Motoristas alegam que adesivo na porta dos carros aumenta insegurança
Reunião do sindicato que defende o direito dos motoristas de aplicativos (Dominique Torquato/AAN)
Motoristas que prestam serviço de transporte de passageiros individual por aplicativos de celulares em Campinas resistem à aplicação da lei municipal que regulamenta o sistema e pedem mudanças. Eles alegam exposição, hostilidade e insegurança. Ontem, o sindicato que representa a categoria, o SimaCPQ, se reuniu com alguns motoristas para definir medidas a serem tomadas. Desde o último dia 8, a Empresa Municipal de Desenvolvimento (Emdec) passou a fiscalizar o serviço na cidade e o motorista que for pego burlando as normas estabelecidas na Resolução 84/2018, publicada no dia 7 de março, será multado. Entre as exigências constam a colocação de um adesivo removível nas portas dianteiras e também o cadastramento dos prestadores de serviço, cujos dados poderão ficar disponíveis na internet. E são estes dois pontos que geraram polêmica e receio entre os motoristas. Desde que a lei passou a valer na semana passada, segundo o sindicado, foi registrada situação de hostilização por parte dos taxistas. Nesse caso, há gravações em que mostram taxistas xingando e ameaçando prestadores de serviço com veículo adesivado. Em um dos casos, um taxista joga o carro para cima de um motorista e depois o tenta fechar por várias vezes. Em outra situação, o taxista xinga e faz gestos de ameaças. A atitude foi registrada por motoristas que transitavam as vias. Além desse fato, também foram apresentados para o sindicato casos de furto dos adesivos, um total de três até ontem. “Esse adesivo nos expôs demais. Nos deixou vulneráveis. Além disso, também gerou insegurança para nós e para o passageiro. Eu estou trabalhando sem adesivo e não vou colocar. Eu sei que preciso trabalhar, mas o carro é particular e não quero correr riscos”, disse um motorista cujo nome foi preservado. Ainda sobre o adesivo, os prestadores de serviço acreditam que tanto o motorista como o passageiro ficam expostos à criminalidade como assaltos e sequestros relâmpagos. Também pontuam uma possível falsidade ideológica, já que o adesivo é feito em qualquer local, inclusive foi pego um ambulante comercializando o material. “Não somos contra o adesivo, mas sim ao local e ao tamanho dele. Gostaríamos que Campinas seguisse a determinação de São Paulo, que fosse fixado na parte interna, no para-brisa, com ventosas. Outro dia, um motorista perdeu na pista, pois como é removível o vento solta e sem contar que uma pessoa maldosa, ao ver o carro parado na rua, pode retirar e usá-lo em crimes”, disse o presidente do sindicato, Vagner José Lopes. Sobre o cadastro, o sindicalista disse que os prestadores temem a exposição de dados pessoais deles, que podem ser usados por criminosos. Os profissionais querem manter sigilo.