Campinas e RMC

Álcool integra "kit morte" no trânsito

Em 2020, 16 condutores de veículos embriagados morreram em acidentes nas ruas de Campinas

Gilson Rei/ Correio Popular
13/05/2021 às 10:30.
Atualizado em 15/03/2022 às 20:09
Em 2020, motociclistas representaram 43,8% das vítimas fatais do trânsito de Campinas que consumiram álcool antes de se envolverem em acidentes (Diogo Zacarias/Correio Popular)

Em 2020, motociclistas representaram 43,8% das vítimas fatais do trânsito de Campinas que consumiram álcool antes de se envolverem em acidentes (Diogo Zacarias/Correio Popular)

Mesmo com os bares e restaurantes fechados na pandemia em 2020, o trânsito de Campinas registrou 16 mortes de condutores alcoolizados no período, número que representa 48,5% do total de 33 vítimas fatais submetidas a testes de teor alcoólico na cidade. Estima-se que o número de motoristas embriagados que perderam a vida nas vias da cidade seja o dobro do constatado, pois os testes de alcoolemia foram realizados em apenas 57% das ocorrências em geral. Os motociclistas tiveram a maior participação dentre as vítimas fatais que haviam consumido álcool: 43,8%.

Os dados integram o "Caderno de Acidentalidade no Trânsito em Campinas 2020", divulgado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). O levantamento revela que os motoristas "flexibilizaram" o respeito às regras na condução de seus veículos durante a pandemia. Ayrton Camargo, diretor-presidente da Emdec, explicou que o trânsito ficou mais livre na pandemia, deixando as ruas e avenidas com menor circulação de veículos. "Com isso, foi constatado um aumento no desrespeito às regras de trânsito de uma maneira geral. Desde a condução de veículos após o consumo de álcool, até a falta de cinto de segurança e o desrespeito ao limite de velocidade", disse.

Segundo Camargo, os dados de acidentes mostram que 60% dos ocupantes dos veículos não utilizaram o cinto de segurança; 23% circularam com velocidade acima do permitido; 21% consumiram bebida alcoólica; e 15% não respeitaram a sinalização ou as regras. "Estes fatores formaram o kit morte no trânsito nesta pandemia", comentou. O dirigente da Emdec lembrou também que houve imprudência por parte dos pedestres. "O desrespeito à faixa de pedestres, travessia com sinal vermelho, travessia em local impróprio e consumo de bebida alcoólica foram também atitudes que aumentaram as estatísticas", disse.

Álcool

No ano de 2020, um total de 61 pessoas morreram em acidentes na malha urbana de Campinas. Parte destas vítimas fatais (35) foi submetida a exames de alcoolemia pelo Instituto Médico Legal (IML) ou constatada a presença do álcool em seus organismos por médicos de socorristas no momento do atendimento. Dentre as 35 vítimas fatais testadas, duas eram passageiras (uma de automóvel e a outra de motocicleta).

Assim, os dados sobre alcoolemia são referentes a 33 pessoas envolvidas diretamente em acidentes de trânsito, considerando que os passageiros não têm influência na condução dos veículos. Das 33 vítimas, 16 estavam alcoolizadas, chegando ao índice de 48,5% das mortes testadas. Do total de registro de alcoolemia, 44% eram motociclistas, 31% condutores dos demais veículos; e 25% pedestres. Do total de casos de alcoolemia, 56% das vítimas tinham entre 30 e 59 anos de idade; e 94% dos casos ocorreram à noite ou na madrugada. Além disso, 75% dos casos ocorreram entre sexta-feira e domingo.

Estatísticas

O número de vítimas fatais na malha urbana do município, que vinha em queda desde 2018, apresentou um aumento de 1,7% entre os anos de 2019 e 2020. Enquanto foram contabilizadas 60 mortes em 2019, no ano passado foram 61. Um dado que chamou a atenção foi o aumento significativo (61,5%) de pedestres mortos por atropelamento - foram 13 vítimas fatais em 2019 e 21 no ano passado.

O Observatório Municipal de Trânsito/Vida no Trânsito avaliou dois fatores principais que contribuíram para o aumento dos atropelamentos: atitudes imprudentes do pedestre, destacando o desrespeito à faixa de pedestres; a travessia no sinal vermelho; a travessia em local impróprio; e também o consumo de álcool.

Outro número impactante foi quanto aos acidentes com ciclistas, que registrou um aumento de 200% nas mortes, passando de duas vítimas em 2019 para seis em 2020, representando 10% dos acidentes fatais em geral. Por outro lado, houve em 2020 uma queda de 25% nas vítimas ocupantes de motocicletas, passando de 32 mortes, em 2019, para 24 ocorrências fatais no passado.

Embora em queda, os acidentes com motocicletas tiveram a maior participação no total das vítimas fatais, representando 39,3%. As vias que mais registraram acidentes fatais foram a Av. John Boyd Dunlop, Av. Pres. Juscelino e a Av. das Amoreiras. Já as vias que mais registraram atropelamentos foram a Av. John Boyd Dunlop e a Av. Ruy Rodriguez.

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