Ato critica regras que levaram ao jubilamento de 720 universitários, que não alcançaram nota mínima
Grupo de estudantes protesta em frente à reitoria da Universidade Estadual de Campinas ( Rodrigo Zanotto/Especial para AAN)
Estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizaram nesta terça-feira (6) um protesto em frente à reitoria contra o jubilamento no final de julho de 720 universitários que não concluíram seus cursos no prazo estabelecido ou não alcançaram a pontuação mínima esperada para o período. A quantidade de desligamentos corresponde a 4% do número de matriculados. Segundo representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o comunicado foi feito por e-mail. Eles questionam a forma e os cálculos utilizados. Uma das regras é o Coeficiente de Progressão (CP), pela qual, afirma o DCE, a maior parte dos estudantes foi jubilada no dia 23 de julho.Ao todo, existem cinco regras de jubilamento na Unicamp, segundo o DCE. A que está sendo questionada é a por CP. Por meio dessa norma, o estudante está dentro do prazo máximo para concluir o curso, mas é desligado porque deveria ter alcançado uma porcentagem no semestre. Eles também protestam contra a grande quantidade de alunos dispensados. Em datas anteriores, ainda conforme o DCE, o número de jubilados não passava de 150. Ontem, durante reunião do Conselho Universitário (Consu), os estudantes se manifestaram exibindo faixas e cartazes e levaram uma pauta de reivindicações.Em nota, a Unicamp informou que as regras que tratam dos desligamentos constam do Regimento Geral dos Cursos de Graduação, que é de conhecimento dos estudantes. De acordo com o regimento, os alunos que se encontram nessa situação podem entrar com pedido de reconsideração que, se pertinente, será acolhido. Informou ainda que o número final de jubilamentos somente será consolidado após a análise de todos os pedidos de reconsideração. A universidade também diz que “mantém o diálogo aberto em todas as esferas da administração e que está permanentemente aperfeiçoando seus critérios de avaliação para adequá-los ao contexto atual”.O DCE sustenta que muitos alunos não sabem que têm o direito de recorrer. Além do fim do desligamento por CP, o órgão pede contratação de docentes e aumento do tempo de conclusão dos cursos. CríticasAluno de química e integrante do DCE, Gabriel Chaves, um dos jubilados, ingressou na Unicamp em 2009 e tinha tempo máximo para concluir o curso em 2014. “Tenho 12 disciplinas para concluir e consigo fazer isso até o final de 2014, mas com quatro anos e meio me expulsaram.” Chaves alega que concluiu 75% do curso — pelas regras, deveria ter concluído 85%.Os manifestantes alegam que a regra pressiona o aluno a fazer o curso rapidamente. Dizem também que o estudante muitas vezes deixa de atuar em pesquisas por isso. Rafael Leda está no 7 ano de engenharia mecânica e teria até o fim do ano para concluir o curso. Como vão restar três disciplinas para cursar em 2014, e mais o trabalho de conclusão de curso, foi jubilado. “Tenho um semestre de trancamento, estou com sérios problemas familiares. Tem matéria no meu curso com 72% de reprovação. Não se trata de falta de dedicação, mas nada disso é levado em conta”, diz o estudante, que já recorreu da decisão.