CRISE HÍDRICA

Água de reúso substitui a tratada no Corpo de Bombeiros

Quatro reservatórios com capacidade de 15 mil a 20 mil litros serão construídos pela Sanasa

Maria Teresa Costa
13/05/2014 às 20:27.
Atualizado em 26/04/2022 às 23:50

Quatro reservatórios com capacidade de 15 mil a 20 mil litros serão construídos pela Sociedade de Abastecimento e Saneamento (Sanasa) nas unidades do Corpo de Bombeiros para armazenar água de reúso em substituição à água tratada que é utilizada pela corporação no combate a incêndio e nas atividades de rotina dos quartéis. Ainda esta semana, informou o presidente da Sanasa, Arly de Lara Romêo, será assinado o acordo envolvendo a empresa, a Prefeitura e a Secretaria de Segurança.O consumo dos bombeiros não foi informado, mas segundo a Sanasa, é alto e a conta de água da corporação é paga pela Prefeitura. “Com a água de reúso, a Prefeitura vai economizar e haverá redução do consumo da água tratada”, disse Romêo. Atualmente a Prefeitura já aproveita a água de reúso nas praças, canteiros centrais, na limpeza de ruas e outras atividades. Um convênio com o Aeroporto Internacional de Viracopos será assinado para que o terminal aeroportuário possa receber também essa água.A substituição da água tratada pela de reúso é parte de um programa com dez ações, que o prefeito Jonas Donizette (PSB) vai lançar nos próximos dias para reduzir o consumo da população e incentivar o uso racional dos recursos hídricos. A adoção de bônus para quem economizar água é uma das medidas em estudo para os grandes consumidores.A água de reúso é resultado do tratamento de esgoto feito na Estação de Produção de Água de Reúso (Epar). O sistema usa tecnologia de membranas filtrantes que remove nutrientes que normalmente não são retirados nos tratamentos anteriores, além de matéria orgânica, sólidos suspensos e patogênicos em um grau ainda maior que no tratamento secundário, produzindo uma água, segundo a Sanasa, com elevado grau de pureza (99,5%), compatível com a qualidade necessária da água para uso industrial.O tratamento terciário é prática usual em nações desenvolvidas, altamente industrializadas e com escassos recursos hídricos como, por exemplo, a Holanda e Israel, nos quais a adoção de sofisticadas estações de tratamento de esgotos é econômica porque viabiliza o uso do recurso hídrico para outros fins. Nos países em desenvolvimento, entretanto, existe uma outra realidade. No terceiro mundo, de modo geral, 86% da população rural não têm sistemas de tratamento de água e 92% não possuem disposição dos excretas; somente 28% da população urbana beneficiam-se de abastecimento de água e 29% não usufruem de qualquer tipo de saneamento.Com a produção de água de reúso, Campinas poderá socorrer empresas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) que estão com as outorgas de captação de água no limite. Além da água de reúso, a estação também tratará o lodo do esgoto para ser utilizado como adubo. De cada 10 mil litros de efluentes que entram nas estações de tratamento, um litro é composto de material orgânico que, após o processamento, gera uma pasta — o lodo — que pode substituir parcial ou totalmente o adubo químico. Atualmente, o lodo de esgoto é depositado pela Sanasa, depois de tratado, no aterro de Paulínia, com um custo anual de R$ 3 milhões.

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