TECNOLOGIA

Algoritmo segue rota aérea do vírus

Professor e pesquisador da Unicamp integram projeto vencedor de concurso

Da Agência Anhanguera
30/12/2020 às 09:15.
Atualizado em 22/03/2022 às 14:15
Iniciativa é examinar a relação entre o movimento de aviões e a doença (Divulgação/Unicamp )

Iniciativa é examinar a relação entre o movimento de aviões e a doença (Divulgação/Unicamp )

Um pesquisador e um professor licenciado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) integram equipe internacional que desenvolveu algoritmo para o monitoramento de aeroportos por satélites durante a pandemia da Covid-19. O projeto está entre os vencedores de um concurso promovido pela Agência Espacial Europeia (European Space Agency - ESA).

Um dos focos da iniciativa é examinar a relação entre o movimento de aviões pelo continente e o número de casos da doença detectados na região para oferecer indicadores importantes tanto para evitar a propagação do vírus, quanto para o estímulo das economias desses países. Os projetos deveriam ter como foco uma das três áreas indicadas pela ESA: monitoramento de atividades econômicas, movimentação de pessoas ou ainda atividades agrícolas.

O time é formado por: Allan da Silva Pinto, pós-doutorando da Unicamp; Maurício Pamplona Segundo, Cole Hill e Sudeep Sarkar, da Universidade do Sul da Flórida (USF), nos Estados Unidos; Rodrigo Minetto, da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR); e Ricardo da Silva Torres, professor licenciado da Unicamp e atual membro da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega (NTNU).

Para o desenvolvimento, foram disponibilizadas imagens do satélite Sentinel-2, ferramentas e materiais de apoio fornecidos pela Agência Espacial. A proposta do grupo foi então analisar a movimentação de voos nos 30 aeroportos mais movimentados da Europa, em 18 países, e detectar quando a pandemia do coronavírus passou a se refletir no tráfego de aeronaves.

Movimentação

Para que fosse possível a identificação do momento em que a pandemia afetou de forma significativa a movimentação nos aeroportos, Allan explica que o grupo reuniu dados fornecidos pelo satélite em uma série temporal mais longa, de 2015 até outubro de 2020. Isso foi necessário porque a região já apresenta uma redução no número de voos durante o período de inverno, por conta da neve que se acumula nos aeroportos. Assim, o algoritmo criado foi capaz de traçar a curva de voos durante esse longo prazo e estabelecer quando essa queda ocorreu de forma abrupta, indicando o fechamento.

Cada uma das imagens do satélite que foram utilizadas abrange uma área de aproximadamente 6 mil km², o equivalente a 840 mil campos de futebol. Elas permitiram a observação dessas regiões próximas dos aeroportos e a detecção de aviões em voo graças ao efeito de paralaxe resultante da movimentação do satélite e dos aviões. As curvas obtidas pelo algoritmo mostram o início da interrupção nas atividades aeroportuárias em fevereiro de 2020, chegando ao menor patamar nos meses de abril e maio. Conforme o número de casos da covid-19 diminuiu no continente no fim do primeiro semestre, acompanhado do período de férias de verão na Europa, foi possível identificar a retomada da movimentação em alguns aeroportos.

Como o monitoramento foi realizado até outubro, com base em dados de setembro, o grupo não conseguiu identificar efeitos da segunda onda da pandemia no continente. No entanto, eles observam que a correspondência entre a curva de casos e de movimentação nos aeroportos pode auxiliar no controle da pandemia e no incentivo a setores econômicos do continente.

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