Eleito ontem pontífice, Robert Prevost veio à cidade cumprindo suas atribuições como líder da Ordem Agostiniana
O atual papa Leão 14, então líder da Ordem dos Agostinianos (esquerda), participa em 2008 de missa presidida pelo arcebispo metropolitano de Campinas, Dom Bruno Gamberini; Leão 14 (primeiro plano, à direita) posa ao lado de religiosos da Arquidiocese de Campinas. (Divulgação)
Eleito ontem o novo papa, o cardeal norte-americano Robert Prevost, de 69 anos, esteve visitando Campinas em 2008, período em que o arcebispo metropolitano era Dom Bruno Gamberini. À época, o agora papa era prior geral da Ordem de Santo Agostinho. Em Campinas, a Comunidados Agostinianos está sediada na Avenida da Saudade, junto à Igreja de Santo Antônio. O Correio Popular obteve fotos exclusivas da passagem do agora pontífice pela cidade.
O anúncio da eleição de Robert Francis Prevost aconteceu pouco mais de uma hora depois que fumaça branca surgiu, no início da tarde de ontem, da chaminé instalada sobre a Capela Sistina, sinalizando que os 133 cardeais reunidos haviam chegado a um consenso. A escolha do novo papa se deu após a terceira votação do dia e a quarta votação geral, iniciada na quarta-feira. A fumaça branca colocou a multidão reunida na Praça de São Pedro em êxtase.
O nome escolhido pelo novo pontífice é Leão 14. Ele sucede o papa Francisco, falecido no último dia 21. De acordo com o Vaticano, Prevost é o primeiro papa agostiniano.
O lema episcopal do novo pontificado é In Illo uno unum (Em um só nós somos um), palavras que Santo Agostinho pronunciou em um sermão, a exposição sobre o Salmo 127, para explicar que, "embora nós, cristãos, sejamos muitos, no único Cristo, somos um". Durante a última hospitalização de Francisco, o novo papa presidiu o rosário pela saúde de seu antecessor, no dia 3 de março, na Praça São Pedro.
TRAJETÓRIA
Robert Francis Prevost nasceu em 14 de setembro de 1955 em Chicago, no estado norte-americano de Illinois. Ele é filho de Louis Marius Prevost, de ascendência francesa e italiana, e de Mildred Martínez, de ascendência espanhola, e tem dois irmãos, Louis Martín e John Joseph.
Em 1977, Prevost ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho, na província de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Saint Louis. Fez sua primeira profissão em 2 de setembro de 1978 e, em 29 de agosto de 1981, emitiu seus votos solenes.
Estudou na Catholic Theological Union, em Chicago, onde se formou em teologia. Aos 27 anos, foi enviado por seus superiores a Roma para estudar direito canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino. Recebeu sua ordenação sacerdotal em 19 de junho de 1982.
Prevost obteve sua licenciatura em 1984 e, no ano seguinte, foi enviado para trabalhar em missão na cidade de Chulucanas, em Piura, Peru, de 1985 a 1986. Em 1987, concluiu seu doutorado com a tese "O papel do prior local na Ordem de Santo Agostinho". No mesmo ano, foi eleito diretor de vocações e diretor das missões da província agostiniana Mãe do Bom Conselho de Olympia Fields, Illinois.
Em 1988, foi enviado em missão à Trujillo, também no Peru, como diretor do projeto de formação conjunta para aspirantes agostinianos nos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac. Lá, atuou como prior da comunidade (1988-1992), diretor de formação (1988-1998) e professor dos que professam (1992-1998).
Também na arquidiocese de Trujillo, foi vigário judicial (1989-1998) e professor de direito canônico, patrístico e moral no Seminário Maior San Carlos e San Marcelo.
Em 1999, foi eleito prior provincial da Província Agostiniana "Mãe do Bom Conselho" de Chicago, e dois anos e meio depois, no Capítulo Geral Ordinário da Ordem de Santo Agostinho, seus coirmãos o escolheram como prior geral, confirmando-o em 2007 para um segundo mandato.
DISCURSO
Em seu primeiro discurso na Praça São Pedro, o papa Leão 14 destacou a busca pela paz. "Essa é a paz de Cristo ressuscitado, uma paz desarmada e desarmante", disse. Em meio às guerras na Ucrânia e em Gaza, pediu ajuda aos fiéis. "Nos ajude a construir pontes, com diálogo. Um único povo, sempre em paz."
O novo papa rezou a Ave Maria e agradeceu ao papa Francisco e aos cardeais que o elegeram. Sua primeira oração foi pela paz mundial.
NOME
O primeiro pontífice a escolher o nome Leão foi um importante papa para o catolicismo, considerado "doutor da Igreja" pelo seu alto nível de conhecimento da doutrina cristã e pregação. Também é conhecido um promotor da paz em um período de guerra na península italiana. De origem italiana e eleito em 440, Leão I foi o 45º papa da Igreja Católica e teve um papado memorável ao ponto de ser o primeiro sucessor de Pedro a receber o título de "Magno" (o Grande, em tradução livre) - o outro foi Gregório Magno.
"Sustentador e promotor da Primazia de Roma, o 'Pontífice Magno' deixou para a história quase 100 sermões e cerca de 150 cartas, nos quais demonstra ser teólogo e pastor, zeloso com a comunhão entre as várias Igrejas, sem jamais esquecer as necessidades dos fiéis", diz o Vatican News sobre Leão I.
Ele teria incentivado obras de caridade em uma Roma "dominada pela escassez, pobreza, injustiças e superstições pagãs". Além disso, guiou uma delegação de Roma para se encontrar com Átila, líder dos Hunos, e o dissuadiu a continuar a guerra de invasão da península italiana no ano de 452.
"A lenda - retomada depois por Raphael, nos afrescos das 'Salas do Vaticano' - narra que o líder dos hunos se retirou após ter visto aparecer, atrás de Leão, os Apóstolos Pedro e Paulo, armados de espadas", afirma o Vatican News.
Em 455, também deteve os Vândalos da África, guiados pelo rei Genserico, de acabarem completamente com Roma. "Graças à sua intervenção, a cidade foi saqueada, mas não incendiada. Permaneceram intactas as Basílicas de São Pedro, de São Paulo, fora dos Muros, e de São João em Latrão, nas quais a população encontrou abrigo e se salvou".
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