Associação sai em defesa do Bosque dos Jequitibás

A Associação Amigos do Bosque dos Jequitibás prepara uma manifestação para domingo, contra a política da Prefeitura de Campinas de desativação gradual do minizoológico instalado no parque — sob gestão municipal desde 1915. A associação pretende fazer um trabalho de convencimento dos visitantes e conclamar a população a promover um abraço simbólico do parque. A ideia, segundo o presidente da Associação, Alonso Lino de Farias, é convencer a Prefeitura a manter as espécies de animais já existentes no Bosque hoje, como macacos, leões, hipopótamos, além de aves e outros de menor porte.  O bosque ocupa uma área de 10 hectares na região central da cidade e, de acordo com os planos da Administração, deixará de ter animais em cativeiro em aproximadamente 10 anos, já que os que forem morrendo não serão mais repostos. “As pessoas vêm pra cá por causa dos animais”, argumenta Alonso. “As famílias, as escolas e as crianças só aparecem por aqui por causa dos animais”, reforça ele. “E se a família sair, bandido entra”, adverte. Para Alonso, a retirada dos animais pode mudar para pior a frequência do parque. “Se a família sair, isso aqui vai se transformar na feira da farinha”, acrescentou ele, referindo-se a usuários de drogas que, supostamente, passariam a frequentar o local. Alonso diz não ser favorável à captura de animais para que sejam colocados em cativeiro no Bosque. “O que queremos é que animais que tenham sido mutilados por uma série de razões e, por conta disso, não possam mais ser reintroduzidos na natureza, que possam viver aqui”, afirma. “Nós recebemos inúmeras escolas e as crianças adoram. Muitas delas não têm nenhuma outra forma de contato com animais”, argumenta. O vigilante Rafael Lima esteve ontem pela manhã no Bosque com a mulher, Jéssica, os filhos Juan e Rafaelle e a sobrinha Beatriz. E disse ser contra a desativação do zoo. “Acho que não é legal, não. As crianças viram os bichos e adoraram”, contou ele. “Acho até que elas (crianças) aprendem bastante”, acredita ele. O Plano De acordo com dados da Secretaria de Serviços Públicos, o Bosque dos Jequitibás conta hoje com cerca de 200 animais em cativeiro, como aves, répteis, leões, onça, jaguatirica, hipopótamo, lontra, veado, macaco e outros, animais que nasceram no local e, se forem soltos, não se adaptariam mais à natureza. Além destes que estão em cativeiro, há outros cerca de 200 que circulam soltos pelo local, como cotias, preguiças, tatus e aves, que não serão retirados. A proposta do atual governo é de que o Bosque se torne um santuário para ajudar na preservação da fauna e no estudo das espécie. Projeto terá audiência pública O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), assinou no início do mês o Projeto de Lei (PL) que vai proibir a exposição de animais silvestres em cativeiro em parques, praças e bosques da cidade. Com a medida, o Bosque dos Jequitibás deverá deixar de ser um zoológico em cerca de dez anos. Jonas Donizette justificou a criação da lei a uma adequação às mudanças dos tempos. De acordo com o Chefe do Executivo, em épocas passadas era comum as pessoas contemplarem animais enjaulados, porém, nos tempos atuais, isso mudou. A nova geração está vindo com um novo olhar sobre a liberdade dos animais e as crianças, que visitam o bosque, por exemplo, se sentem incomodadas. Uma das orientações do prefeito para a Câmara Municipal é que o projeto seja levado em audiência pública, antes da votação em plenário.