ATÉ 31 DE MAIO

Apenas 40% dos campineiros declararam o Imposto de Renda deste ano

Na RMC, Cosmópolis é o município que mais pessoas já entregaram a declaração (58,69%); Holambra aparece na última posição (36,71%)

Daniel Rocha/ [email protected]
30/04/2024 às 08:36.
Atualizado em 30/04/2024 às 08:36
Dagoberto Silvério, presidente do Sindicato dos Contabilistas de Campinas (Sindcon), estima que cerca de 65% das pessoas contam com auxílio para fazer o IR (Kamá Ribeiro)

Dagoberto Silvério, presidente do Sindicato dos Contabilistas de Campinas (Sindcon), estima que cerca de 65% das pessoas contam com auxílio para fazer o IR (Kamá Ribeiro)

Faltando praticamente um mês para o fim do prazo de entrega das declarações do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) deste ano, que se encerra às 23h59 do dia 31 de maio, Campinas conta com apenas 171.219 envios à Receita Federal (contabilizados até as 17h30 de segunda-feira, dia 29), o que corresponde a 40,28% do total de 425.015 pessoas que precisam fazer suas declarações, de acordo com as projeções do órgão. No ano passado, o número total entregue foi de 406.744, ou seja, a expectativa é de um aumento de 4,5% em relação a 2023.

Ao todo, 44,1% das declarações entregues na cidade foram realizadas por mulheres, sendo que Campinas é o município da Região Metropolitana (RMC) com o maior número de declarações realizadas por elas. Além disso, 58,3% das declarações foram simplificadas, uma opção recomendada para pessoas com renda mais baixa e com poucas despesas dedutíveis. No ano passado, 223.857 contribuintes tiveram o seu imposto restituído, perfazendo um total de R$330.512.940.

Nas 20 cidades da RMC, o número de declarações entregues, até as 12h de segunda-feira (29), era de 472.662 de um total de 1.087.431. O município com o maior número de declarações já entregues é Cosmópolis, com 58,69%. O município com menos declarações feitas é Holambra, com apenas 36,71%.

Em relação às mulheres, Cosmópolis é a que tem a menor quantidade de declarações realizadas por ela, com 27,3% do total entregue até agora. Santo Antônio de Posse, por sua vez, é a cidade com o maior número de declarações simplificadas realizadas até o momento, com um total de 72,1%, enquanto Paulínia é a última colocada nesse quesito (55,1%). 

MUDANÇAS

De acordo com Dagoberto Silvério, presidente do Sindicato dos Contabilistas de Campinas (Sindcon), o principal destaque deste ano é a atualização da lista dos valores de obrigatoriedade (ou simplesmente, lista de obrigatoriedades) para se declarar o IRPF de 2024. Com isso, o limite de rendimentos tributáveis conseguidos ao longo do ano passado aumenta de R$28.559 para R$30.639, e o limite de isenção da posse de bens e direitos passa de R$300 mil para R$800 mil.

Além disso, três novas regras de obrigatoriedade foram inseridas na lista deste ano, diante da sanção da lei que tributa offshores e fundos exclusivos (Lei nº 14.754/23). “Desde dezembro do ano passado, quem possuir investimentos em trust no exterior, quem deseja atualizar o valor de mercado de bens no exterior e quem optou por detalhar bens do exterior da entidade controlada como se fossem da pessoa física também está obrigado a enviar a declaração neste ano”, explica Silvério.

DECLARAÇÃO PRÉ-PREENCHIDA

Outro destaque é a chamada “declaração pré-preenchida”. Ela, além de importar informações da declaração do ano anterior, também puxa saldos e posições sobre o que aconteceu em 2023 com base nos dados já enviados ao fisco por empresas e entidades, como um aumento de salário ocorrido.

A expectativa é que ela represente 40% do total de 43 milhões de declarações que serão enviadas em todo o Brasil neste ano, ou seja, pouco mais de 17 milhões. Caso a previsão se cumpra, esse número ficará, ao final do prazo, bem acima do recorde obtido em 2023, quando o modelo alcançou 24%.

AUXÍLIO NA DECLARAÇÃO

Estima-se que, no geral, 65% dos contribuintes optam em fazer a sua declaração de Imposto de Renda com o auxílio de um profissional da contabilidade. Ele explica ainda que, considerando o universo de contribuintes da região de Campinas e cidades do entorno, “é razoável afirmar que a maioria dos contadores fazem até 100 declarações do IRPF por ano. O restante realiza entre 100 e 550. São muito poucos os escritórios ou organizações contábeis que realizam de quinhentas a mil declarações. O preço, por sua vez, varia entre R$ 100 e R$ 250 por declaração, dependendo da complexidade”.

