Americana é a terceira cidade menos violenta. Por enquanto (u0002Divulgação)
A teoria de que a recessão tem impacto sobre a violência se confirma em Americana, terceira posição no ranking das cidades mais pacatas do País, de acordo com o levantamento do Ipea. O último ano avaliado pelo instituto foi 2015, mas os dados recentes da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) exibem um aumento nas estatísticas do crime. No ano passado, Americana registrou 2741 furtos, excluindo o de veículos. Em 2015, esse número foi menor: 2503. Da mesma maneira, não houve nenhum latrocínio em 2015, mas ano passado foram lavradas três ocorrências de roubo seguido de morte. Também no período de um ano, a taxa de estupros cresceu 42%. Somente não é possível avaliar os índices de homicídios porque a SSP inclui também vítimas de acidentes de trânsito nos mesmos registros, sem discriminá-los. Em Americana, a sensação de insegurança é testemunhada pelos moradores. O aposentado Fábio Muniz da Silva, que reside na cidade desde 2002, não sai mais de casa à noite. “A maré de tranquilidade já passou. Mesmo de dia está perigoso. Os meus parentes em Araçatuba dizem que lá também ficou perigoso”, destaca o morador da Vila Cordenonsi, dizendo que na semana passada um moça foi assaltada nas imediações do bairro. Para ele, a crise é o motivo para o aumento da violência na cidade. “O desemprego está absurdo. Acho que a violência está igual em todos os lugares”, diz o aposentado. A mesma opinião tem a dona de casa Maria Fernandes, que é viúva e mora sozinha. “Volta e meia você fala com alguém que foi assaltado. Acho que piorou de uns três anos pra cá”, comenta Maria, dizendo-se surpresa por Americana ser considerada uma das cidades mais pacatas do País. Entre os outros municípios da Região Metropolitana de Campinas, o estudo do Ipea coloca Valinhos no 15º lugar geral no ranking das cidades mais pacíficas, seguido de Itatiba (20º), Indaiatuba (35º), Campinas (61º) e Santa Bárbara D'Oeste (62º). Já Sumaré (68º) ficou uma posição atrás da cidade de São Paulo (67º). Para a SSP, os números refletem os resultados das políticas implementadas pelo governo. Entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios caiu 44,3% — a maior redução entre os estados brasileiros. Em segundo lugar está o Rio de Janeiro, com menos 36,4% assassinatos. Na outra ponta, todos os estados das regiões Norte e Nordeste apresentaram alta significativa nos números da violência, com exceção de Rondônia e Pernambuco, que registraram queda nos índices. De acordo com dados do Ministério da Saúde, somente em 2015 morreram 59.080 pessoas vítimas de homicídio no País, o que representa 28,9 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Os números mantém o Brasil entre os mais violentos das Américas, ficando atrás apenas de Honduras (103,9), Venezuela (57,6), Colômbia (43,9) e Guatemala (39,9). Entre as nações menos violentas estão Canadá (1,8), Chile (4,6) e Cuba, com 5 assassinatos a cada 100 mil habitantes. No período de 10 anos pesquisados, o incremento da taxa de homicídios no Brasil foi de 10,1%. Para o pesquisador do Ipea, a partir de 2023, a taxas de violência no País tendem a arrefecer, mas somente por uma questão demográfica. “O Brasil vai ter uma queda acentuada do número de jovens. Quanto menos jovens na população, menor é a tendência de crimes, principalmente em relação às ocorrências violentas, onde o jovem normalmente está envolvido”, esclarece Cerqueira.