PUC-CAMPINAS

Alunos protestam contra suspensão do Fies

Segundo a universidade, 250 alunos tentaram se inscrever por meio do programa em 2015, já os estudantes afirmam que foram 500

Luciana Félix
22/04/2015 às 21:29.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:49
Ao todo 60 alunos, de diversos cursos, reuniram-se no final da tarde desta quarta-feira (22) para protestar  (Camila Moreira/ AAN)

Ao todo 60 alunos, de diversos cursos, reuniram-se no final da tarde desta quarta-feira (22) para protestar (Camila Moreira/ AAN)

Alunos da Puc-Campinas se reuniram nesta quarta-feira (22) em frente ao prédio da reitoria para protestar contra a decisão da universidade em suspender novas contratações de financiamento estudantil pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do Ministério da Educação (MEC). A decisão atinge o primeiro semestre deste ano. O custeio é destinado para financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em instituições particulares. Segundo a universidade, 250 alunos tentaram se inscrever por meio do programa em 2015, já os estudantes afirmam que foram 500. A medida revoltou os alunos, a maioria calouros, que não têm como arcar com os custos da mensalidade sem o auxílio e, afirmaram que terão que abandonar seus cursos. Eles reclamam do alto valor das mensalidades, com cursos que chegam aos R$ 5 mil mensais.Ao todo 60 alunos, de diversos cursos, se reuniram no final da tarde, com apitos e cartazes, contra a medida. Dois pró-reitores, um de graduação e outro administrativo, deixaram o prédio para dialogar com os alunos. Eles se reuniram em uma sala onde conversaram, a portas fechadas, durante duas horas. Porém, a maior parte dos estudantes saiu insatisfeito e, alguns ainda chorando, após as informações passadas pela universidade, que não voltará atrás de sua decisão. "Nos ofereceram o cancelamento da matrícula, sem precisarmos pagar as mensalidade dos primeiros meses do ano, e para quem pagou, a universidade vai devolver o dinheiro. Mas não é isso que queremos. Precisamos de um apoio da universidade para continuarmos nossos estudos. E ela não está querendo fazer. O meu sonho virou pesadelo", afirmou a estudante de odontologia Pâmela Rocha, de 19 anos. O curso da estudante custa mensalmente R$ 3 mil, e a família não tem condições de arcar com o valor. Ela afirmou que irá abandonar a universidade. "Tinha certeza que conseguiria o financiamento. Sou a primeira universitaria da minha família. Estão acabando com nossos sonhos", disse.A Puc anunciou o fim do financiamento no final da semana passada. A universidade justifica a suspensão às dificuldades geradas pelo MEC e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), agente operador do programa, após a alteração de regras do financiamento estudantil.As novas regras do Fies entraram em vigor no dia 30 de março. Entra elas, destaca-se que as instituições particulares de Ensino Superior não podem aumentar as mensalidades acima do teto de 6,4%. E os novos contratos só poderão ser feitos para estudantes com nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Porém, no início do ano a Puc-Campinas reajustou as mensalidades em 9%, o que impede que novos financiamentos sejam feitos."Queremos que a PUC volte atrás e faça o reajuste de acordo com a decisão do governo para podermos continuar estudando. Mas ela se recusa. Disse que entrou com pedido de liminar contra os 6,4%, mas a decisão não sai antes do final do cadastramento do Fies que acontece até o próximo dia 30. Nos teremos nossos planos e sonhos destruídos", afirmou a estudante de artes visuais Grazieli Rodrigues, de 20 anos, que paga mensalmente R$ 1,5 mil.Alguns pais acompanharam o protesto e a conversa com a universidade. "Infelizmente não temos como arcar. É muito puxado. Esse ano acabou sendo perdido e não dará para continuar a estudar" , afirmou a dona de casa Mara Aparecida Azevedo que tem uma filha cursando o primeiro ano de engenharia ambiental.Apesar das negativas os estudantes prometem novos atos para que a universidade encontre saídas. "Temos direito ao estudo, não estamos pedindo nada de graça. Nos ofereceram uma bolsa de estudo que a renda per capital por integrante das famílias é muito alto e foge das possibilidades da maioria. Se estamos aqui é porque não temos condições", afirmou outra caloura Isabela Camacho de 18 anos.Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a PUC-Campinas se isenta do problema e justifica a suspensão às mudanças praticadas pelas novas regras do Fies.A decisão não atinge os alunos que já possuem o financiamento estudantil e não há prazo para o final das suspensões."Apesar dos esforços da PUC-Campinas e de outras instituições de Ensino Superior, reunidas em suas associações representativas - destacando-se o ajuizamento de ações, ainda em trâmite e sem decisão judicial definitiva -, as dificuldades geradas pelo MEC e FNDE permanecem sem solução, não havendo, ainda, prognóstico seguro em relação às regras aplicáveis ao Fies. A universidade, atuando, como sempre fez, de acordo com a lei, não tem nenhuma responsabilidade pelas dificuldades enfrentadas pelos alunos" , diz a nota, que não estipula um prazo para receber novas inscrições. "Esta decisão vigorará até que se tenha um cenário mais seguro em relação ao Fies, ante o qual seja possível um posicionamento institucional definitivo, atendendo, ao máximo, os direitos da comunidade universitária", acrescenta. A universidade diz, ainda, que outra opção aos estudantes é a Fundaplub, que também oferece oportunidade de financiamento.

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