MAUS-TRATOS

Agressão a criança revolta vizinha no Flamboyant

Moradora que não quis se identificar reprova os métodos da madrasta de "educar" o enteado

Raquel Valli/ Correio Popular
11/02/2021 às 12:51.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:15
Comunidade do Buraco do Sapo que fica ao lado do bairro Jardim Flamboyant, onde aconteceu a den?ncia de maus-tratos (Kam? Ribeiro/ Correio Popular )

Comunidade do Buraco do Sapo que fica ao lado do bairro Jardim Flamboyant, onde aconteceu a den?ncia de maus-tratos (Kam? Ribeiro/ Correio Popular )

Uma moradora do Jardim Flamboyant, de Campinas, que prefere ter a identidade preservada, está indignada com o caso do menino de 12 anos, que morava no bairro e que foi recolhido a um abrigo depois de denúncias de maus-tratos. De acordo com o menino, ele apanhava e era amarrado pela madrasta, com uma corda branca.

Maus-tratos na família atingem sete crianças

"Moro há 21 anos no bairro, e há muitos anos eu não via isso aqui", declara a moradora. "Pelo que observei, ele é uma criança arteira, mas não justifica a madrasta bater nele. Uma criança tem o direito de ser criança, e, no meu entendimento, há outros modos de educar. Bater é supererrado".

A moradora afirmou que o menino é pequeno, apesar de ter 12 anos, e que ela o pegou no colo e conversou com ele. "Ele me contou que morava na casa da madrinha, mas que veio passear na casa do pai, mas que o pai não o deixou ir embora. Disse que não tem chinelo porque a madastra o cortou, e que ganhou da madrinha um celular de aniversário, mas que tiraram o chip dele".

Ainda de acordo com a moradora, o menino vendia bala em um semáforo, mas por sua própria vontade, porque não havia necessidade de fazê-lo. "Mas toda essa história é muito, muito triste", acrescentou.

Denúncia

Na terça-feira, os moradores do bairro ouviram o menino gritar por socorro. Foram até a casa dele, e pediram para que a madrasta o deixasse sair. A criança foi então recolhida na casa de uma vizinha, apresentando arranhões e um galo na cabeça. A polícia foi chamada pelo 190, e levou o garoto à 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (1ª DDM), no Jardim Proença 1. De lá, ele foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).

A madrasta nega as acusações, mas admite que brigou com o enteado, porque o menino insistia em ficar brincando na rua, ao invés de fazer os deveres de casa. Ela confirmou que tinha uma corda e que realmente ameaçou amarrá-lo caso ele não voltasse para fazer a lição. Disse que nunca maltratou o menino, mas que sua intenção, segundo ela, era apenas educá-lo.

De acordo com o boletim de ocorrência, a madrasta mostrou aos policiais onde ficava a corda, e afirmou ter sido mordida na coxa pelo menino. Entretanto, não mostrou a lesão aos PMs.

Ainda segundo a madrasta, a criança é muito desobediente e dá muito trabalho nas questões escolares. Não gosta de fazer as tarefas e não assume responsabilidades escolares. Em relação às lesões do menino, afirmou que são o resultado do embate quando ele a mordeu.

Outro fato que também causou indignação esta semana, e que ocorreu no mesmo dia do caso do Jardim Flamboyant, foi o da ocorrência atendida pela Guarda Municipal em um condomínio no Jardim Santa Cruz, compreendendo seis crianças, com denúncia de negligência e possíveis maus-tratos.

A mãe dos seis garotos é usuária de álcool e de drogas, e o estado do apartamento onde as crianças moravam chocou o comandante da Guarda de Campinas, Márcio Frizarin. "Na residência, havia muita lata de bebida, insetos, muita bagunça, sujeira, muito lixo: comida estragada, azeda, com fralda suja misturada à comida", afirmou o comandante da Guarda, inspetor Márcio Frizarin. "Infelizmente, essas crianças não eram cuidadas pela mãe e pelo pai".

Ainda de acordo com o guarda, "a equipe chegou ao local e constatou, de fato, que a residência não possui qualquer condição humana de higiene para mantê-las lá".

Das seis, cinco foram recolhidas pelo Conselho Tutelar, a outra, mais velha, ficou aos cuidados da tia materna. Um bebê de 1 ano, dois gêmeos de 4, um menino de 6 e um de 9 foram encaminhados a um abrigo. Já o de 13, ficou com a tia, com quem já morava.

A denúncia foi anônima e chegou por uma ligação feita ao telefone 153, da Guarda Municipal. 

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