Ganhadores do Natal das Luzes não têm nem previsão de quando vão receber o dinheiro; Prefeitura justifica que está avaliando de todos os contratos
Imagem no computador mostra como ficou a fachada de uma das lojas premiadas ( Janaína Ribeiro/ Especial a AAN )
O Natal das Luzes 2014 não teve qualquer brilho para dez comerciantes de Paulínia vencedores do concurso de enfeites das vitrines e fachadas. Passados quatros meses da divulgação do resultado, a Prefeitura ainda não repassou R$ 100 mil aos proprietários que investiram pesado para decorarem estabelecimentos. Uma semana após o anúncio dos ganhadores, em janeiro, o ex-prefeito Edson Moura Junior (PMDB) foi afastado do cargo após decisão judicial e José Pavan Júnior (PSB) assumiu a Prefeitura. O novo mandatário "congelou" através de decreto, para análise de uma comissão, todos os contratos que previam repasses programados pelo peemedebista. Diante desse imbróglio político e financeiro, o prejuízo recaiu sobre os comerciantes, que investiram boa quantia para faturar o prêmio. O empresário Cláudio Vitachi, de 50 anos, ganhador do prêmio máximo aguarda os R$ 25 mil que considera de seu direito. "Gastei por volta de R$ 6 mil em decoração e levei três meses para deixar tudo pronto" , relembra. Vitachi é proprietário de uma loja que comercializa antenas parabólicas e alarmes, e usou o espaço frontal da loja para montar uma cidade de Natal, com Papai Noel disparando raio laser e outras novidades. "Já liguei diversas vezes para a Diretoria de Turismo e eles dizem que o pagamento sairá, mas não dão prazo algum" , informou. Ele já faturou a premiação em 5º lugar na edição de 2013. Foi mais rápido O ganhador lembra que no dia do anúncio todos os proprietários que foram escolhidos passaram os dados bancários para que o depósito fosse feito em no máximo dez dias. Na edição de 2013, na mesma semana da divulgação dos ganhadores esse repasse foi feito. O Natal das Luzes em Paulínia é um evento que faz parte do calendário e é lei no município. O objetivo é estimular as vendas de Natal no comércio da cidade, além de envolver a comunidade no espírito natalino. Terceira colocada na edição desse ano, Graziele Sampaio Angeli Reis, de 38 anos, aguarda os R$ 12 mil. Sua loja de roupas e acessórios femininos recebeu um investimento de R$ 3 mil para agradar a comissão julgadora. "A gente não sabia ao certo quando a comissão iria passar e todas as noites precisávamos ficar até tarde esperando. Todos os dias eu precisava montar e desmontar a decoração que ficava na parte externa", apontou Graziele. Ela também já ligou diversas vezes na Prefeitura, mas a resposta é que todos os pagamentos agendados da gestão Moura Junior foram bloqueados pelo Pavan. Critérios A escolha dos ganhadores obedeceu, segundo edital, quatro critérios: harmonia, iluminação, criatividade e originalidade, e que receberam notas de zero a três cada quesito. Gabriela Camargo, de 18 anos, proprietária de uma loja de calçados disse que tinha pressentimento de que não haveria o pagamento. "Aqui nessa cidade nada funciona. Se ganhássemos, tinha a certeza de que não ia receber" , disse. A jovem também investiu bastante para decorar vitrine e área externa da loja, e faturou, mas não levou, R$ 9 mil. "Não vai adiantar ir na porta da Prefeitura" , acredita.Outro ganhador, que preferiu não expor a identidade, disse que por alguns momentos "penso em jogar o carro dentro da Prefeitura para ver se alguém se mexe lá dentro" . Sua revolta, afirma, é pela falta de informação. "Em Paulínia é assim: tudo o que o Moura faz o Pavan cancela, e vice versa. A população está há muito tempo desacreditada" , avalia. Muitas pessoas afirmaram que a intenção, caso haja edição este ano do concurso, é boicotar a organização. A Prefeitura de Paulínia, através da assessoria de imprensa, informou que o prefeito José Pavan Júnior suspendeu todos os contratos da gestão Moura. Neste período, uma comissão formada por quatro secretários irá analisar todos os contratos para verificar se há irregularidades, inclusive o concurso de Natal. "O prefeito não pode pagar sem antes avaliar junto ao corpo jurídico todos os contratos", informou a assessoria.