Prefeito de Campinas terá função importante em campanha eleitoral
Logo atrás de Marina e Campos, Jonas aplaude a oficialização da aliança em evento convocado pelo PSB (Pedro França/Futura Press)
O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), será um dos principais cabos eleitorais de Eduardo Campos, pré-candidato a presidente da República pelo PSB, que teve sua imagem destacada em todo o País no último fim de semana com a filiação da ex-senadora Marina Silva, vislumbrada como vice na chapa. Campinas, a maior cidade do Estado de São Paulo administrada pelo PSB, deverá ser usada de forma estratégica pelo partido para fortalecer a candidatura de Campos na região Sudeste, onde ele é pouco conhecido. O pessebista é governador de Pernambuco.Jonas tem relação próxima com a cúpula do PSB e compõe a Executiva nacional do partido. No sábado, ele foi chamado às pressas para acompanhar o anúncio de Marina, que surpreendeu o meio político. Segundo o próprio Jonas, ele recebeu uma ligação de Campos na noite de sexta-feira, que o alertou sobre a possibilidade de a aliança ser oficializada no dia seguinte. A confirmação veio no sábado de manhã, quando o prefeito participava da inauguração de uma creche no DIC 4, periferia da cidade, e recebeu um bilhete de um assessor falando sobre a necessidade de ir até Brasília. O prefeito pegou o voo imediatamente e apareceu ao lado das principais figuras da negociação — Campos e Marina — na imprensa nacional. No mês passado, quando o PSB anunciou seu rompimento com o governo Dilma Rousseff entregando ministérios, Jonas também esteve presente no Distrito Federal.O prefeito evitou falar sobre a sua participação no processo eleitoral do ano que vem, mas admitiu que Campinas tem papel importante. “Campinas é uma das cidades mais importantes de todo esse processo, sempre foi na história da política, mas neste momento, meu compromisso é como prefeito”, disse.O presidente do diretório estadual do PSB e deputado federal, Marcio França, disse que o partido tem pesquisas que comprovam alto índice de aprovação do governo Jonas em Campinas — ele também já foi deputado federal. França atestou que o prefeito será um dos principais cabos eleitorais de Campos principalmente pela sua boa aceitação na periferia. “Campinas é uma cidade que tem porte e poderá ser usada como uma referência de gestão para o Brasil”, disse.Apesar de estratégico, o apoio de Jonas a Campos poderá comprometer a sua relação com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), caso ele seja reeleito. Principalmente porque o governador de Pernambuco sairá em disputa contra o PSDB, que tem como pré-candidato o mineiro Aécio Neves.O professor de ciências políticas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Valeriano Costa avaliou que Jonas poderá estar em uma saia justa no ano que vem diante desse xadrez político. Embora PSDB e PSB componham a oposição ao governo de Dilma, agora, com o apoio de Marina, Campos passou a vislumbrar o segundo turno e deverá disputar votos com Aécio. “É óbvio que Campinas será usada nesse processo político, mas o fato é que Campos conseguiu potencializar a sua candidatura. Jonas vai ficar entre os dois grupos, entre o PSB e PSDB. O Alckmin, se ele ganhar a eleição, é fundamental para Jonas, em sua gestão como prefeito, mas sua relação pode ficar comprometida depois das eleições.”O deputado Marcio França aposta que não haverá problemas. Para ele, a disputa entre os partidos é válida até o dia da eleição e, depois disso, as alianças podem ser consolidadas novamente. “Além disso, a previsão é que o PSB esteja apoiando Alckmin”, disse. O tucano deverá enfrentar o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT).Desde que foi eleito prefeito, Jonas mantém discurso de uma boa relação com o PT e PSDB. Apesar de ser aliado do PSDB e ter como vice-prefeito o tucano Henrique Magalhães Teixeira, insiste em manter discurso de proximidade com o governo federal. Em sua administração, tentou apoio do PT nomeando petistas para o alto escalão e outros setores do governo, mas sua estratégia não surtiu efeito. Os diretórios municipais e estaduais expulsaram os “infiéis”. AliançaJonas comemorou a aliança entre o PSB e Marina. Disse que, embora soubesse que interlocutores de seu partido tivessem procurado a ex-senadora, que tentava criar a Rede Sustentabilidade, foi pego de surpresa com a confirmação de sua filiação. Ele descarta, neste momento, a possibilidade de Campos deixar a candidatura a presidente para que Marina encabece a chapa. “Essa foi uma das preocupações do governador (Eduardo Campos). Na política, as coisas têm de ser muito bem conversadas. Eu também tive essa dúvida, mas ela (Marina) deixou muito claro”, disse o prefeito.O líder do PSB na Câmara de Campinas, Antônio Flores, afirma que a chegada da ex-senadora Marina Silva ao partido não muda a estratégia de manter o apoio a Dilma Rousseff, pelo menos até o final do ano. “A Marina é um grande ganho para o PSB”, disse. Para Flores, o partido terá candidatura própria de políticos — no caso de Campos — que nunca fizeram oposição radical à presidente, da mesma forma que o PT não radicalizou contra o PSB. No âmbito estadual, Jonas mantém um bom relacionamento com o PSDB, inclusive com várias visitas do governador Geraldo Alckmin à cidade, na avaliação do vereador.O presidente do diretório do PT em Campinas, Ari Fernandes, critica a postura de Jonas de manter discurso de boa relação tanto com o PSDB quanto com o PT. Segundo ele, o fato de o PSB formar uma coligação, agora com Marina, que seja catalisadora de votos na disputa para a Presidência, “joga por terra o discurso de palanque feito pelo prefeito ano passado”. Jonas declarava fidelidade ao governo federal. Já no ano passado, lembra Fernandes, o PSB sinalizava divergências de interesses e o apoio na disputa de 2014 contra Dilma, confirmadas agora, pondo o PSB e PT em campos opostos.Para o ex-vereador e presidente da Sanasa, Arly de Lara Romêo, a ida de Marina para o PSB fortalece a candidatura de Campos. Segundo ele, Campinas vai participar ativamente da disputa, em razão do prefeito ser uma figura expressiva na liderança política. “O Jonas é da nova safra de políticos e traz responsabilidade na bagagem”, disse. 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