Durante apresentação, no último dia 19, foram registrados insultos e ameaças
Vítimas acreditam que foi ?ataque de grupo organizado?, já que perguntaram se eles votaram no presidente (Divulgação/Unicamp)
Dezenas de coletivos e indivíduos assinam carta de repúdio contra os ataques racistas sofridos pelos alunos indígenas da Unicamp durante a live “Identidades indígenas na universidade pública: Construindo diálogos na luta por direitos”, promovida no último dia 19. O reitor Marcelo Knobel também divulgou nota de repúdio. Nenhum responsável pelo ataque foi identificado até o momento. A live foi realizada Coletivo dos Estudantes Indígenas da Unicamp para falar em diálogo e em direitos, e para refletir sobre a contribuição que podem, e querem, dar à universidade e à sociedade brasileira. Contudo, conforme a carta de repúdio dos coletivos, a sala virtual da universidade, que contava com a presença de vários acadêmicos indígenas de diferentes instituições, diferentes povos e de muitas universidades do País, foi invadida de forma massiva por insultos, palavras de ódio e racismo. O ataque aconteceu por volta das 16h30, logo após a apresentação dos convidados, durante a fala de uma mulher indígena. "Entre muitas ofensas, gritos, discursos de ódio e provocações, a sala virtual, foi tomada por completo pelos invasores, que desrespeitaram em diversos níveis as nossas culturas, nossas identidades, nossas línguas e o nosso modo de ser indígena. Nos ameaçaram, nos xingaram, humilharam, só por sermos o que somos e estarmos nos articulando politicamente. Ficou mais claro que se tratava de um ataque de um grupo organizado, pois nas primeiras falas dos criminosos foi questionado se éramos eleitores do atual presidente do País", traz trecho da carta de repúdio. Segundo a carta, fica evidente que foi uma tentativa de desestabilizar emocionalmente, psicologicamente e espiritualmente os participantes, que ficaram com a sensação de que estão sendo espionados, atacados e perseguidos. O coletivo ressalta que em meio a maior crise sanitária do século 21, os indígenas continuam sendo atacados com a legitimação do governo federal. "A nossa filosofia do Bem Viver diz que: Todos devem viver em harmonia um com outro, respeitando a natureza de cada ser, cuidando um do outro sempre em coletividade, por isso somos contra qualquer tipo de violência dessa natureza por entendemos que independente de etnia, raça, cor, religião (credo), classe, sexualidade e gênero, o ser humano deve ser respeitado em toda sua integralidade, natureza e tem o direito de ser livre na sua forma de pensar e viver", conclui a carta que é assinada por dezenas de coletivos de diversas universidades, além de pessoas físicas. O reitor Marcelo Knobel, em nota de repúdio, disse que em resposta ao gesto dos invasores que quiseram humilhar e deslegitimar os estudantes bem como valores e propósitos que são caros à universidade, "denunciamos a vergonha de seu ato infame, covarde e mesquinho”. A Unicamp não informou se abrirá investigação para apurar o caso.