TRANSTORNO SEM FIM

Áreas de condomínio sofrem interdição por riscos à saúde em Campinas

Residencial enfrenta contaminação do solo há 20 anos no Mansões Santo Antônio

Rodrigo Piomonte
03/08/2022 às 08:50.
Atualizado em 03/08/2022 às 08:50
Sistema de extração de gases tóxicos instalado no condomínio deixou de funcionar, motivando a interdição de dois apartamentos no prédio (Kamá Ribeiro)

Sistema de extração de gases tóxicos instalado no condomínio deixou de funcionar, motivando a interdição de dois apartamentos no prédio (Kamá Ribeiro)

O drama vivido por moradores do Residencial Parque Primavera, do bairro Mansões Santo Antônio, em Campinas, parece não ter fim. Convivendo há mais de 20 anos com uma situação de contaminação química no solo onde o condomínio foi construído, eles acompanharam mais um capítulo dessa história ao presenciarem, na segunda-feira (1º), a Prefeitura de Campinas realizando a interdição de dois apartamentos no térreo do condomínio devido aos riscos de contaminação. A ação ocorreu, segundo a Administração, após laudo da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) identificar os riscos. A falta da operação de um sistema de extração de gases tóxicos instalado no condomínio teria motivado a necessidade da ação de interdição.

O condomínio fica na Rua Hermantino Coelho, no bairro Mansões Santo Antônio, e foi sede de uma antiga empresa química que manipulava solventes e funcionou no local entre a década de 70 e meados da década de 90. A empresa foi a responsável pela contaminação de todo o lençol freático e do solo da área em que hoje estão duas torres do condomínio.

O condomínio foi construído assim que a empresa parou com as atividades no local e vendeu a área para a construtora Concima, que loteou o terreno para erguer o residencial. Com a identificação do passivo ambiental na época, a construção do residencial que previa oito torres foi embargada, mas duas torres foram construídas e ocupadas por moradores, que desde então convivem com a contaminação e seus riscos.

Segundo a Prefeitura, o condomínio interrompeu em outubro de 2020 o monitoramento técnico do sistema de extração de gases e por isso a Cetesb tomou a decisão de recomendar as interdições, após a conclusão do laudo que ficou pronto este ano. No estudo técnico do órgão ambiental foi apontada a presença de plumas de vapor que podem representar riscos à saúde humana devido a não operação do sistema.

O sistema de extração de gases no condomínio funciona no local desde 2014 e todo o trabalho de operação foi realizado pela Prefeitura de Campinas e monitorado pela Cetesb até 2020. Nessa época, a Prefeitura transferiu a obrigação para a administração do condomínio, que ficou responsável em assumir a operação do sistema como forma de manter a mitigação do passivo ambiental existente no local. A administração do condomínio não retornou às ligações da reportagem para explicar os motivos pelos quais o trabalho de monitoramento não foi feito.

Esse monitoramento dos gases deveria ocorrer até a conclusão de um estudo de investigação detalhada e um plano de intervenção, ainda em curso, ser concluído. Esse estudo está sendo realizado por uma empresa contratada pela Prefeitura e aguarda aprovação final da Cetesb. Com a aprovação do plano, o contrato com a empresa será finalizado, explica a Prefeitura.

Nas análises realizadas no condomínio e que embasaram a interdição foram identificadas ainda a presença de vapores tóxicos elevados de vários compostos orgânicos voláteis presentes ainda no terreno. Os compostos químicos podem representar riscos à saúde humana.

Na avaliação do órgão ambiental, foi ressaltada a necessidade de interdição dos apartamentos e demais ambientes fechados no piso térreo do condomínio. A orientação foi também de que deverá ser mantida a interdição das garagens no subsolo e no playground. Foi identificado riscos de contaminação dérmica devido ao contato com o solo do parquinho. 

A interdição, segundo a Prefeitura, deve permanecer até que o monitoramento do sistema de extração de gases seja retomado por parte do condomínio. As duas unidades interditadas estavam ocupadas por moradores que tiveram que deixar o local. A reportagem do Correio Popular esteve terça-feira (2) no condomínio e tentou contato com o síndico, mas até o fechamento da edição não obteve retorno.

A Prefeitura reforça que a partir das interdições realizadas os riscos de contaminação estão controlados. A Prefeitura informa ainda que, a Cetesb revendo as interdições, a liberação dos espaços será prontamente atendida.

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