VIOLÊNCIA

Agressão a mulher tem 16 denúncias por dia na RMC

Número é relativo às ligações feitas ao serviço 180 no primeiro semestre

Luciana Félix
14/09/2013 às 08:18.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:01
Rosângela Rigo, da secretaria nacional, fala sobre os dados na Câmara ( Dominique Torquato/AAN)

Rosângela Rigo, da secretaria nacional, fala sobre os dados na Câmara ( Dominique Torquato/AAN)

O telefone 180, que acolhe denúncias de violência contra a mulher em todo Brasil, recebe uma média de 16 ligações por dia de casos que ocorreram na Região Metropolitana de Campinas (RMC). O dado é relativo ao primeiro semestre deste ano (janeiro a junho). Não há dados regionais anteriores para comparação. Ao todo, foram 2,9 mil chamadas à Central de Atendimento à Mulher no período.Campinas é o município com mais casos. Foram 2.066 registros (quase 60%), seguido por Hortolândia, com 195 telefonemas; e Sumaré, 191. Holambra e Santa Bárbara d’Oeste não tiveram nenhuma denúncia. O levantamento leva em conta telefonemas reais. Foram descartados trotes e informações falsas. Pelo serviço, as vítimas são orientadas a como recorrer à polícia num caso de violência.O levantamento foi feito pela Secretaria de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), do governo federal. Ele apontou também quais são os tipos de violência mais frequentes denunciados pelas ligações. A violência física lidera com a maioria absoluta (55%) na estatística na RMC. Ontem, a Polícia Civil de Campinas prendeu o pedreiro Tiago da Silva, de 25 anos, assassino confesso da namorada Inaiara da Silva Xavier, de 25 anos. O crime ocorreu na semana passada no Jardim Campo Belo 2 e foi motivado por ciúmes. Ele a matou a pedradas.A violência psicológica foi denunciada por 29% das mulheres que ligaram pedindo ajuda. E, a moral, teve 10% das ligações. Ainda segundo os dados, 83,8% dos telefonemas indicam que a vítima tinha uma relação afetiva com o agressor, que é uma pessoa próxima. Já 10% têm envolvimento familiar (pai, irmão, cunhado, entre outros) com o agressor.Os números foram apresentados ontem pela secretária adjunta da SPM, Rosângela Rigo. Ela participou de um debate sobre políticas públicas para mulheres na Câmara de Campinas. A secretária anunciou que o “Ligue 180” vai deixar, até o final do ano, de ser um serviço de orientação e encaminhamento de mulheres vítimas da violência e passará a atuar como um “disque-denúncia”, tendo conexão direta com a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Com isso, ganhamos agilidade na busca pelo atendimento e acolhimento. A mulher violentada deixará de ligar para a PM e passar, novamente, por todo aquele processo doloroso. Nós faremos isso por ela. Além disso, conseguiremos instaurar um número maior de medidas de proteção por meio da Lei Maria da Penha”, afirmou.A secretária considera que os números divulgados pelo levantamento ainda estão abaixo da realidade. “Os números da violência real são muito maiores. Por isso é necessário divulgar esse número. Com ele conseguimos atuar melhor. Até cárcere privado e tráfico de pessoas conseguimos detectar por meio desse serviço. Este ano, junto com a Polícia Federal, duas quadrilhas de tráfico de mulheres foram desmanteladas na Espanha. Por isso é tão importante divulgar. Isso é papel do município”, afirmou.O vereador Carlão do PT, organizador do debate na Câmara, afirmou que vai propor que a Prefeitura realize uma campanha publicitária de divulgação do “Ligue 180”. Ele afirmou que vai estudar a possibilidade de formalizar a proposta por meio de projeto de lei. ConvênioNa RMC somente o município de Hortolândia mantém convênio com a secretaria nacional. Campinas deixou de ter em 2010. “Está disponível e é acessível a todos os municípios, desde que atendidos os pré-requisitos e que não estejam inadimplentes com o governo federal. As cidades é que apresentam os projetos.” No Estado de São Paulo, o investimento da SPM foi de R$ 10 milhões entre 2010 e 2012.

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