Vegetação nas margens de nascentes e ao longo dos córregos e rios é vital para vida dos rios
A crise hídrica nas regiões de São Paulo e Campinas é consequência da falta de chuva, mas principalmente, da ausência de mata ciliar nas áreas de nascentes e ao longo dos córregos e rios. Cálculo do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) indica que há um déficit de 200 milhões de árvores nas bacias. Sem um investimento forte na recomposição ciliar, a produção de água está ameaçada e coloca em risco a economia e o abastecimento de 15 milhões de pessoas que vivem nos 62 municípios da área de drenagem das bacias PCJ e em metade da Região Metropolitana de São Paulo.O agravante, disse o coordenador do Programa de Proteção dos Mananciais do consórcio, Guilherme Valarini, é que não existem mudas suficientes para reduzir o déficit, apesar dos esforços que vêm sendo feitos. “É preciso um investimento forte para recuperar os anos em que as nascentes e os cursos de água ficaram abandonados”, afirmou. Segundo ele, cada hectare de mata consegue infiltrar 3 milhões de litros de água, e isso faz uma diferença grande na garantia do abastecimento.As matas ciliares funcionam como um filtro natural. Seguram a terra, os agroquímicos e adubos que na sua ausência acabam nos mananciais. Essas matas também funcionam como grandes esponjas que absorvem a água quando chove e vão soltando-a lentamente nos mananciais durante vários dias. Parte dessa água retida vai para o lençol freático que abastece as nascentes, bicas e poços. A água precisa de tempo para penetrar no chão e chegar no lençol freático. Sem a mata ciliar, a água corre por cima da terra em grande velocidade e chega rapidamente ao rio, causando as enxurradas e enchentes.O Consórcio PCJ, desde 1991, incentiva e promove ações e iniciativas de recuperação de matas ciliares com a intenção de garantir a preservação dos recursos hídricos nas bacias PCJ. Por meio do seu Programa de Proteção aos Mananciais, a entidade já plantou cerca de 4 milhões de árvores e ajudou a recuperar mais de 2,4 mil hectares de matas ciliares. Os proprietários rurais que participam do programa recebem apoio e suporte para a área recuperada por dois anos do Consórcio PCJ quando, então, as mudas já estão aptas a prosseguirem seu desenvolvimento sozinhas.O programa de proteção do Consórcio PCJ tem procurado estimular as prefeituras a terem viveiros próprios para produção de mudas e o esforço vem dado resultado, embora ainda tímido. Em 2007, informou Valarini, existiam sete viveiros parceiros do programa e hoje são 17, que propiciam um aumento na produção, mas ainda pequena e que não consegue atender a demanda. “A procura aumentou muito por conta das exigências da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) nos licenciamentos ambientais, que tem exigido compensações em reflorestamento. Toda obra de impacto é revertida em mudas”, disse.