EM CAMPINAS

Após dois meses de alta, custo da Cesta Básica volta a cair

Dez itens apresentaram queda em junho; óleo de soja teve a maior redução

Edimarcio A. Monteiro/ edimarcio.augusto@rac.com.br
20/07/2023 às 09:30.
Atualizado em 20/07/2023 às 09:30

Levantamento do Observatório PUC-Campinas mostrou que a carne tem a maior participação na cesta do campineiro, representando 35,10% do valor final; pão francês (12,77%) e tomate (11,64%) aparecem na sequência (Alessandro Torres)

O preço da cesta básica em Campinas ficou em R$ 722,30 em junho, queda de 1,45% em relação do mês anterior. É a terceira maior queda em 10 meses e ocorreu após dois meses seguidos de alta, conforme revela a pesquisa feita pelo Observatório PUC-Campinas. Em maio, o custo era de R$ 732,94. As duas maiores reduções, desde que o levantamento começou a ser feito em setembro passado, ocorreram em fevereiro, -3,22%, e março, -1,61%.

O preço em junho é o quarto menor do período. “A tendência, felizmente, é de redução dos preços. Estamos em um momento de estabilidade ou de redução”, disse o economista responsável pela pesquisa, e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, Pedro de Miranda Costa.

O menor valor apurado foi em setembro de 2022, R$ 688,67. Depois aparecem, na ordem, outubro (R$ 712,12) e março (R$ 719,92).

A cesta é composta por 13 itens básicos definidos em lei federal para calcular o valor do salário mínimo, criado em 1936, para garantir a sobrevivência do trabalhador.

Em junho, o custo em Campinas comprometeu 54,72% do salário mínimo vigente, R$ 1.320. Já para suprir as necessidades apenas com alimentação de uma família composta por dois adultos e duas crianças, o custo ficou em R$ 2.166,89, ou seja, 1,6 vez maior do que o mínimo atual.

VARIAÇÃO DE PREÇOS

A pesquisa do Observatório PUC-Campinas aponta que dez itens da cesta apresentaram queda em junho. A maior redução foi do óleo de soja, -8,35%, com preço médio de R$ 7,19 a garrafa de 900 mililitros (ml), contra R$ 7,84 em maio.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiros (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), o consumidor foi beneficiado pela queda da soja no atacado motivado por dois fatores.

O primeiro foi a venda aquecida do produto em virtude da entrada da segunda safra de milho, o que levou os produtores a liquidarem o remanescente da safra de verão de soja para liberar espaços nos armazéns. O outro fator, segundo o Cepea, foi que “a desvalorização do dólar frente ao real reforçou a pressão sobre os valores no Brasil. A moeda norte-americana registrou quedas de 2,7% entre as médias de maio e junho e de 9,7% na comparação com jun/22, a R$ 4,844 no último mês”.

Os outros dois itens que apresentaram as maiores redução de preços foram o feijão (-8,05%) e tomate (-5,03%). No caso do primeiro produto, o preço caiu em função da chamada safra de inverno, que teve início em abril, vai até outubro e corresponde a 20% da produção nacional, disse Fábio Pizzamiglio, especialista em comércio exterior. A saca de 60 quilos do feijão carioca, que representa 70% do consumo nacional, caiu de R$ 365,00 na segunda semana de janeiro para R$ 260,00 no mesmo período de junho, diferença de 28%.

Já o preço da caixa de 20 quilos do tomate salada, em Campinas, teve queda de 7,67% entre a primeira semana de janeiro e a de junho, caindo de R$ 81,54 para R$ 75,29, aponta a pesquisa do Cepea, que é considerado uma referência nacional no acompanhamento de preços agrícolas.

Não sei onde caiu, protestou a dona de casa Daniela Moreno; descontentamento com valores continua (Alessandro Torres)

Apesar da queda no valor da cesta básica, os consumidores reclamam do preço dos alimentos. “Não sei onde caiu. Os preços continuam altos, daqui a pouco não vai dar nem para comer ovo”, protestou a dona de casa Daniela Moreno.

Para ela, se houve queda, o supermercado onde costuma comprar não repassou para os clientes. “Tudo ainda está caríssimo”, criticou a aposentada Lúcia Silveira. Enquanto fazia compras, ela citou que o tomate que pagou R$ 4 na semana passada estava sendo vendido na quarta-feira (19) a R$ 5,50 o quilo. Porém, esse valor é inferior ao preço médio de R$ 9,34 apontado pelo levantamento do Observatório PUC-Campinas.

Segundo o economista Pedro Costa, os alimentos têm peso diferente na composição da pesquisa e depende também do perfil do consumidor, que pode priorizar a compra de um produto em detrimento de outro. A carne é o item com maior participação, representando 35,10% do valor final. Esse item teve redução de 1,35%, de acordo com a pesquisa. O pão francês aparece em segundo lugar na composição do custo da cesta (12,77%), seguido pelo tomate (11,64%). Já o feijão aparece na sexta posição (5,8%), e o óleo de soja está na última posição (0,75%). De acordo com o levantamento, os três itens que tiveram alta de preço em junho foram a batata (23,17%), arroz (4,06%) e açúcar (2,31%).

O professor da PUC-Campinas explicou que a batata subiu no começo de junho em virtude do atraso no início da colheita, mas o preço já estava em queda no final do mês. “Provavelmente, esse item vai aparecer na pesquisa de julho com redução no preço”, comentou.

O Observatório da universidade realiza o levantamento da cesta básica entre a primeira e a segunda semana de cada mês. O custo dos alimentos pesquisados acumula alta de 4,77% desde setembro.

A variação está 0,53 ponto percentual acima da inflação acumulada em igual período. O Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), a taxa inflacionária oficial, teve alta acumulada de 4,24% nos últimos dez meses, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre janeiro e junho deste ano, a cesta em Campinas apresenta queda de 4,20%. Em dezembro passado, a cesta custou R$ 745. A inflação acumulada nos primeiros seis meses de 2023 é de 2,87%.

COMPARATIVO

O recuo no preço em junho “acompanhou o que ocorreu em dez capitais do país, assim como outros indicadores de preço nacionais”, disse o economista responsável pelo levantamento. Na comparação com a pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que tem a mesma metodologia do Observatório PUC-Campinas, o custo da cesta básica local foi o sétimo que apresentou a menor queda no mês passado.

A maior redução foi registrada em Goiânia (GO), 5,04%, onde o valor ficou em R$ 669,39. Também aparecem na frente de Campinas as cidades de Brasília/DF (-2,29%), Vitória/ES (-2,08%), Fortaleza/CE (-1,71%), Belo Horizonte/MG (-1,62%) e Belém/PA (-1,48%). Por outro lado, Recife/PE apresentou a maior alta, 5,79%, onde a cesta custou R$ 612,14.

Em São Paulo, o valor foi de R$ 783,05, o mais alto entre as 17 capitais pesquisadas, apesar de queda de 1,1%. De acordo com o Dieese, no mês passado, o salário mínimo deveria ser de R$ 6.578,41 para cobrir as despesas do trabalhador e da família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

O valor é 4,98 vezes o mínimo de R$ 1.320,00. O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica em junho foi de 113 horas e 13 minutos, apontou o Dieese. Em igual mês de 2022, a jornada média foi de 121 horas e 26 minutos.

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