“Contratar um profissional da contabilidade para realizar a declaração do Imposto de Renda é um cuidado indispensável, afinal, um preenchimento incorreto ou um simples erro de digitação pode gerar problemas com o fisco e até mesmo multas”, defende Silvério.

Quem não faz a sua declaração por conta própria, recorre, em geral, a um escritório de contabilidade. Sócio de um escritório contábil, o contador Eduardo Magossi Neto, que está na profissão há cerca de trinta anos, opina que quem contrata um contador uma determinada vez para a realização do Imposto de Renda quase sempre volta no ano seguinte.

“A gente já tem o arquivo da declaração do ano anterior e o histórico do que aconteceu com essa pessoa, então fica mais fácil. A não ser que aconteça algo, como mudança de cidade, o cliente retorna. No geral, acabam entrando novos clientes e permanecendo os antigos”, conta Magossi.

Ele acrescenta que normalmente a procura acontece quando as movimentações não são muito simplificadas. "A compra e venda de bens com apuração de ganho de capital, aplicações em bolsa de valores, inventários etc. são questões complexas e o escritório é procurado. No entanto, se o seu informe de rendimentos é de uma única fonte e os bens quase não mudam de ano para ano, aí é mais simples e algumas pessoas passam a querer fazer a declaração por conta própria, muitas vezes até por curiosidade.” 

ANTES OU DEPOIS?

Um dos grandes dilemas do período de declaração do IRPF é quando fazê-la e enviála. Muita gente quer logo se livrar da tarefa ou pensa em receber a restituição rapidamente. Outros deixam para os minutos finais do prazo.

A assistente administrativa Kelly Cristina de Oliveira Bueno, por exemplo, diz que ainda não fez a declaração deste ano e que sempre a deixa para o final, pois ela é quem preenche tanto a dela quanto a do marido e não se importa muito com realizar o processo logo no início, uma vez que o marido “quase sempre acaba pagando”. O web designer Fernando Bisan conta que faz a sua própria declaração, mas, por ser um "procrastinador nato", confessa que declara o Imposto de Renda somente no último dia.

Do outro lado, há pessoas que querem se livrar de uma obrigação da qual não podem fugir, ou até evitar um possível esquecimento, e adiantam a entrega. O técnico de TI Felipe Scavassa que já enviou a sua declaração, feita por outra pessoa, ainda na metade de março.

O designer Márcio Rogério Rocha também é adepto do "quanto antes melhor", mas admite que neste ano deixou o tempo passar e ainda não fez a declaração. Ele revela que quando era mais jovem, era mais relapso com o prazo. Porém, de seis para cá, ele entendeu a necessidade e procura sempre fazer a declaração da maneira correta, muito antes do fim do prazo.

COMO FAZER

Para fazer a declaração do Imposto de Renda 2024, é preciso baixar o programa IR 2024, fazer o login na conta “gov.br” e seguir o roteiro com o lançamento das informações. O próprio programa calcula para o contribuinte qual é a melhor opção (simplificado ou completo).

O contador Magossini diz que a primeira coisa a se fazer é recolher os informes de rendimentos em todos os bancos em que a pessoa possuir conta, pois as empresas, em geral, colocam em seus sites um ícone próprio para que o declarante possa extrair o documento.

Para os aposentados, ele comenta que o mesmo pode ser feito através de uma conta “gov.br”, necessária para a retirada do informe, e continua dizendo que “só essa pessoa é quem vai poder fazer isso e isto facilita muito o trabalho do contador. Saber a movimentação que ela fez durante o ano na aquisição de veículos, imóveis ou vendas, ou seja, é importante que o declarante tenha toda a documentação em mãos e lembre-se de tudo o que fez no ano anterior. O que comprou, o que vendeu, que negociação foi feita, de que forma e quando”.

Magossi ressalta que os casos mais comuns de pessoas que caem na malha fina acontecem porque as pessoas se esquecem dos negócios realizados e não repassam ao contador informações que deveriam ser inseridas na declaração.

“E não adianta querer negar nada depois, porque vai aparecer no sistema da Receita Federal, uma vez que as informações são cruzadas. É preciso ter o conhecimento da forma que tudo precisa ser feito para evitar problemas com a malha fina. Se algo, como um ganho de capital ou uma aquisição, for declarado erroneamente, essa pessoa poderá ser prejudicada no futuro por isso, além de ficar com o seu CPF pendente até que ele seja regularizado.

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