CRISE HÍDRICA

Após 4 dias de estabilidade, volume do Cantareira volta a subir

Com reservatórios operando com 11,9% da capacidade, a quantidade de água é 0,2 ponto percentual superior ao nível que vinha sendo mantido desde o dia 2 de fevereiro

Maria Teresa Costa
07/03/2015 às 18:15.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:09
Chuva de fevereiro fez o Cantareira voltar a operar com a primeira cota do volume morto ( Cedoc/RAC)

Chuva de fevereiro fez o Cantareira voltar a operar com a primeira cota do volume morto ( Cedoc/RAC)

Após quatro dias de estabilidade, o volume de água armazenado no Sistema Cantareira voltou a subir neste sábado (7) e os reservatórios operaram em 11,9% da capacidade. Essa quantidade de água é 0,2 ponto percentual superior ao nível que vinha sendo mantido desde o dia 2 de fevereiro. A elevação ocorreu em função da chuva que caiu na sexta-feira na região dos reservatórios. Segundo boletim da Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) choveu 33,8 milímetros (mm) naquela região, elevando para 39,9 mm o volume de chuvas de março, o que representa 22,4% das precipitações esperadas para o mês. A média de chuva de março é de 178 mm. O Cantareira está operando na faixa da reserva técnica que fica abaixo dos tuneis que interligam os reservatórios, o chamado volume morto. Essa água, captada em duas cotas, acrescentou 29,2% ao volume operacional desde 15 de maio. Para poder iniciar a operação do volume útil, há necessidade ainda de recuperar a maior parte da primeira cota. Na prática, os reservatórios não está operando com 11,9% da capacidade, mas sim 17,3% negativos. A primeira cota acresceu 182 bilhões de litros ao sistema e a segunda, 105 bilhões de litros. O segundo volume morto foi recuperado pelas chuvas abundantes de fevereiro. A meta da Agência Nacional de Águas (ANA) é a de que os reservatórios cheguem ao final do período chuvoso, em 30 de abril, operando com 10% do volume útil, mas a agência já admite que será muito dificil atingir a meta, a não ser que março e abril consigam superar as médias históricas de chuva do período. A Justiça estabeleceu em medida liminar que os reservatórios deverão ser operados no início da estiagem com 10% do volume útil. A decisão, da última semana, confirmou liminar de outubro da Justiça Federal em Piracicaba, em ação do Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal, que determinou que os gestores do Cantareira deverão definir semanalmente as vazões a serem cumpridas com a fixação de metas de restrição ou suspensão de utilização de água pelos usuários. Cabe recurso à decisão e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que irá recorrer. Segundo ele, o governo já tomou providências para amenizar os efeitos da crise hídrica e a população tem correspondido. “Não há razão nenhuma para judicialização. (...) Você tem agências reguladoras estadual, nacional e o Daee. E quanto ao mérito, é um absurdo você ter 200 bilhões de litros de água e deixar as pessoas sem água”, falou o governador durante visita a Jaguariúna (SP), na manhã de quinta-feira. A liminar concedida em outubro proibia também a captação da segunda cota do volume morto para preservar o sistema. Os tempos de recursos e decisões acabaram tornando a determinação inócua, porque a segunda cota já foi captada e as chuvas de fevereiro conseguiram repor os 105 bilhões de litros que ficaram disponíveis para bombeamento. O promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) de Campinas, um dos autores da ação, informou que o grupo está pedindo a atualização dos dados em função do decurso do tempo. “De toda forma, os outros pedidos feitos na ação continuam valendo temporariamente”, disse. Os promotores tinham pedido a proibição da segunda cota para assegurar que o consumo do volume morto não cause prejuízo aos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que também recebem água do sistema. “Se vier a ser usada, isso precisa ocorrer com muito cuidado, para não colocar em risco o sistema” , afirmou. 

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