MEIO AMBIENTE

Animais morrem atropelados na APA do Campo Grande

Falta de sinalização, desmatamento e loteamentos ilegais são os principais problemas

Israel Moreira/ [email protected]
25/04/2023 às 09:17.
Atualizado em 25/04/2023 às 09:19
Falta de sinalização na Avenida Antônio Arten, que corta a APA Campo Grande, gera acidentes de trânsito, atropelamento de animais muitas vezes com óbito, riscos a pedestres devido falta de acostamento com mato alto (Alessandro Torres)

Falta de sinalização na Avenida Antônio Arten, que corta a APA Campo Grande, gera acidentes de trânsito, atropelamento de animais muitas vezes com óbito, riscos a pedestres devido falta de acostamento com mato alto (Alessandro Torres)

A falta de sinalização na Área de Proteção Ambiental (APA) do Distrito do Campo Grande em Campinas vem causando atropelamentos e mortes de animais silvestres em toda a extensão da Avenida Antônio Arten que corta a APA e liga as cidades de Campinas à Hortolândia. Além disso, a área que deveria ser protegida está sofrendo com o desmatamento e o loteamento ilegal na região.

A sinalização da faixa que divide as pistas está totalmente apagada e não há acostamento para os veículos. O lixo e o mato alto impede a passagem de pedestres ao longo da Avenida.

Para os moradores a falta de sinalização de velocidade, lombadas ou radares, trouxe também um elevado número de acidentes de trânsito, além das mortes de animais. Júlio César Santos, morador há dez anos na região, lamenta a fatalidade que aumentou durante os últimos meses. “Os motoristas não respeitam a velocidade de 50 km por hora. Ocorrem ultrapassagens proibidas e perigosas. Animais estão sendo mortos, mas há também acidentes gravíssimos.”

Segundo o secretário do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Rogério Menezes, houve solicitação da Secretaria junto à Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) para a realização de um estudo técnico na APA Campo Grande que inclua as sinalizações necessárias para redução de atropelamentos de animais e acidentes de trânsito. O estudo solicitado é no mesmo padrão do existente em outras áreas de proteção ambiental como, por exemplo, na estrada da Rhodia, que liga Campinas à Paulínia.

Rogério Menezes esclarece à reportagem do Correio Popular, que há outros fatores importantes e responsáveis pelos problemas na região do Campo Grande. “O desmatamento causado pelo crescimento ilegal de loteamento dentro da APA é algo grave e ultrapassa o limite administrativo. Cerca de 20% da Área de Proteção Ambiental do local está ilegalmente loteada por empreendimentos imobiliários. E esse é o principal motivo que vem provocando a fuga dos animais silvestres e que, consequentemente, são atropelados ou mortos na Avenida.”

Há uma burocracia legal necessária para melhorar a estrutura física da APA. O primeiro passo foi a criação do conselho gestor de proteção ambiental do Campo Grande, ocorrida em 2021 e com posse em 2022, se tornando um importante instrumento para coibir irregularidades na área. Em seguida, a aplicação do plano de manejo que é um documento técnico que, a partir dos objetivos definidos no ato de criação de uma Unidade de Conservação (UC), estabelece o zoneamento e as normas que norteiam o seu uso.

Entre as atribuições do conselho estão a atuação pela preservação da biodiversidade; acompanhamento da elaboração, implementação e revisão do plano de manejo no Campo Grande; integração da unidade de conservação com os demais espaços territoriais protegidos, entre outras.

Rogério Menezes detalha alguns prazos importantes para a sequência de trabalho do conselho gestor da APA. “O plano de manejo deve ser concluído entre os meses de dezembro de 2023 e janeiro de 2024. Após a finalização das análises técnicas, socioeconômicas, biológicas, físicas e urbanísticas da área, serão propostas as melhorias de infraestruturas, como as passagens de faunas, aéreas ou subterrâneas para os animais silvestres da região. Tudo deve estar concretizado até o fim de 2024”, finaliza.

A APA Campo Grande foi criada em 2011, por meio do decreto 17.357. Tem uma área de 959,53 hectares. Em março desse ano, o conselho gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) do Campo Grande teve acesso ao sistema de Licenciamento Ambiental Online (LAO) e podem participar desde então do controle ambiental na Unidade de Conservação.

Esta é uma decisão que iguala o Conselho da APA do Campo Grande ao Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) e desta forma, o processo de licenciamento ambiental que exige a participação e o conhecimento dos conselhos – todo processo que tem relação com o território da APA do Campo Grande –, será remetido para a Câmara Técnica já instituída neste Conselho.

Emdec

A Emdec foi procurada pelo Correio Popular e por meio de nota, informa que fará uma vistoria no local para verificar a viabilidade técnica da elaboração de projetos de sinalização, tanto vertical (placas), como também horizontal (solo). Já está no cronograma de ações da Emdec. Na segunda-feira (24) foi realizada uma vistoria para analisar a implantação de lombadas na via.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por