Medida foi adotada pela concessionária Rumo All, sob ordem do MP, por motivo de segurança
Cartaz avisa sobre o bloqueio (acima), uma forma de impedir que pedestres se arrisquem pela linha férrea (ao lado) (Leandro Ferreira/AAN)
Os pedestres que costumam atravessar a linha férrea da Estação Cultura para chegar à Vila Industrial, em Campinas, terão que encontrar — até segunda ordem — uma alternativa para completar o trajeto. Isso porque a via que proporciona o acesso entre os dois pontos encontra-se bloqueada desde o final de maio por uma decisão da Rumo All, concessionária responsável por administrar a instalação. No local, há um cartaz branco com os seguintes dizeres: “ATENÇÃO: Por determinação do Ministério Público esta passagem está BLOQUEADA.” Procurada pela reportagem, a empresa disse que a linha férrea mencionada sempre foi uma passagem irregular de pedestres e que, por esse motivo, viu-se a necessidade da intervenção por meio do bloqueio, a fim de preservar a segurança dos usuários. “O local foi fechado no mês de maio após inspeções, atendendo a determinação do Ministério Público Federal (MPF) e as normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)”, informou, em nota. O Correio Popular abordou o tema no último domingo e — também — praticamente na mesma época em que a vistoria foi realizada pela concessionária. Na ocasião, foi constatado que as reformas do túnel da antiga Estação Fepasa estavam atrasadas há dois meses e que a população, para evitar dar a volta pelo Viaduto Cury, arriscava a sua própria integridade física atravessando os trilhos da Estação Cultura (o mesmo ponto bloqueado pelo Rumo All). Em maio, os entrevistados reclamaram que o local não disponibilizava placas com informação de rotas alternativas e que as duas soluções disponíveis por eles para concluir o trajeto era: subir o Viaduto Cury ou atravessar o trilho do trem da Estação Cultura. “Eu fico imaginando um idoso no meu lugar. É muito desrespeito você fazer um velhinho subir aquele viaduto no meio dos carros, ou fazer ele se enfiar em um trilho, em que a qualquer momento ele pode tropeçar e bater a cabeça no ferro”, comentou à época um professor. Acidentes De acordo com o procurador da República Áureo Marcus Makiyama Lopes, o MPF tem atuado junto com outros órgãos, inclusive a assessoria técnica da ANTT, para reduzir os acidentes ferroviários, fechando passagens clandestinas onde elas não podem ser regularizadas (como em pátios ferroviários) ou outras passagens em situação irregular. “A mobilidade é levada em conta sempre que possível, mas quando entra em confronto insolúvel com a segurança da via e das pessoas que atravessam, a preferência é sempre pela manutenção da segurança”, explicou o procurador. A concessionária não deixou claro se a reportagem do Correio influenciou a tomada de decisão da empresa. Porém, explicou que a resolução 2695/2008, da ANTT, estabelece que para a execução de qualquer obra na faixa de domínio, é necessário a elaboração de projetos que devem ser aprovados pela concessionária e autorizados pelo órgão regulador.