ESPORTE

Atletas cadeirantes ficam para fora de ginásio

Grupo acusa Prefeitura de trocar cadeado; Administração afirma que atletas tinham sido avisados

Fabiana Marchezi
09/04/2013 às 12:11.
Atualizado em 25/04/2022 às 21:04
Grupo que treinaria no ginásio: três horas à espera de ônibus (Elcio Alves/AAN)

Grupo que treinaria no ginásio: três horas à espera de ônibus (Elcio Alves/AAN)

Dezoito integrantes do Grupo de Amigos Deficientes e Esportistas de Campinas (Gadecamp) viveram uma situação inesperada na tarde de ontem. Os atletas, representantes da cidade na modalidade basquete em cadeira de rodas, chegaram ao Ginásio Poliesportivo Nabi Abi Chedid, onde treinam três vezes por semana, e não puderam entrar.

O grupo alegou que a Prefeitura trocou o cadeado, do qual eles têm chave, e não avisou. Os atletas afirmaram que tiveram que ficar no local das 17h às 20h, já que o ônibus que fica à disposição do grupo só retorna neste horário para buscar a equipe e deixá-los em casa. A Prefeitura, por sua vez, informou que a equipe foi notificada dez dias antes sobre o fechamento da praça às segundas-feira.

“Nós treinamos aqui às segundas, quartas e sextas-feira. Faz 15 dias que a Prefeitura avisou que, provavelmente, não poderíamos mais treinar às segunda-feiras, mas ficaram de marcar uma reunião antes de tomarem uma atitude. Entretanto, chegamos aqui e encontramos o local trancado e com cadeado novo. É uma falta de consideração. Somos deficientes e estamos aqui ao léu, sem poder nem usar o banheiro”, disse o presidente do Gadecamp, Milton Marcelino.

Os atletas treinam no local há mais de um ano.

A equipe disputa os campeonatos Paulista e Brasileiro de basquete em cadeira de rodas. Três deles já estão convocados para a Seleção Paulista de basquete em cadeira de rodas. “Nós precisamos treinar para manter o ritmo e continuar representando a cidade”, disse Marcelino.

Muitos dos integrantes da Gadecamp saem do trabalho e seguem direto para o treino. É o caso do analista de cobrança Henrique Daniel. “Perdi tempo”, disse. Paulo Rogerio Sousa se disse indignado com a situação. “Não é a primeira vez que eles pisam na bola.

Não é o caso de hoje, mas vira e mexe eles, inclusive, mudam a gente de lugar. É só chegar uma equipe grande que nós perdemos a vez. Primeiro treinávamos no Ginásio do Taquaral, depois levaram a gente para o Rogê Ferreira, depois para o Concórdia e agora para cá. Quando a gente se acostuma num lugar, eles trocam”, afirmou.

A Prefeitura reconheceu a importância do grupo para a cidade e disse que a situação foi um mal entendido, uma vez que, segundo a Administração, o grupo foi notificado sobre o fechamento de todas as praças da cidade que têm piscina às segundas-feiras. A Administração reiterou que não teve a intenção de prejudicar o grupo e que a decisão de fechar todas as praças que têm piscina às segunda-feiras foi administrativa. Mas ressaltou que a equipe pode escolher um outro dia da semana para treinar no local.

Saiba mais

O Gadecamp teve início no Projeto de Atividade Motora Adaptada (Pama), da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolvida a partir de 1988 com objetivo de integrar e estimular o convívio social da pessoa com deficiência à sociedade com esportes adaptados.

Em 1996, foi formado o Grupo de Esportistas Deficientes em Ação e Integração (Gedai), que separava do Pama os esportes em cadeira de rodas para formar equipes competitivas. A partir do crescimento técnico dos atletas do basquetebol e a falta de recursos financeiros para campeonatos, alguns integrantes optaram por criar, em março de 1999, o Gadecamp, com o apoio da Prefeitura, que cedeu o Ginásio de Esportes Taquaral para os treinos.  

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por