OCUPAÇÃO

Ato de moradores da Vila Soma pede regulamentação

Encontro contou com participação de líderes comunitários, professores e juristas que defendem solução definitiva para 2.700 famílias que moram na área

Thaís Jorge
15/05/2016 às 15:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:35
Mobilização em defesa da regularização da Vila Soma, em Sumaré, na manhã deste domingo (15) (César Rodrigues/AAN)

Mobilização em defesa da regularização da Vila Soma, em Sumaré, na manhã deste domingo (15) (César Rodrigues/AAN)

Moradores da Vila Soma voltaram a se mobilizar e a cobrar no domingo a regularização da área ocupada em Sumaré. Mais de 2,7 mil famílias vivem no local. De acordo com um dos líderes organizadores do movimento, William Souza, o local precisa de uma urbanização. “Aqui, luta-se todos os dias. Lutamos porque precisamos de ônibus, porque precisamos de água, de condições básicas de vida. Lutamos para encontrar um emprego, porque ninguém quer empregar quem mora na ocupação”, disse. Souza colhe assinaturas para um manifesto que pede a desapropriação da área por interesse público. “É um parecer extremamente técnico, baseado em pesquisas de coletivos sociais e com dados que comprovam a real possibilidade de fazer isso. Se dependermos do poder público municipal, nunca será possível. Mas a união popular funciona mais que um poder público, e estamos provando isso”, afirmou. “Nunca houve interesse da prefeitura em regularizar essa área. Não há diálogo com eles. Então precisamos nos organizar”, afirma. Entre os intelectuais apoiadores e presentes no ato, estava o professor da faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) Marcos Orione. “Na USP, discutimos muito a questão vivenciada pelos moradores aqui da Soma. E é um dos casos de conflito com relação à moradia pública mais representativos do País. Juridicamente falando, o caminho com certeza é a desapropriação da área por interesse público. É ainda melhor do que a utilização do programa Minha Casa Minha Vida. Gasta-se menos verba pública e é a solução mais correta”, disse o professor. Moradores Enquanto não se chega a uma decisão definitiva com relação à regularização da área, quem sofre é a população. Para a desempregada Roselaine Rosa da Silva, de 38 anos e que mora na ocupação há quatro anos, os problemas com necessidades básicas do dia a dia são os que mais afetam a rotina. “Nosso abastecimento de água é só por caminhão-pipa. O lixo também fica todo acumulado, porque lixeiro não vem buscar. Eu acredito que se houvesse uma proposta para sairmos dessa situação e regularizar aqui, os moradores com certeza se uniriam para fazer tudo o que estivesse ao nosso alcance para ajudar. Não podemos sair daqui. Não temos pra onde ir”, disse. Reintegração No início deste ano, a Justiça determinou a reintegração de posse no local, o que causou um clima de tensão entre os moradores e dezenas de protestos. A ordem de desocupação acabou sendo suspensa, no entanto, pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandoswki. O Ministro entendeu que o imediato cumprimento da operação de retirada dos ocupantes poderia causar sérios conflitos entre população e Polícia Militar. Ele ainda citou os exemplos dos episódios recentes da desocupação da área do Pinheirinho, em São José dos Campos (em que milhares de pessoas ficaram feridas), e de um antigo prédio na Avenida São João, na Capital paulista, para destacar o risco de conflito social. Os moradores conseguiram permanecer no local, mas a situação é indefinida.  Leia Também https://correio.rac.com.br/2016/01/campinas_e_rmc/408229-ocupacao-vila-soma-vive-alivio-e-inicia-revistas.html https://correio.rac.com.br/2016/01/campinas_e_rmc/408084-stf-suspende-reintegracao-de-posse-da-vila-soma.html

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