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Ato cobra políticas contra racismo

Estudantes de PUC-Campinas e Unicamp realizaram na noite de segunda-feira uma nova manifestação contra os dois episódios de racismo ocorridos

Da Agência Anhanguera
23/10/2019 às 07:57.
Atualizado em 30/03/2022 às 14:18

Estudantes de PUC-Campinas e Unicamp realizaram na noite de segunda-feira uma nova manifestação contra os dois episódios de racismo ocorridos entre os meses de setembro e outubro e que envolveram alunos do curso de Direito da PUC-Campinas. Um grupo de aproximadamente 400 estudantes fez passeata pelo Campus I, gritou palavras de ordem e, em ato público, chamou a atenção das duas instituições para a adoção de políticas de combate ao preconceito racial e implantação de ações afirmativas. O primeiro caso de racismo ocorreu durante um sarau organizado no curso de Ciências Sociais da PUC, quando um aluno de Direito imitou macaco no momento em que uma estudante negra declamava um poema. Menos de um mês depois, manifestações consideradas racistas de torcedores provocaram a interrupção de uma partida de futebol entre um time de Direito da PUC-Campinas e da Liga Campineira de Universitários. "Nós queremos pressionar as reitorias a adotarem políticas institucionalizadas de combate ao racismo", disse o estudante Matheus Alves Albino, mestrando em Demografia pela Unicamp e coordenador-geral da Associação de Pós-Graduandos da universidade. "Precisamos de uma política mais estruturada, porque a gente não percebe a existência de uma política clara", afirma ele. Também mestranda em Demografia da Unicamp, a estudante Bruna Garcia, que esteve na manifestação de anteontem no Campus I, apontou ausência de uma política mais eficiente. Ela lembra que a Unicamp adotou o sistema de cotas raciais, o que seria uma avanço, mas ainda reclama de medidas complementares de permanência dos alunos nas universidades. "Eu não posso falar muito da PUC, mas a gente percebe que muitos alunos recebem apenas bolsas que pagam a mensalidade, mas têm muita dificuldade de se manter com outras despesas", afirma. Ainda em setembro, a promotora de Justiça, Cristiane Hillal, instaurou inquérito civil para apurar a denúncia de racismo na PUC-Campinas, mas foi além. No inquérito, quer saber qual é a estrutura existentente na universidade em termos de comissões, coletivos, fórum de debates para a acolhida de eventuais vítimas de racismo e discussões sobre o assunto. Cristiane Hillal quer saber, ainda, quantos eventos sobre direitos humanos envolvendo a temática do racismo foram realizados na universidade nos últimos dois anos. Além, disso, pede informações sobre como a gestão dos direitos humanos e racismo é tratada na grade curricular do curso de graduação em Direito. A Unicamp disse estar implementando uma série de políticas sobre o assunto. Diz que políticas de curto, médio e longo prazo estão no horizonte da Diretoria Executiva de Direitos Humanos que, do início do ano até meados de julho, formalizou cinco instâncias para traçar estratégias referentes a temas caros à sociedade. Essas comissões, segundo a diretoria, reúnem atualmente 101 pessoas, entre membros da comunidade acadêmica e membros de entidades organizadas da sociedade civil. A diretoria se pronunciou por meio de nota: "Os manifestantes em questão não entraram em contato conosco. Todas as demandas que chegaram à Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp desde março deste ano quando ela foi criada, foram encaminhadas e muitas já foram resolvidas. Estamos avançando na criação de uma cultura inclusiva pautada no respeito à dignidade humana e na cultura de paz. O ano de 2019 é farto em exemplos de que a Unicamp está empenhada em acolher mais e melhor a diversidade. A criação da Diretoria Executiva de Direitos Humanos, o Vestibular Indígena e as cotas Étnico-raciais são exemplos disso. Mudanças culturais levam tempo, mas temos de persegui-las pois são mais firmes e duradouras" , finaliza. PUC-Campinas A PUC-Campinas informou, em nota, que "condena atitudes de teor racista e discriminatório praticadas por quaisquer cidadãos, inclusive por integrantes da comunidade interna da Universidade, que reforcem estereótipos ou promovam divisões baseadas nas diferenças entre as pessoas". "A Instituição tem suas atividades orientadas pelo propósito de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Com base nisso, a PUC-Campinas se solidariza com todas as vítimas de atos de natureza preconceituosa e, sempre que necessário, aplicará o Regimento Interno da Universidade para prevenir, apurar e corrigir condutas lesivas à ética, ao respeito às diferenças e à ordem moral", frisou.

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