Cidade registra infestação de escorpião com 269 vítimas apenas no primeiro semestre deste ano
Aumento dos números está ligado à capacidade de adaptação ao ambiente urbano, segundo veterinário da Devisa (Cedoc/RAC)
Americana registrou uma média de 45 ataques de escorpião por dia no primeiro semestre deste ano. Ao todo, foram 7.803 animais capturados e 269 pessoas picadas no período, de acordo com dados da Secretária de Saúde do município. O índice de 2018, já superou, por exemplo, o volume do ano passado inteiro, quando 201 pessoas se tornaram vítimas do aracnídeo. Em nota, a Prefeitura informou que realiza trabalhos de prevenção e que, nos últimos 13 anos, aproximadamente 12 mil escorpiões já foram encaminhados para o Instituto Butantan, em São Paulo. O Governo Municipal revelou ainda que, por mês, cerca de 12 capturas noturnas são concretizadas por seus agentes. Apesar dos números, o quadro de Americana não é muito diferente dos números do Estado, que apontam para um crescimento gradual dos ataques de escorpião. Em 2015, 15.107 pessoas foram picadas pelo animal. Em 2016, o número subiu para 18.829. Já no ano passado, a barreira dos vinte mil ataques foi superada - 21,7 mil pessoas feridas. Somente nos primeiros seis meses deste ano, 11,5 mil casos já foram diagnosticados. Para Ricardo Conde Alves Rodrigues, veterinário do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), o aumento no número de registros está relacionado à capacidade de adaptação do aracnídeo. “O escorpião é um animal robusto e extremamente adaptado ao ambiente urbano. Aqui ele encontra um excelente abrigo e alimentos em abundância, como baratas”, comentou. Na região, existem duas espécies de importância médica: marrom e amarela. Segundo o especialista, nenhuma delas é agressiva, já que só atacam quando se sentem, de fato, ameaçadas. “O Marrom é nativo do próprio Estado de São Paulo e se aloja em locais com muito lixo e entulho. É um animal com características noturnas e, por isso, durante o dia, costuma ficar escondido. Já o amarelo tem um veneno mais potente e é natural de Minas Gerais. Eles vivem no esgoto, que é um ambiente protegido e cheio de baratas para se alimentarem”, explicou. De acordo com Rodrigues, apesar de não ser oriundo de São Paulo, o escorpião amarelo é encontrado com mais facilidade pela população urbana, já que consegue acessar o interior das casas via rede de esgoto (tubos e conduítes) e rede elétrica, por meio de tomadas e pontos de luz. “Além disso, o escorpião amarelo se reproduz por meio da partenogênese, ou seja, ele não precisa se acasalar para gerar novos descendentes”, ressaltou. O especialista explicou ainda que a pessoa que for atacada por um escorpião deve, em primeirolugar lavar a região da picada com água e sabão e, na sequência, procurar uma ajuda médica. “O veneno costuma ter um efeito rápido e, em alguns casos, pode até matar”, explicou o profissional.