VIRACOPOS

Assaltos a táxis criam rota do medo em rodovia

Taxistas com base no Aeroporto de Viracopos estão evitando trafegar pela Rodovia Miguel Melhado Campos (SP-324)

Inaê Miranda
09/03/2013 às 20:15.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:24
Roubo a Taxistas de Viracopos na Rodovia Miguel Campos Melhado (Alessandro Rosman/Especial para AAN)

Roubo a Taxistas de Viracopos na Rodovia Miguel Campos Melhado (Alessandro Rosman/Especial para AAN)

Os taxistas com base no Aeroporto Internacional de Viracopos estão evitando trafegar pela Rodovia Miguel Melhado Campos (SP-324), que liga o terminal à Rodovia Anhanguera e à cidade de Vinhedo, devido à onda de assaltos contra os veículos na altura do bairro Campo Belo, que criou uma “rota do medo”.

São pelo menos cinco casos desde dezembro, segundo relato dos taxistas. As ações ocorrem principalmente no período da noite, mas também durante o dia. As polícias Civil, Militar e Rodoviária admitem que se trata de uma região “complicada” e dizem “multiplicar esforços” para combater a criminalidade. Porém, as ocorrências demonstram a pouca eficácia das ações e a audácia dos criminosos.

O taxista José Martins Santos foi um dos últimos a ser abordado por criminosos. Ele voltava de Atibaia por Vinhedo pela Rodovia Miguel Melhado Campos, por volta das 22h30, quando três assaltantes armados obrigaram a parar o veículo. “Eles tomaram o volante do carro e me colocaram no banco de trás. Depois seguiram comigo para o Jardim Itaguaçu, em um local deserto”, conta.

Levaram de Santos um GPS, celular, relógio, além de dinheiro e cartão bancário. Em seguida, eles liberaram o taxista, que está com medo da onda de violência. “Está complicado passar por ali. Em 26 anos de profissão, fui assaltado oito vezes, mas essa foi a mais difícil. Fiquei muito tempo com uma arma apontada para a minha cabeça”, diz Santos.

Outro taxista que preferiu não se identificar foi alvo dos criminosos em janeiro, também à noite. Ele estava com dois passageiros no carro. “Um Honda Fit com quatro criminosos emparelhou. Dois homens, cada um com um revólver, mandaram eu parar na rodovia. Entraram no meu carro e me obrigaram a acionar o farol e seguir o carro deles. Levaram tudo, meu e dos passageiros, inclusive as malas com as roupas”, conta.

A rodovia tem cerca de 15 lombadas no trecho que corta a região do Campo Belo. Segundo os taxistas, os obstáculos obrigam os motoristas a reduzir a velocidade, o que facilita a ação dos criminosos. Além disso, durante os finais de semana — quando há uma grande feira nas margens da rodovia —, o excesso de pessoas também obriga os motoristas a andar mais devagar.

“O tráfego praticamente para por ali. Os bandidos vêm com moto ou com carro e colocam o revólver na cabeça dos motoristas”, afirma Newton Carlos Stella Garutti, de 65 anos, o taxista mais velho do aeroporto e coordenador da central de táxi do terminal.

Balanço

Segundo um balanço dos taxistas, há no mínimo quatro viagens por dia saindo do aeroporto para a cidade de Vinhedo. Garutti reforça a gravidade da situação. “Antigamente, o nosso tráfego para São Paulo também era por ali. Depois, houve as invasões e agora o negócio está seríssimo. O percurso está perigoso. Virou a estrada da morte”, afirma.

Segundo ele, a providência já adotada, e que está ao alcance dos taxistas, é alertar os passageiros e sugerir outro percurso. “Pedi para as nossas atendentes informarem os passageiros sobre a situação e indicar o percurso pela Anhanguera, que sai em média R$ 30,00 mais caro, mas garante a segurança dos passareiros”, afirma.

Mas a medida não tem sido 100% eficaz, já que muitos passageiros optam pelo caminho mais curto. “Alguns entendem que é uma medida de segurança, mas outros pensam que é malandragem dos taxistas. Às vezes, não tem como não passar pela rodovia. O que fazemos é, quando o carro está vazio, retornar pela Anhanguera”, afirma Santos.

“Está difícil trabalhar ali. Quando vamos para aquela região, já saímos daqui preocupados”, afirma o taxista José Carlos dos Santos, proprietário de um carro perfurado por tiro na estrada quando outro taxista que trabalha com ele voltava de uma corrida e passava pela Rodovia Miguel Melhado. Por medo, alguns taxistas dizem que têm recusado corridas para o bairro Campo Belo.

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