Estudantes de unidade estadual pintaram obras de artistas como Bernardo Caro e José Pancetti
Alunos e professores da Escola Estadual Professor Luiz Gonzaga da Costa, na Avenida das Amoreiras, pintam muro; terceira etapa de projeto que começou em 2012 (César Rodrigues/ AAN)
O muro da Escola Estadual Professor Luiz Gonzaga da Costa, na Avenida das Amoreiras, em Campinas, era como uma enorme tela em branco. A parede chapiscada ganhou, aos poucos, as formas impressionistas e contemporâneas de renomados artistas campineiros, como Antônio Roseno de Lima, Alberto Teixeira, Bernardo Caro e José Pancetti. As releituras das obras foram feitas pelos estudantes da escola, e fazem parte de um projeto criado pelo pai de um aluno do 7º ano.
O Projeto Muro, como foi batizado pela escola, é uma oportunidade de renascimento para o local, marcado peça violência. Em 2012, foi executado em frente ao colégio o cabo da aeronáutica que fazia a segurança de um estabelecimento comercial no bairro. O fato chocou os alunos e amedrontou toda comunidade. “O projeto foi uma forma de dar vida à escola, e tirar o assassinato do imaginário das crianças e adolescentes. Agora, o colégio não vai ficar mais conhecido como o local da execução, mas sim o da galeria a céu aberto”, disse o artista plástico Paulo Duarte, pai do Paulo Henrique, e autor do programa.
A pintura do muro é a terceira parte do projeto, que começou no ano passado. Quando Duarte sugeriu a atividade em reunião, os professores viram na proposta a oportunidade de fazer um programa pedagógico mais amplo, para difundir o conceito de ética, valorização do patrimônio histórico e preservação do meio ambiente.
Primeiro, os alunos pesquisaram sobre temas que iam de voluntariado à economia de água. Os mais de 500 estudantes fizeram seminários e cartazes com desenhos sobre os assuntos. “Assim, nós conseguimos ver quais alunos tinham os melhores traços, a aptidão para a pintura, para a segunda fase do programa”, explicou o artista plástico.
Na etapa posterior, os adolescentes conheceram a obra dos artistas campineiros e escolheram suas telas favoritas para fazer a releitura. “Fizemos uma grande exposição dos trabalhos em novembro do ano passado, colocamos os 60 desenhos em um varal. Foi um sucesso. As crianças se envolverem para valer no projeto”, disse a coordenadora pedagógica da escola Márcia Moraes. Agora, os alunos finalizam, aos sábados e com a supervisão de pais e professores, a pintura das telas nos muros. “É emocionante ver o seu trabalho nessa proporção, no muro da escola, para todo mundo ver. Eu não conhecia nenhum dos pintores antes do projeto, mas agora respeito muito todos os artistas”, disse Isabela Aparecida Fuzetti, de 14 anos, enquanto reproduzia as formas geométricas de Alberto Teixeira na parede.
Apaixonada pelas artes, Maria Vitória Matias, de 12 anos, escolheu uma tela de José Pancetti para reproduzir. A imagem bucólica de uma mulher na praia lembra sua terra natal, a Bahia. “Adorei todas as telas dele, mas escolhi essa por causa do azul do mar e do vermelho do guarda-sol. Tenho dois cadernos repletos de desenhos meus. Mas nunca fiz algo tão bonito como no projeto”, disse.