ano, ajudou a contrabalancear o resultado da balança comercial da região, que mesmo com as melhoras nas exportações de automóveis, fechou julho com déficit, considerando todo o setor industrial. Os dados foram divulgados ontem pelo Observatório PUC-Campinas. O professor Paulo Oliveira, economista do Observatório PUC-Campinas, explicou que as exportações de automóveis foram alavancadas em julho deste ano pelas vendas ao exterior realizadas pelo município de Indaiatuba, onde está instalada a fábrica da Toyota. Já em julho do ano passado, as exportações de autos foram executadas pelos municípios de Sumaré e Indaiatuba. Em julho deste ano houve a exportação de U$ 15,67 milhões (equivalente a R$ 84 milhões), feito exclusivamente em Indaiatuba. No mesmo mês do ano passado as exportações foram de U$ 11,21 milhões (equivalente a R$ 60 milhões), realizadas em Sumaré e Indaiatuba. Com isto, houve um aumento de 39,8%, comparando-se os dois períodos. As exportações de automóveis realizadas por Indaiatuba neste ano foram para a Argentina (U$ 7,5 milhões); Colombia (U$ 4,82 milhões); Peru (U$ 1,36 milhão); Chile (U$ 0,83 milhão); Uruguai (U$ 0,73 milhão); Equador (U$ 0,24 milhão); e Paraguai (U$ 0,19 milhão). Oliveira avaliou que a notícia é animadora porque, além das montadoras de automóveis, toda a cadeia automobilística emprega milhares de profissionais no mercado da RMC, principalmente nas empresas de autopeças. “É um dado positivo e um respiro perto dos indicadores do ano passado, que já vinham na média de 60% de quedas nas exportações da região”, disse. As exportações poderiam ser até maiores. “Poderia até ser melhor, pois neste ano a Honda de Sumaré, fez uma redistribuição em sua logística de exportação, onde parte da produção foi para outros municípios do País e isto acabou contribuindo também com a queda das exportações de veículos que eram feitas apenas por Sumaré e entravam na contabilidade da RMC”, explicou. Dentre os U$ 11,21 milhões exportados em julho de 2019; o município de Sumaré respondeu por U$ 8 milhões e Indaiatuba pelo restante. Segundo Oliveira, as vendas externas da RMC para o Mercosul neste ano devem-se principalmente pela reposição de estoque de veículos. “A reposição ocorre principalmente na Argentina, pois a produção de alguns tipos de veículos é nula ou quase nula. Por isto, há uma certa dependência da oferta dos automóveis fabricados no Brasil em toda a América do Sul”, afirmou. Observatório aponta déficit de US$ 733 mi Apesar do resultado positivo dos automóveis, a RMC fechou o mês de julho com déficit de US$ 733 milhões. Segundo dados do Observatório PUC-Campinas, o descompasso entre as importações e as exportações no mês gerou um déficit comercial de US$ 4,8 bilhões. As vendas externas de julho deste ano foram positivas na região em apenas quatro setores: automóveis (39,8%); açúcar (168%); algodão (479%) e agroquímicos (7,19%). Paulo Oliveira, economista do Observatório PUC-Campinas, avaliou que a atual conjuntura demonstra que a RMC passa pela pior crise externa da história recente. Com US$ 301,74 milhões vendidos ao exterior, a região apresentou o pior desempenho para o mês de julho em dez anos. “Além disso, a participação nas exportações do Estado de São Paulo, de 7,14%, corresponde ao segundo pior patamar da série”, acrescentou. Outro ponto importante, segundo o professor, é que a queda nas exportações está concentrada em produtos de alta e média-alta complexidade econômica, prejudicando a oferta de empregos mais qualificados. “Produtos considerados complexos requerem maior sofisticação tecnológica das estruturas produtivas, além de conhecimento para sua fabricação. Desta forma, costumam exigir mão-de-obra mais qualificada, oferecendo maiores salários”, explicou. De janeiro a julho, a RMC importou US$ 6,75 bilhões e exportou US$ 1,87 bilhão. Neste período, comparando-se ao ano passado, houve queda nas exportações para todos os principais países parceiros, sobretudo Estados Unidos (-63,59%) e Argentina (-63,82). Também caíram, no mesmo intervalo, as compras (importações) de parceiros comerciais importantes, como China (-49,33%) e EUA (-46%).

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