MEIO AMBIENTE

Área da Mata Ciliar está à venda

Estado disponibiliza terreno em Jundiaí ocupado pela associação que resgata animais há 25 anos

Francisco Lima Neto
16/08/2020 às 12:51.
Atualizado em 28/03/2022 às 18:38
Local tem cerca de 30 mil metros quadrados e abriga aves e primatas: reabilitação (Reprodução)

Local tem cerca de 30 mil metros quadrados e abriga aves e primatas: reabilitação (Reprodução)

O governo do Estado de São Paulo colocou à venda área em Jundiaí, que há 25 anos é utilizada para a ações da Associação Mata Ciliar, que resgata animais silvestres – a maioria vítimas de atropelamento e de acidentes com linha com cerol, além de desenvolver trabalhos de sustentabilidade. O estado informou que ainda estuda as possibilidades de uso e exploração da área. A diretoria da Associação só soube da situação depois que o deputado estadual Alexandre Pereira (Solidariedade-SP) visitou a ONG em julho. O presidente da Mata Ciliar, Jorge Bellix, falou sobre as dificuldades da entidade em viabilizar projetos, inclusive do governo estadual, por não ter a posse da área. “Verificamos junto ao Governo do Estado a situação da área e descobrimos que está à venda. Pedimos uma reunião com o presidente do Conselho do Patrimônio Imobiliário, Bruno Correia, que confirmou a informação, porém ele também não sabia que a área é ocupada pela Mata Ciliar. Embora não possa garantir a suspensão da venda, ele se comprometeu em ir até o local para avaliar a situação”, relata Pereira. Essa reunião ocorreu na última terça-feira, com a presença do deputado, do presidente da Mata Ciliar, e a coordenadora Cristina Harumi.O presidente da Mata Ciliar afirma que foi surpreendido com a notícia da venda do espaço, que era administrado pelo Centro Paula Souza. “Há uns anos houve um movimento do Estado para venda de áreas, na oportunidade o Centro Paula Souza fez um levantamento e ficou acertado que a área da Mata Ciliar ficaria fora da comercialização, mas não avançou”, conta Bellix. De acordo com ele, não faz sentido remover a ONG de lá, já que conta com toda a estrutura para atender os cerca de 850 animais que lá estão. "Além disso, a Mata Ciliar está em um local estratégico, de fácil acesso às rodovias o que possibilita rapidez e sucesso no atendimento aos animais encaminhados pelas concessionárias e polícia ambiental”, pontua. Ele ainda diz que boa parte da área é inviável para negócios, pois se encontra próxima a Serra do Japi, o que impede a implantação de empreendimentos, além de ter muitas espécies de animais no local. O presidente da associação ainda não tem uma estratégia de atuação porque a notícia é muito recente. “Como essa notícia da venda da área nos pegou de surpresa, estamos buscando informações junto aos órgãos do governo para entender a veracidade da questão. Não temos ainda uma estratégia para isso. Só vamos definir alguma coisa quando conseguirmos algo mais claro sobre a situação”, diz. O local tem cerca de 30 mil metros quadrados, o espaço é ocupado pela Mata Ciliar desde 1995 e abriga animais silvestres — desde felinos até aves e primatas, que chegam ao local para atendimento veterinário e reabilitação, sendo referência para mais de 120 municípios do Estado de São Paulo. “O Conselho ficou de reavaliar o caso e vamos acompanhar o desfecho, mas entendemos que não tem como o Estado vender a área e transferir a Mata Ciliar para outro local”, finaliza o deputado. De acordo com o estado, a alienação do imóvel de propriedade do estado de São Paulo foi autorizada pela Lei 16.338/2016, e desde 2019 o ativo integra a carteira de imóveis compromissados ao Fundo de Investimento Imobiliário — FII SP. “O Estado e a administradora do Fundo estão estudando as possibilidades de uso e exploração da área, de modo que ainda não há prazo para a Associação deixar o local. A Associação Mata Ciliar ocupa o imóvel da Fazenda do Estado de forma precária e gratuita, por mera liberalidade do Centro Paula Souza que administra a área, nunca tendo firmado nenhum instrumento com o estado de São Paulo”, aponta. A reportagem do Correio Popular questionou se há a possibilidade de a associação continuar no local, e também qual o preço de venda, mas não recebeu resposta. De acordo com informações publicadas em seu site, atualmente o conjunto de ativos imobiliários é composto 264 imóveis distribuídos por todas as regiões do Estado, com diferentes características, estado das benfeitorias, vocação de uso e valor de venda. A estimativa é que a carteira de imóveis possua um montante total equivalente a R$ 1 bilhão.

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