TERCEIRIZAÇÃO

Associação Beneficente Cisne inicia atuação na UPA São José

Entidade passa agora a responder pelos recursos humanos na unidade de saúde

Ronnie Romanini/ [email protected]
16/08/2022 às 14:17.
Atualizado em 16/08/2022 às 14:17
Realocados, servidores retiram objetos que levaram à unidade de saúde (Dominique Torquato)

Realocados, servidores retiram objetos que levaram à unidade de saúde (Dominique Torquato)

Começou a atuar na segunda-feira (15) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José a Associação Beneficente Cisne, que será a responsável por fornecer os recursos humanos necessários ao atendimento à população e também a promoção e desenvolvimento da área de ensino e assistência médica na unidade. A entidade terá que manter cinco clínicos e três pediatras no período diurno e três clínicos e dois pediatras no noturno, além de enfermeiros, técnicos de enfermagem e assistente social. A Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar avalia que cerca de 450 atendimentos acontecem diariamente na unidade.

As próximas duas semanas serão utilizadas para uma espécie de período de transição entre a equipe de servidores que atuavam no hospital e os novos contratados. Entretanto, uma pessoa, que atuou na UPA São José e topou falar em condição de anonimato, alegou que os servidores foram surpreendidos no final da semana passada com o aviso de que seriam liberados a partir desta semana e não mais em quinze dias, como previsto e divulgado.
Em resposta, a Rede Mário Gatti informou que uma parte da equipe assistencial foi liberada por não haver espaço e também para atender demandas de outras unidades, enquanto outra ficou como referência para a equipe que está assumindo.

A Prefeitura esclereceu que depois da transição, cerca de 127 profissionais da UPA - entre clínicos, pediatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem e assistente social - serão realocados e passarão a compor a escala do Pronto-Socorro Adulto do Hospital Dr. Mário Gatti e nas duas UPAs que não são administradas pela Cisne (Anchieta e Carlos Lourenço). A entidade atua na UPA Campo Grande desde janeiro.

Por lá, o trabalho é considerado bom pela Rede Mário Gatti e pela Prefeitura, com diminuição nas desistências de atendimento e do tempo de espera e permanência na unidade. E, ainda, a pediatria foi beneficiada com os atendimentos aos finais de semana e, com o remanejamento de servidores, a abertura de um andar exclusivo na UPA Anchieta. A expectativa da Rede é a de que o mesmo aconteça na UPA São José.

O indivíduo que preferiu não se identificar relatou que não tem a mesma percepção que a Prefeitura e a Rede, uma vez que vem observando uma piora em todos os serviços de saúde, inclusive na terceirizada UPA Campo Grande. Com anos de experiência no setor público, ele se mostrou contrário ao processo de terceirização da UPA São José. "É possível terceirizar, mas Campinas é uma cidade rica, com condições de administrar melhor o recurso financeiro do SUS por meio da Secretaria de Saúde, da Prefeitura. Eles poderiam deixar a equipe que estava lá com mais contratações, com realização de concursos ao longo dos anos, o que não aconteceu. Os últimos governos foram se esquecendo do serviço público."

Ele afirmou lamentar a quebra na proximidade com a população. Muitos servidores construíram, durante anos, uma relação de confiança com os pacientes. Mesmo torcendo para que o atendimento na UPA São José melhore, a pessoa admitiu acreditar que o sucateamento ocorrido nos últimos anos é parte de um projeto para que haja mais descontentamento até a terceirização surgir como uma promessa de solução.

O Conselho Municipal de Saúde (CMS) partilha dessa mesam opinião. No dia 2 de agosto, cerca de 100 manifestantes se reuniram no Largo do Pará e caminharam até a sede da Prefeitura em defesa do SUS, com críticas às terceirizações feitas nas duas UPAs e à precarização da saúde pública. Para muitos dos manifestantes, a piora na qualidade do atendimento público também é parte de um projeto para justificar as terceirizações que estão acontecendo.

O CMS acredita que a ideia é privatizar todas as UPAs de Campinas, algo que teria sido comunicado pela gestão da Rede Mário Gatti em reunião. Para o Conselho, a Rede tem que fazer concurso público para diminuir a defasagem existente no quadro de servidores e não transferir às empresas privadas uma responsabilidade que é do setor público. Na época, a Rede Mário Gatti informou não haver previsão de novos chamamentos.

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