Asfalto avança pelas ruas da Vila Industrial

Depois que moradores pediram o tombamento de ruas da Vila Industrial, a Prefeitura acelerou o programa de asfaltamento das vias, segundo o grupo que atua pela preservação do local. Após a Rua João Teodoro, a prefeitura decidiu colocar asfalto sobre os paralelepípedos das ruas São Carlos, Sete de Setembro, Mestre Tito e Prudente de Morais. Essa última, já tinha parte asfaltada e outra parte ainda com paralelepípedos. "Estão asfaltando várias ruas. A prefeitura intensificou o trabalho depois que o pedido de tombamento foi protocolado. Inclusive estão asfaltando ruas que estão no pedido de tombamento. Espero que dê tempo de abrir o estudo de tombamento antes que destruam tudo. Eles estão fazendo muito rápido", diz Ana Villanueva, arquitetura, urbanista e doutora em História pela Unicamp. Parte dos moradores defende a pavimentação, já que as ruas feitas de paralelepípedos oferecem riscos em dias chuvosos ocasionados pela baixa aderência dos pneus dos carros. A Prefeitura garante que não procede a informação de que o trabalho tenha sido intensificado após protocolo de pedido de tombamento dos paralelepípedos. "Nas ruas mencionadas, já estavam previstos trechos de recapeamento, apenas nas desembocaduras (encontro de uma via com outra), como parte de obras complementares das vias do entorno do corredor BRT. Também desta vez, o Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas) foi consultado e confirmou que os paralelepípedos não são tombados como patrimônio", informa. A Administração alega que o trabalho já foi finalizado. Ana é moradora do bairro e desde o final do mês de agosto tem chamado atenção para a intervenção, que pode descaracterizar o bairro, considerado um dos pontos mais antigos da cidade e que conta com grande número de imóveis tombados pelo patrimônio histórico. A primeira rua de paralelepípedo a ser asfaltada foi a João Teodoro. Ana aponta vários problemas que podem ser causados pela intervenção. "Primeiro tem o problema ambiental. As ruas são bem inclinadas. É uma descida grande até lá embaixo, no Piçarrão. Por conta dos paralelepípedos, quando chove há uma absorção grande dessa água. Se asfaltada, a água descerá em maior quantidade e velocidade e com certeza vai passar a invadir as casas", diz. Outro fator apresentado por ela é o problema histórico. "Os paralelepípedos são do começo do século 20. A história não é só a arquitetura. É o conceito de patrimônio ambiental urbano, o conjunto forma o patrimônio, como, por exemplo, o traçado das ruas, a vegetação, entre outros,", explica. O documento protocolado solicita a abertura de processo para estudo de tombamento dos sítios histórico dos operários da Cia Paulista, o sítio histórico dos operários da Cia Mogiana, Curtumes e Matadouro, como importante patrimônio histórico ambiental urbano. Os moradores que tomaram a iniciativa solicitam o tombamento de todos os paralelepípedos ainda existentes, tombamento do traçado viário histórico, regulamentação de gabarito de altura máximo para novas construções em todo o sítio histórico, e revisão da área envoltória ao redor de imóveis já tombados, tombamento de vegetação histórica existente e replantio de vegetação além do tombamento de vegetação arbórea para manutenção do ambiente e microclima no bairro nos sítios históricos.