SOUSAS

ANP faz análise de combustível em posto

O teste ocorreu um dia após a Polícia Civil determinar a suspensão, por tempo indeterminado, do abastecimento de combustível no local

Alenita Ramirez
19/02/2020 às 16:03.
Atualizado em 29/03/2022 às 21:04

A Polícia Civil de Campinas interditou por tempo indeterminado, o abastecimento de combustível no antigo Posto Mingatto, localizado na Avenida Cabo Oscar Rossin, na Vila Sônia, no distrito de Sousas, em Campinas. A medida foi tomada após denúncias. Ao menos 56 mil litros entre álcool, gasolina e diesel foram apreendidos e mantidos no local até que o Instituto de Criminalística (IC), apresente laudo conclusivo sobre testes realizados na tarde desta terça-feira (18). A determinação partiu da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e faz parte da operação Posto Seguro, implantada desde agosto do ano passado para combater fraudes em combustíveis. Na tarde desta quarta-feira (19), um especialista em regulação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) realizou análise no local e, em avaliação pré liminar, constou que a percentagem de metanol no álcool hidratado era de 95% quando deveria ser de 0,5%, conforme normas da ANP. “Na verdade, nem deveria ter metanol na mistura”, disse o químico Pierre Zanovelo, consultado pela reportagem. As denúncias de suposta adulteração no combustível do posto foram divulgadas nas redes sociais desde a última sexta-feira e ganharam força na tarde de anteontem após dois clientes registrarem boletim de ocorrência no 12º Distrito Policial (DP), que comunicou a DIG e a ANP. “Apreendemos amostras e enviamos para perícia”, contou o investigador-chefe da delegacia, Marcelo Hayashi. “Estávamos acompanhando o caso, mas não havia denúncia formalizada”, acrescentou. Uma equipe da DIG e do Garra foram até o posto no final da tarde e confirmaram as queixas. Foi acionado o Núcleo de Perícias do IC que colheu amostras dos combustíveis e constataram no local irregularidades. “A perícia constatou que as especificações estão fora do padrão da ANP, ou seja, há mais álcool na gasolina do que o permitido”, disse o delegado da DIG, José Carlos Fernandes. “As pessoas estão pagando caro pela gasolina, mas na verdade estão abastecendo com álcool”, emendou. O arquiteto Laudenir Amarildo Appoloni foi um dos clientes que teve problemas com o carro após abastecer com gasolina, no posto. Indignado, ele registrou o caso na delegacia. “O problema é sério. Ainda bem que meu carro apresentou problemas na garagem de casa, e não na estrada. Já imaginou o que poderia acontecer comigo?”, indagou. Appoloni contou que o carro é automático e ele abastece, quase que diariamente, com álcool, mas a cada seis meses esvazia e enche o tanque com gasolina. Na tarde da última segunda-feira, ao voltar para casa, abasteceu o veículo com pouco mais de 53 litros e desembolsou R$ 223,05. Na manhã do dia seguinte, ao ligar o veículo, o sistema de ignição não reconheceu o combustível e houve pane. “Parece que o motor ia explodir, sem contar que eu parava de apertar o botão da ignição e ele continuava ligado”, relatou. “Meia hora depois consegui funcioná-lo e fui até o posto, onde um funcionário confirmou que a gasolina estava com problemas e muita gente tinha reclamado”, acrescentou o arquiteto que teve de desembolsar R$ 100 para tirar a gasolina do tanque e limpá-lo. “A lição que fica é: não fique calado. Mesmo que não tenha provas, tome alguma atitude e procure as autoridades. Não fique só reclamando”, orientou. De acordo com Fernandes, em dezembro passado, um empresário foi preso em flagrante por adulteração de combustível em Paulínia. Segundo o delegado, desde o início da operação, ao menos dois postos foram fechados e diversos outros autuados. O lacre do posto e as multas administrativas só podem ser feitas pela ANP. “As investigações seguem para identificar o dono”, frisou o delegado. Confira o vídeo:

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