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Atraso nos repasses suspende as pesquisas

A unidade - fundada ainda na década de 80 - é reconhecida pelo desenvolvimento de sistemas que ajudaram a modernizar a produção industrial brasileira

Rogério Verzignasse
21/05/2018 às 07:23.
Atualizado em 28/04/2022 às 09:24
Mammana, diretor do CTI: centro de pesquisas sofre os efeitos da crise econômica que afeta todo o setor (Cedoc/RAC)

Mammana, diretor do CTI: centro de pesquisas sofre os efeitos da crise econômica que afeta todo o setor (Cedoc/RAC)

O atraso dos repasses para custeio preocupa a direção do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (o CTI), tradicional instituto de pesquisa mantido em Campinas pelo governo federal. A unidade - fundada ainda na década de 80 - é reconhecida pelo desenvolvimento de sistemas que ajudaram a modernizar a produção industrial brasileira. Apesar de ter garantido um orçamento anual de R$ 6,47 milhões para este ano, o CTI requisitou há dois meses uma suplementação de R$ 1,6 milhão para garantir o próprio custeio. Sem o dinheiro, considerado indispensável, a instituição se vê obrigada a cortar despesas, demitindo profissionais e condicionando suas ações de pesquisa e desenvolvimento ao fechamento de contratos específicos e parcerias. O momento atual é difícil: nada menos que 50 pesquisadores já perderam seus empregos na instituição somente neste ano. A reportagem da AAN conseguiu junto a diretores da entidade a informação de que as verbas já disponibilizadas garantem o pagamento de salários para 113 servidores ativos, que hoje desenvolvem pelo menos 30 projetos. É certo, no entanto, que as pesquisas tendem a sofrer atrasos - e até ser paralisadas - no momento em que os profissionais deixarem de receber. Um fato já é admitido pela direção: o CTI perde cérebros. Seus especialistas buscam novas colocações no mercado ou ou recebem propostas salariais mais atraentes de institutos privados de pesquisa. O público em geral talvez não consiga se dar conta da importância dos projetos criados e desenvolvidos pelo CTI. A tecnologia que nasce ali não beneficia apenas as linhas industriais de produção: elas se refletem também em qualidade de vida para o cidadão comum. Para se ter uma ideia do que representa o atraso dos repasses, a falta de recursos já suspendeu temporariamente as pesquisas de um projeto de tecnologia assistida em benefício de pessoas deficientes. Na prática, estão paralisados os estudos que desenvolviam novas próteses e órteses. O diretor do CTI, Victor Mammana, foi procurado pela reportagem para comentar o atraso no repasse de verbas complementares. Ele afirmou que o centro campineiro de pesquisas sofre, de maneira geral, os efeitos de uma crise econômica que afeta todo o setor. A situação, disse, não se limita ao CTI. Ainda assim, o diretor se mantém otimista. Ele cita, por exemplo, o contrato pontual que garante verbas atualmente para um projeto de tecnologia de telecomunicação. “Enquanto aguardamos o repasse do governo federal, vamos nos garantindo com as parcerias privadas”, disse.

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