COLEÇÃO

Aposentado doa vinis em feira de artesanato neste sábado

Dono de banca de antiguidades no Guanabara vai distribuir gratuitamente 100 unidades

Cecília Polycarpo Cabalho
18/05/2013 às 06:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 15:35
O aposentado José Oliveira com alguns discos que vai doar e vender (Leandro Ferreira/AAN)

O aposentado José Oliveira com alguns discos que vai doar e vender (Leandro Ferreira/AAN)

Apreciadores do disco de vinil em Campinas terão oportunidade de ouro na manhã deste sábado (18).

A banca de antiguidades da Feira de Artesanato Espaço Castelo das Artes, no Guanabara, irá doar cerca de 100 álbuns.

Os LPs fazem parte do acervo do aposentado José Carlos Areas Oliveira, que tem mais de 300 vinis.

Saudosista e entusiasta da boa música, ele diz não ter apego material aos discos. Mas a generosidade do astuto aposentado é também uma engenhosa estratégia de marketing: a ideia é chamar a atenção de clientes potenciais para, em um segundo momento, comercializar os discos mais raros, e caros.

Ninguém precisa comprar nada na banca para levar os bolachões. “Não são brindes. É um presente. Só passar na banca, escolher, e levar”, resumiu Oliveira.

A inspiração veio da Capital, onde uma organização não governamental doa livros nos pontos de ônibus.

Com uma pilha cada vez maior de discos em casa, que incomodava bastante sua mulher, Ana Ferreira da Silva, de 76 anos, o aposentado decidiu fazer o mesmo. “O móvel onde estão os LPs está até entortando. Mesmo vendendo alguns títulos a R$ 2, tem pouca saída. Resolvi então doar os que estão encalhados ou duplicados. Não deixa de ser uma forma de propaganda dos outros álbuns à venda.”

Entre os títulos há muita MPB, além de dezenas de trilhas sonoras de novela e coletâneas de sambas antigos.

Os que cresceram na década de 1980 podem matar as saudades da infância. “Para quem tem o toca-disco, é uma forma legal de curtir com os filhos.”

Os “filés” de sua coleção, como exemplares das primeira tiragens de álbuns dos Beatles e discos gravados ao vivo de Frank Sinatra, ficaram de fora da distribuição. Esses, são vendidos a até R$ 100,00.

Quem entra na casa de Oliveira, na Vila Teixeira, pode ter a sensação equivocada de que ele é um colecionador, ou até um acumulador de objetos. Mas não se trata disso.

A maioria das peças antigas da residência podem ser compradas. Todos os sábados, as “curiosidades”, como gosta de chamar os objetos, ficam expostas na feirinha.

O aposentado e sua companheira começaram a vender bibelôs e móveis da família há 12 anos, para “desafogar” a casa. Mas, em pouco tempo, o negócio tomou proporção inesperada.

“Quanto mais a gente vendia, mais pessoas queriam repassar peças para nós revendermos. É uma bola de neve. Hoje temos muito mais coisas antigas em casa do que quando começamos”, disse.

Poucos achados, mais valiosos, Oliveira guarda para si, como uma máquina fotográfica francesa do início do século.

O relógio de parede, que está na família há 120 anos, também não tem preço. Mas todo o resto pode ser negociado ou trocado.

“Eu não vendo nada com dó, sem vontade de me desfazer. Eu acredito que o nosso “carma” acompanha os objetos, que podem não dar boa sorte ao comprador. Eu vendo como hobby, com satisfação.”

A Feira de Artesanato Espaço Castelo das Artes acontece todos os sábados, das 9h às 14h, na Praça Silva Rego, Guanabara. Informações nowww.espacocastelodasartes.com

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