RELIGIÃO

Americana restaura a Matriz Velha

Imóvel erguido há 120 anos por imigrantes católicos precisa receber intervenções estruturais

Rogério Verzignasse
25/08/2018 às 19:40.
Atualizado em 22/04/2022 às 15:42
Matriz Velha de Americana, no começo do século passado, e hoje em dia: templo modesto, mas um símbolo fiel da história da cidade da RMC (Thomaz Marostegan)

Matriz Velha de Americana, no começo do século passado, e hoje em dia: templo modesto, mas um símbolo fiel da história da cidade da RMC (Thomaz Marostegan)

A comunidade católica de Americana, na Região Metropolitana de Campinas (RMC), se engaja no projeto que promete a revitalização completa da Matriz Velha de Santo Antônio. O imóvel começou a ser construído em 1897 por imigrantes italianos, que na época fixavam residência na vilinha que crescia ao redor da estação da antiga Companhia Paulista. O templo é modesto, praticamente uma capela. Mas é um símbolo fiel da história de Americana. A cidade nasceu da chegada de colonos norte-americanos que se estabeleceram na região na segunda metade do século 19, com incentivo do Império. Eram famílias protestantes. O catolicismo ganhou força, de fato, com a vinda das primeiras famílias migrantes italianas que, na região da Fazenda Salto Grande, substituíam a mão de obra escrava, na época em que a Abolição já era dada como certa. Foi a devoção a Santo Antônio que levou o grupo a erguer a igreja próxima da estação. O detalhe mais importante é que o templo se tornou a sede da primeira paróquia local, em 1900. Vinte e quatro anos antes, por exemplo, da então Villa Americana, que pertencia a Campinas, ser elevada a município. Mas a Matriz Velha perdeu importância a partir de 1950, quando a Igreja começou a construção da Matriz Nova, belíssima, o maior templo em estilo neoclássico do Brasil. Tão imponente que acabou recentemente transformado em santuário e elevado à Basílica por determinação do Vaticano. O novo status fez com que a paróquia “devolvesse” para a igreja velha o título de Matriz. O templo modesto, nas últimas décadas, chegou a ser usado apenas em celebrações intimistas, como batizados e casamentos. Agora ele resgata notoriedade. Motivo maior para a reforma. Lei Rouanet O padre Leandro Ricardo, reitor do santuário (e também responsável pela administração do patrimônio histórico), conseguiu aprovação para enquadrar a recuperação da igreja velha na Lei Rouanet. As obras foram orçadas em R$ 2,2 milhões. Mas a lei exige a arrecadação imediata de R$ 400 mil para início das intervenções.  O reitor sabe que o momento de crise econômica afasta empresários que, supostamente, se interessariam em financiar as obras. Mas ele segue otimista. Acredita que os próprios católicos, frequentadores das missas, não vão medir esforços para levantar recursos: cada um vai ajudar como puder, com quanto puder, pelo tempo que puder. Aliás, não foi diferente com a construção da luxuosa basílica. As obras se arrastaram por 27 anos. E foram finalizadas em grande estilo. O templo hoje exibe afrescos religiosos gigantescos, vitrais e lustres importados. Reforma O projeto de reforma da Matriz Velha de Americana foi elaborado por Juliana Binotti, a mesma profissional que fez a coordenação técnica da recente reforma do Santuário de Santo Antônio. Durante um ano, ela pesquisou informações sobre as características originais do pequeno templo (pinturas, detalhes dos altares, pisos e forro). Mas a maior parte do dinheiro arrecadado vai mesmo financiar a reforma estrutural do prédio, com a substituição das vigas de sustentação do telhado (ainda originais) e das instalações hidráulicas e elétricas. A situação é tão preocupante que a Defesa Civil interditou o prédio em 2016. Após a arrecadação do dinheiro necessário, a Igreja estima que as obras possam ser executadas rapidamente, algo em torno de três meses. 

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