INVESTIGAÇÃO

Assembleia Legislativa pede explicação sobre salários da Unicamp

Deputado estadual Campos Machado (PTB) quer justificativa sobre valores acima do teto pagos pela Universidade de Campinas

Milene Moreto e Inaê Miranda
29/07/2015 às 05:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:43
O deputado estadual Campos Machado (PTB): "Não tem meio termo. Ou é legal ou é ilegal. Vamos avaliar" (  Cedoc/RAC)

O deputado estadual Campos Machado (PTB): "Não tem meio termo. Ou é legal ou é ilegal. Vamos avaliar" ( Cedoc/RAC)

O deputado estadual Campos Machado (PTB) informou na terça-feira (28) que vai pedir explicações ao reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, sobre os salários acima do teto pagos pela universidade. O petebista quer a lista com os nomes dos servidores, os salários e as justificativas para cada caso em que o valor pago supera o pago ao governador Geraldo Alckmin (PSDB). A solicitação deverá ser encaminhada à universidade na próxima semana. Segundo o parlamentar, Tadeu Jorge terá 30 dias para encaminhar toda a documentação para a Assembleia Legislativa ou poderá responder por crime contra a Administração Pública. Campos Machado afirmou que após receber toda a documentação, se houver comprovação de pagamentos feitos de forma irregular na universidade, vai encaminhar o processo diretamente ao Ministério Público Estadual. O petebista afirmou que pretende “cortar caminho”. Se uma comissão fosse aberta para investigar o caso, segundo ele, demoraria meses até que alguma providência fosse tomada pela Assembleia Legislativa. “Não tem meio termo. Ou é legal ou é ilegal. Vamos avaliar. Se houver ilegalidade, o processo segue direto para o Ministério Público”, afirmou. A Unicamp foi procurada ontem e informou que só irá se pronunciar quando for notificada oficialmente. ExcessosDe acordo com a lista dos salários dos funcionários da Unicamp divulgada no início de julho pela instituição, ao menos 800 servidores recebem salário bruto superior ao do governador Geraldo Alckmin (PSDB), de R$ 21.631,05, que é o teto constitucional. Entre as funções com salário acima do teto estão o do reitor, procuradores, docentes e servidores-técnico administrativos. Em junho, a remuneração bruta do reitor foi de R$ 49.994,80, dividido em duas matrículas (de reitor e docente), uma com salário bruto de R$ 14.938,99 e outra de R$ 35.055,81. Na mesma situação está o coordenador geral, Álvaro Crosta, que recebeu no mês passado R$ 43.573,79, dos quais R$ 28.634,80 em uma matrícula e R$ 14.938,99 em outra. No ano passado, o TCE determinou que todos os salários acima do governador fossem congelados e a Unicamp seguiu a recomendação. No entanto, uma liminar obtida pela Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp) no ano passado impediu a universidade de reduzir os salários para atingir o teto estipulado pela Constituição. Por isso, o reitor frisou que não pode adaptar os salários ao limite.Na lista inicial constava a remuneração dos funcionários, mas identificando o servidor apenas pelo número da matrícula. Seguindo novas recomendações do Tribunal de Contas do Estado (TCE), entretanto, a Unicamp divulgará na próxima folha de pagamento, em agosto, os salários dos servidores com o respectivo nome do funcionário, atendendo a Lei da Transparência. O TCE determinou que na nova lista conste além do nome e remuneração bruta, número da matrícula, indenizações, redutores, descontos e vencimentos. Embora os nomes ainda não tenham sido divulgados, o reitor afirmou que alguns servidores já demonstraram descontentamento com a nova metodologia, já que consideram a informação de salário pessoal e confidencial.

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