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Álcool fica em média R$ 0,10 mais caro em Campinas

Depois de sentir no bolso o peso do reajuste da gasolina, motoristas terão que suportar mais um aumento

Adriana Leite
19/02/2013 às 07:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:02
Reajuste do álcool chega a dez centavos nas bombas (Elcio Alves)

Reajuste do álcool chega a dez centavos nas bombas (Elcio Alves)

Depois de sentir no bolso o peso do reajuste da gasolina, os motoristas de Campinas agora terão que suportar mais um aumento: o do álcool.

No último final de semana, várias revendas, principalmente as instaladas na área central e na Avenida José de Souza Campos (Norte-Sul), acrescentaram R$ 0,10 ao preço do litro do combustível, que chegou em muitos estabelecimento a praticamente R$ 2 (R$ 1,999)

Os proprietários garantem que apenas repassaram o reajuste que veio das distribuidoras. No campo, o álcool apresentou uma elevação de 8,2% entre 18 de janeiro e 15 de fevereiro, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a análise de mercado realizada pela instituição, o litro do etanol hidratado saia na usina por R$1,1402 em 18 de janeiro, sem considerar frete ou impostos. No último dia 15, o preço já estava em R$ 1,2338.

A volatilidade do valor nessa época do ano, quando ocorre a entressafra na lavoura, é considerada normal pelos especialistas. Conforme avaliação de técnicos do Cepea, a subida no campo no início de 2012 segue o nível de anos anteriores.

Mas por mais normal que seja, quem abastece com o combustível se diz cansado do vaivém dos preços nas bombas. Os consumidores reclamaram que é impossível fazer um planejamento mensal que consiga definir o valor que será gasto com álcool.

Com a alta da gasolina no começo deste mês, muita gente resolveu migrar para o álcool, que apresentava uma boa vantagem. Apresentava: o reajuste de R$ 0,10 acabou com qualquer chance do consumidor economizar.

Os donos de postos de combustíveis dizem que ficam numa posição incômoda: como eles estão na ponta final do comércio do produto, têm que conviver com a desconfiança dos motoristas.

“Os consumidores sempre olham para as revendas como se fôssemos os vilões desses aumentos. Mas nós simplesmente repassamos o valor que vem na nota fiscal das distribuidoras. Eu, por exemplo, recebi o álcool com preço novo na sexta-feira passada, mas ainda hoje (ontem) estou vendendo com o preço antigo, esperando alguma movimentação do mercado da região”, disse o gerente do Posto Piçarrão, Gean Francisco Tagliari.

Ele comentou que também houve uma alteração no custo da gasolina, que tem uma mistura de 20% de etanol anidro, e do diesel, que recebe uma parte de biodiesel."Houve alta no valor desses dois ombustíveis também, mas de apenas alguns centavos, e deu para absorver no nosso custo, sem repassar ao consumidor”.

O gerente do Posto Guarani US, Paulo Donadel, afirmou que a revenda aplicou no preço do litro o reajuste que estava na nota da distribuidora. “O etanol estava com preço defasado e no mercado já havia sinais de que o combustível teria um reajuste. As usinas estão na entressafra”, comentou.

O posto comercializava o álcool hidratado ontem por R$ 1,999. Donadel ressaltou que o motorista já se acostumou a fazer o cálculo se vale mais a pena encher o tanque com o etanol ou a gasolina. “Houve uma alta na venda de álcool depois que a gasolina subiu no início deste mês”, disse.

O proprietário do Auto Posto Cazzonatto, Antônio Cazzonatto, afirmou que o etanol vem apresentando elevações de preços nas distribuidoras há várias semanas. “O mercado é extremamente competitivo. A margem de lucro dos postos vem caindo ano a ano. Já recebi álcool com preço mais alto, mas ainda não repassei para o valor nas bombas. Mas não vou ter como segurar: vou ter que aumentar na bomba”, disse. Até ontem, o litro do álcool no posto de Cazzonatto era vendido por R$ 1,877.

O presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, comentou que no mês de fevereiro houve uma alta de quase 6% no custo do produto nas usinas, conforme dados do Cepea. "Os reajustes na lavoura devem estar gradativamente chegando nos postos. É natural que as distribuidoras repassem para as revendas o aumento que vem das usinas. A subida nessa época é normal, pois estamos na entressafra", disse

A Unica, entidade que representa a indústria canavieira, emitiu nota listando os fatores que causaram o aumento do álcool, com destaque para a entressafra. A Unica lembrou ainda que que os preços finais pagos pelo consumidor ao abastecer “também dependem de outros integrantes da cadeia, como distribuidoras e postos”, e concluiu garantindo que não haverá problemas de falta de álcool até a chegada da próxima safra, em abril.

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