Espaço cultural que aguarda recuperação será abraçado amanhã, às 10h, em protesto simbólico
Jovens descansam em banco diante do complexo cultural que é referência artística em Campinas, mas que se encontra abandonado: retrato interno é de deterioração acentuada (Leandro Ferreira)
O Centro de Convivência Cultural será abraçado amanhã, às 10h, no Dia Nacional do Patrimônio. O prédio foi escolhido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAC) como forma de chamar a atenção para a necessidade urgente de recuperação desse patrimônio, que está interditado desde dezembro de 2011 devido à precariedade da edificação. O evento faz parte da mobilização nacional “O Brasil abraça seu patrimônio cultural”, promovida pelo IAB. O conselheiro do IAB, Alan Cury, disse que a ideia do abraço no Convivência visa manter o patrimônio na mídia, para evitar que caia no esquecimento. Ele lembrou que os recursos para a obra já existem e o projeto de recuperação está pronto. “Falta abrir licitação para a obra e começar o trabalho”, disse. Os recursos necessários à obra foram autorizados pelo governo do Estado em abril. O custo é de R$ 40,1 milhões, dos quais R$ 38,3 milhões são do governo do Estado e R$ 1,8 milhão, de contrapartida da Prefeitura. O recurso é parte da verba estadual que estava destinada à construção do Teatro de Ópera Carlos Gomes, no Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, projeto que foi arquivado. Apesar de autorizados, os recursos não estão disponíveis. A Prefeitura aguarda o parecer do Estado sobre o projeto, disse o secretário de Cultura, Ney Carrasco. Segundo ele, é parte das regras do convênio que autorizou o investimento a análise do projeto. “Enviamos toda a documentação pedida e estamos aguardando o retorno para poder lançar a licitação”, informou. Não há prazo para isso. Cenário de degradação Há muita obra a ser feita no edifício projetado pelo arquiteto Fábio Penteado. Há fios expostos, ligações de energia clandestinas, goteiras, muita umidade no chão e nas paredes devido a infiltração no local, e até esgoto a céu aberto. Do lado de fora, os problemas também são visíveis. Os pilares localizados próximos à entrada onde funcionava o setor administrativo da Orquestra Sinfônica possuem rachaduras e o chão já cedeu. Etapas da reforma A obra ocorrerá em duas fases. Na primeira, ocorrerão os serviços preliminares, como demolições, tratamento de fissuras e rachaduras no concreto, tratamento de juntas, impermeabilização e recuperação da laje de concreto, drenagem, ampliação do palco, vedações, manutenção das instalações elétricas e hidráulicas, dos revestimentos, impermeabilização da arquitetura e instalação de elevadores de carga e social. Na segunda fase, ocorrerá a instalação do sistema de climatização, exaustão e ar-condicionado, acústica, cenotecnia, áudio e vídeo, automação, luminotécnica e limpeza geral. Reforma preserva o projeto original de Fábio Penteado O projeto de reforma do Centro de Convivência Cultural inclui adequação de usos, acessos e circulações e preserva o projeto original de Fábio Penteado. As salas de máquinas de todos os sistemas de apoio do Centro Cultural serão mantidas e readequadas com novos equipamentos. Os sistemas existentes de troca e condicionamento do ar, infraestrutura elétrica, iluminação e segurança contra incêndios, deverão ser completamente removidos para substituição. As aberturas secundárias entre os Blocos B (bar/café) e T (onde estão o teatro, camarins, sanitários, administração da Orquestra, sala de ensaio) serão reativadas para facilitar o acesso do público ao teatro e complementar as rotas de fuga. Haverá substituição geral dos guarda-corpos e corrimãos metálicos existentes e que se apresentam fora de norma. De acordo com o projeto, todos os sanitários foram revisados para a adaptação da normatização de acessibilidade. Os sistemas elétricos e hidráulicos deverão ser refeitos. Os revestimentos existentes de pisos, paredes e forros que se encontram deteriorados serão removidos para substituição e aplicação de novos revestimentos, respeitando sempre as especificações e as características formais e de texturas originais e os pisos originais em granilite das galerias e no interior dos blocos devem ser restaurados, mantendo as suas características de cor e textura. Os painéis artísticos presentes nas paredes do Centro de Convivência serão removidos e reinstalados na parede do Bloco T (parede de entrada ao teatro), acrescido de iluminação e arquitetura de um artista local, visando criar um memorial formalmente estruturado para a lembrança do antigo teatro. Será feita nova impermeabilização da cobertura e substituição da laje de forro. O palco existente, que não é original, será removido, liberando espaço da galeria para o anel de circulação geral do complexo. Um novo palco menor será construído para pequenas apresentações. O mezanino do bar deverá ser reativado para uso público e poderá ser utilizado pelo próprio café ou para eventos do tipo exposições e instalações artísticas e pequenos workshops.