Estudantes da Unicamp durante assembléia para discutirem a presença da PM dentro do campus ( Leandro Ferreira/AAN)
Ao menos 200 estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ocuparam, na noite desta quinta-feira (3), a reitoria da universidade contra a decisão de permitir a entrada da Polícia Militar (PM) para patrulhamento no campus. Eles quebraram vidros e arrombaram portas, além de picharem muros e paredes com frases que hostilizavam a presença da PM no campus. Os universitários também tamparam as janelas do prédio com panos escuros para evitar que a polícia e a imprensa vissem o que estava acontecendo no interior das salas. Alguns deles, encapuzados, chegaram a subir no telhado. Dois seguranças foram obrigados a abandonar uma das salas a mando dos ocupantes. Três viaturas da polícia acompanhavam a movimentação de longe, sem interferir.O delegado assistente da Delegacia Seccional de Campinas, Oswaldo Diez Junior, esteve no local para constatar a invasão e relatar os danos ao patrimônio público. Além disso, fez o registro para que a universidade entre com medida judicial cabível para reintegração de posse da reitoria. “Também já faço requerimento para a perícia ser feita no local. A polícia também irá tomar providências para identificar os autores dos danos ao prédio”, afirmou o delegado. O procurador geral da universidade também esteve no prédio e, na sequência, seguiu até o 1º Distrito Policial (DP) para o registro da ocorrência. Os estudantes afirmavam que passariam a noite no local. A reintegração de posse deve ser feita nesta sexta-feira (4). A invasão ocorreu após uma assembleia geral com cerca de 400 estudantes de vários cursos próximo ao Ciclo Básico. Eles afirmaram que a decisão da reitoria foi feita sem diálogo e qualquer consulta à comunidade acadêmica. Para eles a presença da PM no local é perigosa e opressora, além de gerar conflitos. Eles relataram que na última semana, quando começou a atuação da corporação no campus, já aconteceram casos de abordagens preconceituosas. “Eles abordaram negros, pobres e pessoas que não fazem parte da comunidade acadêmica”, afirmou Ligia Carrasco, que pertence a Assembleia Nacional de Estudantes — Livre (Anel). Os estudantes prometem entrar em greve.“A Unicamp foi oportunista usando a fatalidade que aconteceu com o Denis (morto à facada durante uma festa na universidade)”, disse Diana Nascimento, coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE).A autorização da PM no campus aconteceu após a morte do estudante Denis Papa Casagrande com um golpe de faca durante uma festa clandestina próximo ao Ciclo Básico. Após o assassinato, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ofereceu o patrulhamento com a tropa policial. A reitoria aceitou. Veja também Universidade vai à polícia para criminalizar evento Unicamp solicitou apuração sobre a venda de bebidas e "entrada forçada" Em coletiva, Unicamp admite que sabia de festa Universidade tinha conhecimento da festa, mas não conseguiu prever a dimensão do evento Após morte de estudante, Unicamp abre portas à PM Universidade define com Estado e polícia a atuação da corporação militar dentro do campus