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Atibaia: febre amarela muda rotina

O município é o segundo do Estado de São Paulo com maior número de casos autóctones de febre amarela, segundo a Secretaria Estadual de Saúde

Renato Piovesan
renato.piovesan@rac.com.br
01/06/2018 às 09:06.
Atualizado em 28/04/2022 às 10:48

A Pedra Grande, consagrado ponto do roteiro turístico obrigatório para os apreciadores de escaladas, trilhas, voo livre e contemplação da natureza: número de turistas despenca (Prefeitura de Atibaia/Divulgação )

A sossegada Atibaia, a 63 quilômetros de Campinas, conhecida como a Cidade das Flores e Morangos, começa a ganhar outra fama - esta nem um pouco animadora. O município é o segundo do Estado de São Paulo com maior número de casos autóctones de febre amarela, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Desde 2017, já são 56 casos confirmados e 18 mortes, mais que o quádruplo das 20 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) somadas.  Atibaia concentra um em cada dez casos de febre amarela e 9,2% das mortes pela doença no Estado. A estância só é superada por sua vizinha Mairiporã nas estatísticas, com 171 ocorrências e 44 falecimentos até o boletim epidemiológico divulgado no dia 14 de maio. Com vocação para o turismo e mais de 6 mil leitos hoteleiros. Atibaia teme que os números assustadores possam prejudicar o segmento, responsável por atrair cerca de 50 mil visitantes por mês no município (taxa de ocupação média de 45% nas vagas de hospedagem). "Atibaia é uma cidade com uma gama de turismo muito privilegiada, para quem procura lazer ou negócios. O surto de febre amarela deu uma prejudicada, as pessoas têm evitado hotéis próximos à área de mata, deu um impacto. Mas aos poucos tudo está se normalizando. Temos placas indicativas por toda a cidade e diversos pontos de vacinação para garantir a tranquilidade de todos" , diz o secretário de Turismo de Atibaia, Bruno Leal. Alerta Desde janeiro, a Prefeitura espalhou cartazes nos principais pontos turísticos da cidade, como os parques Edmundo Zanon, Pedra Grande e Gruta Funda, alertando os visitantes a se vacinarem antes de caminharem pelas trilhas e cachoeiras. Nos últimos meses, os postos de saúde de Atibaia tem ficado até quase tão movimentados quanto os parques, por causa da campanha de vacinação contra a febre amarela. De 2007 a 2016, apenas 8.691 doses da vacina foram aplicadas. Em 2017, após o registro dos primeiros casos na cidade, o número subiu para 96.546. Já neste ano, até abril, foram computadas 59.967 vacinações. A Secretaria Municipal de Saúde de Atibaia contesta os dados do Estado e computa 28 casos da doença desde o ano passado. Os números se diferem pelo fato de a Prefeitura não contabilizar pacientes que pegaram a doença ao passar pela cidade, mas que foram hospitalizados ou morreram em outro município. A doença A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores, e possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta) e urbano. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. A febre amarela tem importância epidemiológica por sua gravidade clínica e potencial de disseminação em áreas urbanas infestadas pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo causador da dengue. No Brasil, não há casos de febre amarela urbana desde 1942, mas as áreas rurais seguem responsáveis por um surto que tem despertado a preocupação das autoridades nos últimos dois anos. Procura por vacina bate todos os recordes Em 2018, até o momento, mais de 7,5 milhões de pessoas em todo o Estado foram vacinadas contra a febre amarela. O número ultrapassa a marca da vacinação no decorrer de 2017, quando 7,4 milhões de doses foram aplicadas, e é também superior à vacinação na década anterior - 7 milhões de pessoas foram imunizadas entre 2006 e 2016, antes da explosão do surto da doença. Desde o início de 2016, a Secretaria Estadual de Saúde intensificou as ações de enfrentamento da febre amarela no Estado, por meio de monitoramento dos corredores ecológicos, vigilância epidemiológica e vacinação. As áreas com indicação da vacina foram gradativamente ampliadas, abrangendo atualmente 619 dos 645 municípios paulistas. De 2017 até o momento houve 517 casos autóctones de febre amarela silvestre confirmados no Estado e 194 deles evoluíram para óbitos. Juntas, Mairiporã e Atibaia concentram 42% dos casos.

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