O Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) conseguiu reajuste de 2,2% nos salários, mas não teve êxito na pauta específica
A greve dos servidores da Unicamp terminou na última segunda-feira, depois de 40 dias. O Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) conseguiu reajuste de 2,2% nos salários, mas não teve êxito na pauta específica, que buscava aumento no auxílio-alimentação e a criação de um vale-alimentação. A medida foi tomada após acordo entre as partes de manter o diálogo aberto e o acompanhamento da evolução da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em nota, a reitoria da universidade explicou que diante da atual conjuntura econômica nacional, tem feito esforço para manter todos os salários em dia, pagar suas despesas obrigatórias e minimizar seu déficit em conta. "Esse esforço tem convivido com a menor capacidade de custeio dos últimos anos e com a mínima capacidade efetiva de investimento nas atividades-fim e na infraestrutura da Universidade. Portanto, a Reitoria reitera sua impossibilidade de atender, neste momento, às solicitações financeiras da pauta específica do STU", traz trecho da nota. A universidade se comprometeu a manter o compromisso do Cruesp de acompanhamento conjunto da evolução da arrecadação de ICMS ao longo do 1º semestre e meados do 2º semestre, bem como de agendamento de nova reunião do Conselho de reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp), com o Fórum das Seis, para a 2ª quinzena de outubro, caso a arrecadação até o final de setembro atinja R$ 80 bilhões, para uma arrecadação projetada no ano de R$ 108,2 bilhões. O conselho é constituído pelos reitores da USP, Unicamp e Unesp e pelos Secretários de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e da Educação. Além disso, deve ser criado, em conjunto com o Fórum das Seis, um Grupo de Trabalho (GT) com o objetivo de estabelecer uma política salarial para as três Universidades nos próximos anos, bem como um GT para acompanhar a proposta de Reforma da Previdência. A partir de agosto, universidade e sindicato deverão manter reuniões mensais para acompanhamento da arrecadação de ICMS. As faltas das greves de 2018 e 2019 poderão ser repostas, evitando assim o desconto dos dias. Nas pauta específica, o STU pleiteava que o auxílio-alimentação passasse dos atuais R$ 970 para R$ 1.815. Além disso, queria a criação do vale-refeição, no valor de R$ 660. Hoje, a universidade gasta R$ 107,7 milhões com o auxílio-alimentação. Com a alteração pretendida, o valor passaria a R$ 201,9 milhões. Se toda a pauta fosse atendida, o custo geral para a Unicamp no próximo semestre seria em torno de R$ 226,6 milhões. Mais que a previsão de gastos anual, de R$ 215,5 milhões, atualmente. João Raimundo Mendonça de Souza, diretor do STU, não vê o fim da greve como uma derrota. "Conseguimos construir algumas agendas, e eles se comprometeram com o sindicato. Além disso, os servidores da saúde só vão pagar pelos dias de uso do fretado e não pelo mês cheio. Nas demais pautas econômicas não avançou em nada. A argumentação é a arrecadação, mas estamos há três anos com a reposição abaixo da inflação", reclama. Como a negociação não evoluiu, os envolvidos optaram pelo encerramento. "Quando discutimos ir para a greve era para deixar claro que não aceitamos a lógica de que o financiamento da universidade vai ser construído com o arrocho dos nossos direitos. A greve apontou que os trabalhadores estão atentos a isso. A avaliação é que continuamos resistindo", afirma.