CAMPUS

Assédio entra na mira da Unicamp

Secretaria vai registrar e encaminhar ocorrências, garantindo assistência especializada às vítimas

Rogério Verzignasse
rogerio.verzignasse@rac.com.br
26/06/2018 às 07:21.
Atualizado em 28/04/2022 às 13:56

Universidade vai distribuir cartilhas para disseminar a informação e contribuir com o debate no campus: em busca de uma cultura antiviolência (Leandro Torres)

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) planeja inaugurar, no segundo semestre deste ano, uma secretaria especial que vai receber e encaminhar denúncias de assédio sexual. Além disso, o novo departamento vai prestar assistência especializada às vítimas. É uma iniciativa inédita dentro das universidades brasileiras. E a proposta nasce consistente. Um grupo especial de trabalho ? formado por alunos, professores e funcionários de todas as unidades ? já preparou um relatório detalhando casos ocorridos. Em maio último, um aluno de Matemática chegou a ser detido pela Polícia Militar (PM) por ato obsceno. Ele foi reconhecido por três universitárias. O caso segue em apuração interna. Consu O material relativo à criação de uma estrutura no campus para encarar a questão do assédio sexual foi apresentado ao Conselho Universitário, principal instância decisória da universidade, que vai se embasar nele para executar um projeto que prevê ações educativas e preventivas que envolvam toda a comunidade acadêmica. O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, explica que o assédio e a violência sexual são um drama nacional, e que o campus também sofre com isso. A seu ver, a universidade precisa enfrentar o problema e assumir que ele existe. A Unicamp assume um posicionamento claro quanto à não-tolerância das ocorrências do gênero. Todos as faculdades e setores estarão envolvidos em discussões: as pessoas vão divulgar experiências, esclarecer dúvidas, conhecer meios para denunciar. Tema "institucional" A proposta essencial do projeto é que a questão seja tratada institucionalmente. A vítima, no caso, precisa acreditar que a universidade vai tratar seu caso com profissionalismo. Até hoje, muitas jovens assediadas desistem de levar as denúncias adiante, temendo que serão vítimas de um "linchamento social". Na Ouvidoria da Unicamp, é muito comum por exemplo que a vítima de violência sexual marque horário para ser atendida, e logo em seguida desmarque. É uma situação que a fragiliza muito. Por conta disso, o projeto quer garantir todo o apoio e eficiência no encaminhamento dos procedimentos. Exemplo A coordenadora do grupo de trabalho, Ana Maria Fonseca de Almeida, professora da Faculdade de Educação, explica que a criação da secretaria tem o objetivo de aprimorar a própria formação dos alunos, para que eles levem para fora do campus uma postura clara sobre a questão, capaz de difundir, na sociedade, a cultura contra a violência sexual. Mas um detalhe é importante. Para funcionar, a nova secretaria depende do aporte de recursos administrativos, que serão discutidos e aprovados, no caso, na reunião do Conselho Universitário marcada para agosto. Até lá, sem recursos e estrutura própria, o setor vai contar com as atividades práticas já definidas pelo grupo de trabalho. Cartilhas Para começar, todos os departamentos da Unicamp já receberam cartilhas explicando o que é a violência sexual, e quais medidas devem ser tomadas pelas vítimas. Depois, após o debate de propostas com os representantes de cada órgão (que deve terminar em julho), será implantado um protocolo de boas práticas, delineando a estrutura básica de atuação da secretária. "Não será uma política pronta, de cima para baixo, mas um tema debatido em cada faculdade, em cada departamento", explica a coordenadora. 

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