Multas previstas somadas superam a cifra de R$ 196 mil, considerando 98 veículos com as irregularidades apontadas pelo poder público nos primeiros seis meses do ano retrasado; intuito da modernização emergencial é oferecer mais qualidade e conforto aos usuários do transporte (Kamá Ribeiro)
Após a exposição do envelhecimento da frota de veículos do transporte urbano de Campinas, que gerou emissão de multa e reunião emergencial entre Prefeitura e empresas que operam o sistema na cidade, foi anunciado ontem que o município vai receber 50 novos ônibus para modernizar a frota. Eles serão equipados com arcondicionado e carregadores USB. A expectativa é que parte deles já esteja circulando pela cidade até o final deste mês, segundo a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).
A solicitação de renovação, através de compra ou locação de novos veículos, foi feita pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicano), no último dia 20. O prazo para que o total de carros cheguem nas garagens das empresas é de 60 dias.
Antes de irem para as ruas, eles terão a carroceria pintada e a documentação regularizada.
De acordo com a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), nos primeiros 70 dias do ano foram 3.383 quebras nos 901 ônibus que estão operacionais em Campinas, o equivalente a 48,3 veículos quebrados em média por dia. A frota total realiza cerca de 15 mil viagens por dia.
“Essa renovação e fundamental para uma solução imediata que pudesse minimizar os impactos do envelhecimento de parte da frota de ônibus enquanto a licitação para renovação total avança. Dessa maneira, vamos poder oferecer um transporte com mais qualidade e conforto para o campineiro", destacou Dário Saadi.
Participaram das reuniões para discutir a renovação, além do prefeito, o diretor-presidente da Emdec, Vinicius Riverete, o secretário de Transportes, Fernando de Caires, e empresários e representantes das empresas concessionárias VB, Itajaí e Campibus.
“Não podíamos ficar esperando a nova concessão, que é a única solução definitiva. Esse processo, mesmo que tudo transcorra dentro do esperado, leva um tempo maior para, na prática, mudar a situação.”, explicou Riverete.
Hoje, a remuneração relativa à depreciação e investimento de capital não é repassada para as empresas em função da idade avançada da frota. Com a renovação dos veículos, esses itens voltam a ser remunerados, o que pode provocar impacto no valor do subsídio, que é de R$ 139,5 milhões, ao transporte público coletivo.
NOVA LICITAÇÃO
O valor total do contrato da nova concessão do transporte público de Campinas será de aproximadamente R$ 11 bilhões, a serem pagos à Administração Municipal em 15 anos pelos futuros responsáveis pelo serviço na cidade. Na última tentativa de substituir os atuais concessionários, que fracassou em setembro de 2023, o montante previsto era de R$ 8,2 bilhões, ou seja, houve aumento de 34%. O presidente da Emdec, Vinicius Riverete, alegou que os aumentos dos custos e dos valores dos ônibus, a incorporação do PAI-Serviço, a criação de uma empresa com a participação dos vencedores da licitação e da Emdec para fazerem a gestão compartilhada do sistema de bilhetagem e a redução do número de passageiros que utilizam o transporte público no município justificam o aumento nos valores do certame.
A minuta contendo os detalhes do edital será publicada hoje e ficará disponível para consulta até o dia 2 de julho. Após esse período, poderá ser alterada novamente, com as sugestões recebidas. Entre as principais mudanças previstas no novo processo está a revisão da frota de ônibus elétricos, com uma redução da aquisição de 200 para 60 unidades, sendo 10 veículos incorporados por ano, e a incorporação do sistema PAI-Serviço, atualmente gerido pela Emdec. Ele oferece transporte gratuito porta a porta para pessoas com mobilidade reduzida. Além disso, o novo processo prevê a inclusão da Emdec na gestão do Sistema de Arrecadação e Remuneração, a chamada bilhetagem, atualmente centralizada com a Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc).
Segundo Riverete, mesmo com a queda do número de aquisições de veículos elétricos, o aumento dos custos de peças, manutenção e da mão de obra necessária para os cuidados com os ônibus em geral ajuda a explicar a alteração nos valores do contrato da nova concessão. Os investimentos na frota de novos veículos serão, pela proposta atual, da ordem de quase R$ 1 bilhão em cinco anos. Em 15 anos, esse valor deverá ser de R$ 2 bilhões.
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