Uso do álcool sem cuidado na pandemia amplia em 83% os atendimentos no CTQ
O Centro de Tratamento de Queimaduras completará cinco anos (Divulgação)
Os atendimentos por queimaduras graves provocadas por álcool líquido ou em gel aumentaram 83% neste período de pandemia por Covid-19, no Centro de Tratamento de Queimaduras (CTQ) do Hospital Irmandade de Misericórdia de Campinas. Flavio Nadruz Novaes, coordenador do CTQ, alertou sobre os cuidados que as pessoas devem ter no manuseio do álcool, um dos principais causadores de queimaduras graves. “Os casos de queimaduras graves neste período de pandemia cresceram em todo o País e medidas preventivas simples podem evitar”, comentou. Dentre as dicas, as pessoas devem deixar o álcool longe do fogo e evitar que crianças acessem com facilidade os frascos ou litros. Novaes destacou a importância do uso racional deste produto. “A pandemia trouxe o álcool de volta para casa por necessidade, mas é muito importante o uso responsável”, alertou. “Muita gente está estocando álcool em galões para usar na limpeza, mas deve ter muito cuidado no manuseio. Não deve usar também próximo do fogo”, comentou. Os dados do Centro de Queimados revelam que entre janeiro e outubro houve um aumento médio de 83% nas ocorrências de queimaduras com o produto. “No ano passado, 20% a 30% dos atendimentos eram por conta do álcool e atualmente representam 60% dos casos”, comentou Novaes. A informação foi dada ontem em uma live do prefeito Jonas Donizette (PSB), que fez homenagem ao Centro de Queimados por ter completado 684 atendimentos de alta complexidade no mês passado. A unidade, que completará cinco anos de funcionamento, presta atendimento de pacientes de Campinas e de outros 50 municípios, sendo 85% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O CTQ foi criado com investimento privado, de empresas da cidade, por meio de parcerias público-privadas, sendo abrigado dentro do hospital Irmandade de Misericórdia de Campinas. Novaes lembrou que o Centro conta com uma das estruturas mais completas no País, de acordo com o Ministério da Saúde. “O prédio foi reformado com um cuidado técnico muito grande, respeitando que estávamos em um ambiente hospitalar”, disse. O serviço de alta complexidade é responsável por atender casos graves de pacientes com queimaduras que antes necessitariam viajar quilômetros para ter acesso a um leito específico. A unidade também possui um trabalho formativo com alunos da graduação, residentes e várias atividades de ensino. Realiza ainda ações de prevenção em instituições de ensino e é uma das12 unidades do Brasil a participarem do Serviço Nacional de Transplantes.