ESTAÇÕES DISSEMINADORAS

Armadilha com larvicida é a nova estratégia de combate à dengue em Campinas

Objetivo é impedir o desenvolvimento de larvas do Aedes aegypti, vetor da doença; município inicia hoje instalação do recipiente em pontos estratégicos

Eliane Santos/[email protected]
01/04/2025 às 01:30.
Atualizado em 01/04/2025 às 08:18
Coordenador do Programa de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto mostrou como funciona a armadilha; nos próximos 15 dias, 500 Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs) serão instaladas (Rodrigo Zanotto)

Coordenador do Programa de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto mostrou como funciona a armadilha; nos próximos 15 dias, 500 Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs) serão instaladas (Rodrigo Zanotto)

A Secretaria de Saúde de Campinas inicia hoje a instalação de armadilhas contra o mosquito Aedes aegypti como forma de combate à dengue, que atingiu ontem a casa de 13.474 casos e duas mortes neste ano no município. Chamadas de Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs), a armadilha consiste em um recipiente com água impregnado com larvicida e recoberto com um tecido preto.

Ao pousar em uma EDL, o larvicida adere às patas e corpo do mosquito e se contamina com o produto. Como as fêmeas visitam muitos criadouros, elas levam o larvicida para outros locais, em um raio de 400 metros. Uma vez que o larvicida é disseminado na água, ele impede o desenvolvimento das larvas, que morrem antes de se transformarem em mosquitos adultos.

Campinas recebeu 1,5 mil estações do Ministério da Saúde (MS) e inicialmente vai instalar pelo menos 500 EDLs em 70 pontos estratégicos na região do Distrito de Saúde Sudoeste, que abrange bairros como São Cristovão, União dos Bairros, Vista Alegre, DICs 1, 3 e 6, Aeroporto, Santo Antônio, Vila União, Santa Lúcia, Campos Elíseos e Capivari.

“Vamos começar pelo Distrito de Saúde Sudoeste. É uma das áreas com maior concentração de imóveis estratégicos. Vamos avaliar a instalação em outras regiões conforme o andamento dos trabalhos, incluindo a necessidade de reposição”, explicou o coordenador do Programa de Arboviroses de Campinas, Fausto de Almeida Marinho Neto.

A primeira etapa de instalação das armadilhas deve ser finalizada em 15 dias. A estratégia envolve manutenção mensal durante seis meses. As novas instalações, de acordo com a Pasta, serão definidas no decorrer do trabalho, o que incluirá a necessidade de reposição das EDLs.

A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Wanice Port, destacou que o trabalho de monitoramento exige também engajamento junto aos responsáveis pelos imóveis onde as EDLs serão instaladas. A colocação será feita por agentes de controle de endemias, que foram capacitados na semana passada. Os resultados da medida serão avaliados mensalmente durante um semestre e informados ao Ministério da Saúde. A expectativa é diminuir os casos de dengue na região selecionada.

O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), destacou que a incorporação desta nova tecnologia não exclui a importância de outras ações realizadas pelo município, como as visitas a imóveis para remover criadouros e fazer orientações, nebulizações, mutirões nos bairros e a necessidade de cuidados pela população. “Esta é mais uma estratégia que a Prefeitura adota, dessa vez em parceria com o Ministério da Saúde, no enfrentamento à dengue”, disse.

PLANO NACIONAL

A armadilha que Campinas começa a instalar hoje faz parte das ações do Plano de Ação para Redução da Dengue e outras Arboviroses, lançado em setembro do ano passado pelo governo federal através do Ministério da Saúde. As Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs) estão sendo colocadas como método de prevenção e controle do mosquito transmissor da doença nas periferias de todo o país.

O projeto foi desenvolvido pela Fiocruz Amazônia e aplicado em diversos estados brasileiros desde 2014. Os resultados publicados no final de 2024 na revista The Lancet Infectious Diseases apresentam os resultados obtidos em Belo Horizonte (MG), onde ao longo de dois anos, foram distribuídas cerca de 2,5 mil estações em um raio de 25 mil residências localizadas em nove bairros da capital mineira. A intervenção reduziu a incidência de dengue em 29% nesses bairros e, mesmo nos bairros adjacentes, houve a diminuição de 21% em comparação com os outros 258 bairros da cidade. No ano passado, Campinas registrou a pior epidemia da série histórica com 121.954 casos e 92 óbitos.

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