EDUCAÇÃO

Ano começa tumultuado em creches

Mudança de gestão em unidades municipais de ensino infantil suspende aulas e preocupa pais

Alenita Ramirez
29/02/2020 às 10:13.
Atualizado em 29/03/2022 às 19:29

A mudança de gestão em algumas unidades causou a insatisfação de pais de alunos da rede municipal de educação infantil de Campinas. Em duas escolas, localizadas na região do Jardim Mercedes, crianças de zero a 5 anos terão que passar por mais duas adaptações, em menos de 20 dias. As creches terão nova direção e no período de transição, para evitar suspensão na aula, a Secretaria Municipal de Educação fez uma operação de última hora para remediar a situação. Vai disponibilizar funcionários da rede para atender as crianças por um período de 15 dias. As unidades eram administradas pela Associação Educacional Brasileirinhos, que perdeu chamamento público para outra entidade. Revoltados, pais com crianças da unidade se reuniram ontem com representantes da ONG que administrava até então a escolinha, da Secretaria Municipal da Educação e vereadores, pela manhã e à tarde, com outros representantes da Secretaria. Eles pediram a manutenção das aulas e também a contratação dos funcionários pela nova entidade. A mudança de gestão afeta os CEI’s “Bem Querer Reverendo Doutor Bernhard Jonhson Júnior”, no Jardim Eldorado, e “Bem Querer Midori Hamamoto”, na Vila Abaete. Os pais foram notificados da mudança no final do período, por volta das 18h, e que as aulas seriam suspensas desde as 11h de ontem, por um período de 15 dias. Entretanto, com as reuniões ficou definido que as aulas retomam na terça-feira. A Associação Educacional Brasileirinhos estava à frente das unidades há, pelo menos, dois anos, desde que foram inauguradas. O contrato, segundo os pais, foi de dois anos e a Prefeitura deveria renová-lo no final do ano passado, mas decidiu fazer novo chamamento público neste ano, contratando uma nova associação. “É muito descaso. Nossos filhos e até mesmo nós estamos acostumados com professores e monitores dessa ONG. Agora as crianças terão que começar todo um processo de readaptação. Muitos pais não têm com quem deixar seus filhos neste período. São três readaptações em um espaço de tempo de menos de dois meses”, reclamou a assistente social Amanda Maira do Carmo, que tem uma filha de dois anos e sete meses na escolinha. A unidade conta com 224 crianças em período integral e turmas na manhã e à tarde. Com a mudança, 60 profissionais foram demitidos. Solidários com professores e monitores que estão desde o início com as crianças e também com a transição, pais e responsáveis prometem levar o caso ao Ministério Público (MP), caso a nova instituição não contrate os profissionais. “Sou babá de um casal de irmãos que pego na creche. Os pais deles estão muito preocupados com essa mudança e também com a suspensão de aula”, disse a aposentada Lurdes Gomes da Silva. Outra unidade que também está sem professores e sem aula em um dos períodos é o CEI Mauro Marcondes, localizada no Jardim Princesa, que está com as aulas suspensas por falta de professores e monitores desde o dia 6. A unidade atende 66 crianças, com idade entre 4 e 5 anos. Emef A falta de professores também atinge a Escola Municipal de Educação Fundamental (Emef) Professora Analia Ferraz Costa Couto, no Jardim Amazonas. De acordo com pais de alunos do 6º ano, há apenas dois professores desde o início do ano letivo. Em razão da falta de docentes para matérias como português e matemática, as crianças estão saindo mais cedo. “Estamos preocupados com essas matérias que as crianças estão perdendo. Além disso, a falta de professores também afeta os pais, porque são obrigados a sair mais cedo do trabalho ou pagar para alguém pegar os filhos no horário que são dispensados”, reclamou Bruno do Prado Ferreira. Outro lado Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que as atividades nos CEI’s “Bem Querer” Reverendo Dr. Bernhard Johnson Jr. e Midori Hamamoto estão mantidas. Segundo a Pasta, as aulas foram suspensas apenas no dia 2 em razão de uma reunião de planejamento, como já estava previsto no calendário escolar. Essas duas unidades atendem juntas 612 crianças. Conforme a Secretaria, a Prefeitura de Campinas contratou, por meio de concurso, 317 professores que chegam às salas de aula a partir de março. “Estes profissionais foram chamados do último concurso, realizado em setembro, e chegam para suprir a ausência de docentes que deixaram a rede municipal porque se aposentaram, pediram exoneração ou faleceram”. Em relação ao Centro de Educação Infantil Mauro Marcondes e a Emef Anália Ferraz, os dias letivos serão repostos. Na escola Anália, são 239 alunos.

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