RECLAMAÇÕES

Árvore em fresta de viaduto gera receio em Campinas

Especialista alerta que é necessário ter cuidado, pois raiz pode causar rachaduras

Thiago Rovêdo
25/05/2022 às 08:44.
Atualizado em 25/05/2022 às 08:44
Raízes da árvore provocam fissuras no concreto na entrada do túnel de pedestres na esquina das Ruas Falcão Filho e Marechal Deodoro (Gustavo Tilio)

Raízes da árvore provocam fissuras no concreto na entrada do túnel de pedestres na esquina das Ruas Falcão Filho e Marechal Deodoro (Gustavo Tilio)

Uma cena curiosa chama a atenção dos moradores da região central de Campinas. Uma árvore de grande porte nasceu e se desenvolveu em meio ao concreto do viaduto que liga a Avenida Orosimbo Maia com a Avenida Senador Saraiva. Os moradores da região têm medo da estrutura estar abalada, mas a Prefeitura garantiu que o local está seguro e novas vistorias serão feitas ainda nesta semana.

A árvore fica localizada na entrada do túnel de pedestres na esquina das Ruas Falcão Filho e Marechal Deodoro, que dá acesso ao Mercado Municipal. O representante comercial Amorim Marques, de 64 anos, que mora na região há cerca de nove anos, afirmou que a árvore está no local há muitos anos e, por isso, teme que a estrutura do viaduto esteja abalada, já que é possível ver rachaduras na parede.

"Eu passo ali todos os dias indo para o Mercadão. E essa árvore está crescendo no local há anos. Cada vez, cresce mais e eu já vi gente podando essa árvore. No concreto, apareceu rachadura e está quebrando mesmo. Já liguei para Prefeitura via 156, mas ela continua ali do mesmo jeito", afirmou.

As reclamações de poda de árvores lideraram as ocorrências via 156 da Prefeitura de Campinas em 2021. De acordo com a Administração, durante os 12 meses, foram computadas 49.761 reclamações. A manutenção das árvores aparece em primeiro, com 2.990 reclamações - um número 6% maior que o ano retrasado, quando foram registradas 2.819 ligações.

O telefone 156 é um dos principais canais da Prefeitura para receber as demandas dos cidadãos, especialmente as solicitações dos serviços de manutenção, que são contínuos, a exemplo do tapa-buracos e da poda de árvores. 

"A verdade é que, embaixo desse viaduto, tudo está abandonado. Tem problema de iluminação também, porque roubam os fios e não são repostos", comentou o morador.

A doutora em área de Botânica e professora de Biologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Rita de Cássia Violin Pietrobom, afirmou que pequenas plantas crescerem em meios urbanos não é algo tão incomum, mas uma árvore de grande porte como essa é bem mais raro de ocorrer. 

"É até bastante comum a gente ver isso. Vemos em telhados de casas e estruturas de concreto. Onde tiver um pouco de solo ou matéria orgânica acumulada, além da umidade, a semente germina e ela desenvolve como em qualquer outro lugar. Se você andar pela Rodovia Santos Dumont, por exemplo, nos canteiros, ou em qualquer rachadura, você vê pequenas plantas. Essas árvores grandes são mais raras", disse.

Apesar da cena bonita no meio do concreto, a especialista afirma que é preciso ter cuidado, pois raízes de árvores são fortes o suficiente para causar desgastes em estruturas como a de um viaduto. 

"A ponta de uma raiz tem força o suficiente para causar rachaduras, por isso pode ser perigoso. A ponta de uma raiz chega a exercer uma força de 10 quilos. Com o desenvolvimento, a estrutura vai rachando. Na arborização urbana, é bem comum você ver isso em calçadas, que são destruídas por árvores de grande porte. Ou então, chegando nos cabos de energia. Tem que ter manutenção e estar sempre atento", analisou.

A Secretaria de Infraestrutura foi procurada e informou que o viaduto não apresenta problema estrutural. Já a Secretaria de Serviços Públicos confirmou que retornará ao viaduto e fará uma vistoria até quinta-feira desta semana e tomará as providências necessárias.

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